[ Julie ]
Por mais que estivesse abandonando minha responsabilidade de vigilância, confiava nos meninos.
Depois da cena que acabará de presenciar fico no dever de ajudar a garota que eu tinha certeza que era a amiga da Carol.
Levo a mesma até minha casa e providencio um algodão e água.
— Não repara. Sou pobre._digo acendendo a luz da sala.
— E...eu também._diz ela reparando cada canto.
— Não. Não é! Você é amiga da Carol. Eu conheço ela a anos.
— Sério?
— Sim. Ela está sempre por aqui. Promoveu muita coisa boa aqui dentro da comunidade também.
— Não sabia disso.
— Quando fazemos uma boa ação, não precisa ser espalhada. E muito menos ir em mídia pública.
Me sento na cadeira em sua frente e molho o algodão com água.
— Licença. Pra sermos rápidas. Preciso voltar._digo passando lentamente o algodão no canto de sua boca e em suas bochechas.
— Ela tentou...me beijar.
— Eu sei. Eu conheço a Bárbara. E o Lucas. Eles vão ter o que merecem.
— Como assim?
— Não gosto de injustiça. Eu sou certa pelo certo.
— Por favor. Eles podem vir atrás de mim! E..._diz ela começando novamente a chorar.
— Não. Não vão. Provavelmente amanhã nem se lembrarão do que aconteceu.
— Qual seu nome?
— Julie._digo me levantando da cadeira e jogando o algodão fora.
— Obrigada._diz ela agora sorrindo mesmo com os olhos marejados.
— Eu quero ir embora. Não achei a Carol.
— Provavelmente está com o Abel em algum beco.
— Abel?
— Longa história. Ficam a meses.
— Eu também não sabia disso!
— Acho que sou mais amiga da sua amiga do que você._digo rindo da situação.
— É perceptível!
Cruzo os braços olhando em sua direção para talvez ela perceber que precisava ir embora.
— Vou ligar pro meu...namorado._por fim ela passa a mão no celular e disco um número.
Ela parecia inquieta, e começa a balançar as pernas esperando que a pessoa atenda.
— E...eu acho que vou pegar um táxi.
— Aqui não sobe táxi._digo a encarando.
— M...mas como vou embora?
— Posso pedir alguém pra te levar.
— N...não. Obrigada!
— Como você chegou aqui?
— De carro com a Carol._responde ela.
— Vou pedir alguém pra te levar. É de confiança. Fica tranquila.
Ela apenas assente e espera eu fazer uma ligação rápida para algum moto táxi de minha confiança descer para buscá-la.
Pego um papel qualquer em cima da prateleira e anoto meu número nele com uma caneta azul que achei no canto da sala.
— Toma._digo a entregando._- Me avisa quando chegar.
— Obrigada Julie.
A buzina familiar toca na porta de casa e a mesma sobe na moto acenando para mim. Depois de ver ela indo percebi que não havia perguntado seu nome. Mas depois de todas as confusões que ela havia arrumando, esperava não vê-la tão cedo mais.
......................
Abro os olhos devagar e vejo que estou em casa. Minha cabeça doía e percebo que estava com a mesma roupa de ontem a noite.
Depois de toda aquela confusão eu ainda voltei pro baile e fiquei na vigia a noite toda. Consegui aproveitar um pouco e usufruir das bebidas e dançar.
A lembrança de ter pedido aos meninos que resolvessem a questão com Bárbara flutua em minha mente. Hoje, no entanto, estou determinada a enfrentar a situação cara a cara. Eu sabia que precisava esclarecer as coisas e entender o que havia acontecido naquela noite. As coisas não podiam simplesmente ser ignoradas.
Vou direto pro banheiro e começo a me despir. Tomo um banho rapidamente pois a água estava muito fria. Depois de sair do chuveiro, me enrolo em uma toalha e me olho no espelho. Minhas expressões cansadas e olhos vermelhos revelam o cansaço, peso emocional e ressaca.
Visto uma roupa confortável e deixo meu cabelo solto pois ainda estava úmido , saio do quarto pronta para enfrentar o que quer que venha pela frente neste dia.
Vou até a cozinha e minha mãe parecia não estar. Coloco um resto de suco de laranja no copo e dou um gole.
Pego meu celular e envio uma mensagem para Caim perguntando se Bárbara estava por perto no barracão. Ele imediatamente responde me confirmando.
Bato a porta atrás de mim e corro rapidamente subindo o morro. Não podia perder essa oportunidade de falar com ela. Chego totalmente com o cenho fechado e a mesma sabe o que lhe espera.
— Qual foi? Que merda foi aquela ontem?_ela estava sentada na calçada com algumas garotas e se levanta sorrindo aparentemente sem graça.
— Vamos conversar em outro lugar?
Apenas assinto mantendo minha postura firme e meu olhar fixo no dela. Ela troca olhares breves com as garotas ao redor e se levanta virando na minha direção, pronta para me acompanhar. Não digo mais nada, apenas começo a caminhar, esperando que ela me leve a algum lugar para conversamos.
Atravessamos algumas vielas estreitas, até chegarmos a um local mais afastado do barracão e das pessoas. Finalmente, paramos em um ponto mais isolado.
Viro-me para Bárbara, e minha expressão ainda carregada de seriedade e expectativa. O silêncio entre nós parece denso, repleto de emoções não ditas. Respiro fundo antes de finalmente falar.
— Ontem à noite...que porra que foi aquilo? - minha voz soa intensa.
— Fiquei sabendo algo sobre ela e quis só te ajudar mano.
— E eu te pedi ajuda Bárbara? Que loucura. Você tentou..._pauso imediatamente relembrando a cena e me causa ânsia.
— Desculpa Julie. Essa não foi a intenção tá legal!? O Lucas que é estupido e se exaltou. Era só pra dar um susto nela.
— Susto? Susto? Isso é nojento. Queria ver se ela denunciasse vocês dois.
— Ela estava bêbada o suficiente pra não se lembrar de nada.
— Mais eu vi. Eu lembro.
— Só queria proteger você sua ingrata!
— De que Bárbara?_digo já andando de um lado do outro enfurecida.
— Aquela garota se chama Bree Cortnes. Ela trabalha na empresa Cruz!
Rapidamente me assusto com aquelas informações e começo a me ligar que poderia ser verdade.
— Droga._digo dando um soco na parede de pedras que acaba machucando minha mão.
— De nada._ Bárbara se vira saindo de onde estávamos me deixando ali sozinha e pensativa.
Estava furiosa, porém novamente decidida a proteger o meu lar.
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Atualizado até capítulo 52
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