[ Bree ]
Me preparei psicologicamente para estar dentro da Rocinha. Qualquer deslize eu poderia me dar muito mal aqui, mesmo estando com a Carol eu sabia que ela iria me deixar sozinha uma hora ou outra para aproveitar o baile.
— Quer uma cerveja?_diz ela com duas garrafas na mão.
— Prefiro Gin._digo.
— Acho que não tem isso aqui não né amiga!
— Deixa que eu vejo.
Vou passando entre as pessoas que dançavam, se beijavam ou estavam extremamente suadas até chegar no bar.
— Oi. Quero um Gin.
O bartender faz um sinal com a cabeça e pega um copo americano despejando algo que não parecia o que havia pedido.
Ele me entrega e sorri. Dou um gole rapidamente e consigo sentir o gosto de cachaça barata.
— Isso não foi o que pedi!_digo furiosa.
— Poxa. Foi mal._diz ele rindo da situação.
— Qual foi cara?
Ele sinaliza com a cabeça e a mesma moça que nós recebeu na entrada vem até o bar.
— Qual o problema?_diz ela cruzando os braços e ficando de frente pra mim.
— Disse que queria Gin Morena. Dei o que ela pediu, mas parece que a garotinha não gostou.
—EU NÃO SOU GAROTINHA!_digo gritando.
— Tu abaixa essa bola aí. Demorou?_diz a garota que era quase do meu tamanho e bem mandona aliás.
— Q...quem você..._Carol me puxa pelo braço e começa a se desculpar com o Bartender e com a garota.
— Só um aviso._diz a menina me olhando com o cenho fechado._— Eu tô de olho em você. Escutou?
Carol continua me puxando e vamos pra um canto. Já estava querendo ir embora desse lugar. Não suportava confusão.
— Pelo amor de Deus. Não morra. Tenho que te entregar viva, sem hematomas pro Carlos._diz ela falando um pouco mais auto para eu escutar.
— Tá bom.
Rapidamente ela se distrai e eu procuro por um lugar com menos barulho para fazer uma ligação.
— Por favor Carlos. Atende._digo em um suspiro.
Depois da décima tentativa resolvo parar de tentar. Ele prometeu estar em casa e que viria me buscar.
Fico ali sentada por mais alguns instantes até decidir voltar no bar novamente.
— Me da esse troço aí._digo rindo e o Barman me serve dando uma piscada singela.
Tomo três copos daquela cachaça e meu corpo já começa a incendiar. Tiro minha blusa de couro amarrando ela na cintura. Começo a dançar o funk que tocava me mexendo de acordo com a batida.
Saio novamente de perto e tento ligar pra Carlos, já que não estava mais achando a Carol. Sem sucesso. Dou uma espiada em seu Instagram para ver se ele havia postado algo diferente.
Vasculhando ainda, deparo-me com o stories de Mirela.
Imediatamente tento mais uma vez. E fico perplexa de ver que ele estava sem aliança e ainda não me atendia por estar junto a ela.
— Bem que eu suspeitava! CANALHA!_digo dando um grito e chamando atenção de algumas pessoas que estavam ali na escada.
Me levanto e vou novamente ao bar.
— Outra.
— Gostou mesmo né garotinha.
Sorrio irônico de canto e tomo aquilo rapidamente o suficiente para queimar minha garganta. Volto para o meio do pessoal e continuo dançando. Paro por um instante reparando meu estado e me lembro que deveria estar colhendo algumas informações do local, mas neste momento estava com tanta raiva que não quis me dar o trabalho e continuei me mexendo.
Depois de ver que o suor estava escorrendo em minha testa, me recomponho e tento procurar pela Carol. Pergunto por onde havia passado e ninguém havia visto uma garota loira, com cabelos grandes e olhos claros passar por ali.
Mesmo com raiva resolvo pegar o telefone novamente e ligar pra Carlos. Eles prometeu vir me buscar.
— Idiota. Agora vai me deixar aqui nesse fim de mundo._digo pra mim mesmo. Sento na escada anterior e não conseguia mais conter minhas lágrimas de frustração.
— Oi._diz uma voz feminina se sentando ao meu lado.
— O...oi. Não estou afim de conversar! Desculpa._digo com o rosto abaixado.
— Só me diz porque uma mulher linda dessa tá chorando desse jeito.
— Homem...homem, literalmente é uma...porra, desculpa.
— Relaxa. Me chamo Bárbara. Satisfação._diz ela estendendo a mão.
— Bree._digo a cumprimentando também.
— Ele não te merece.
— Eu o amo.
— Amor passa..._diz ela agora tocando em minhas mãos.
— Então não é amor.
Bárbara passa seus dedos pelo meu cabelo colocando uma mexa atrás de minha orelha. Aquilo estava me deixando balançada, mas ao mesmo tempo desconfortável.
— E...eu não curto...mulheres._digo me levantando.
— Já experimentou pra saber?_diz ela se levantando também e vindo em minha direção.
— Eu sei o que eu não curto.
Ela agarra em meu braço me pressionando na parede.
— Ei, Lucas._diz ela acenando pra alguém no alto da escada.
Ele desce rapidamente e vem até mim sorrindo. Logo sinto suas mãos alcançar por debaixo da minha saia e luto contra as mãos de Bárbara me segurando e ele quase chegando em minha intimidade.
— ME SOLTA!_dou um berro e ninguém que estava por perto se dispôs a ajudar.
— Isso é um baile garota! É diversão!_diz ela agora beijando meu pescoço.
Consigo dar um chute nas pernas de Lucas e empurrar Bárbara com apenas uma mão. Ela ainda segurava meu braço fortemente o que acabou não dando muito certo e deixando eles furiosos.
— Mete a mão na cara dela mano._diz ele me encarando.
E é isso que Bárbara faz. Posso sentir meu rosto arder com o tapa que acabará de me dar. Minhas lágrimas de fraqueza escorrem pelo meu rosto e começo a sentir medo daquela situação.
— O que tá acontecendo aqui?_uma voz diferente e familiar ao mesmo tempo surge ali. Olho para o lado e vejo a garota do bar.
— Só estávamos nos divertindo._diz Lucas em um tom quase inaudível.
— Vaza!
— Morena..._diz Bárbara colocando a mão em seu ombro.
— Depois a gente conversa. Não quero ver sua cara agora.
Os dois saem e eu me sento no chão me desabando de tanto chorar. Só queria ir embora desse lugar.
— E...eu...me desculpa!_digo olhando fixamente nos olhos da garota que estava em minha frente.
— Porque tá pedindo desculpas? O que aconteceu? Me fala tudo que aconteceu.
Com medo de que aconteça algo acabo ficando em silêncio e apenas choramingo.
— Vem. Vou te levar pra outro lugar._diz ela me estendendo a mão.
— N...não. Por favor! Eu não quero passar por isso de novo.
— Meu nome é Julie. Eu sou dona dessa merda toda aqui. Eu não vou te prejudicar. Sua boca tá sangrando! Levanta.
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Atualizado até capítulo 52
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