Capítulo 5

[ Bree ]

Me preparei psicologicamente para estar dentro da Rocinha. Qualquer deslize eu poderia me dar muito mal aqui, mesmo estando com a Carol eu sabia que ela iria me deixar sozinha uma hora ou outra para aproveitar o baile.

— Quer uma cerveja?_diz ela com duas garrafas na mão.

— Prefiro Gin._digo.

— Acho que não tem isso aqui não né amiga!

— Deixa que eu vejo.

Vou passando entre as pessoas que dançavam, se beijavam ou estavam extremamente suadas até chegar no bar.

— Oi. Quero um Gin.

O bartender faz um sinal com a cabeça e pega um copo americano despejando algo que não parecia o que havia pedido.

Ele me entrega e sorri. Dou um gole rapidamente e consigo sentir o gosto de cachaça barata.

— Isso não foi o que pedi!_digo furiosa.

— Poxa. Foi mal._diz ele rindo da situação.

— Qual foi cara?

Ele sinaliza com a cabeça e a mesma moça que nós recebeu na entrada vem até o bar.

— Qual o problema?_diz ela cruzando os braços e ficando de frente pra mim.

— Disse que queria Gin Morena. Dei o que ela pediu, mas parece que a garotinha não gostou.

—EU NÃO SOU GAROTINHA!_digo gritando.

— Tu abaixa essa bola aí. Demorou?_diz a garota que era quase do meu tamanho e bem mandona aliás.

— Q...quem você..._Carol me puxa pelo braço e começa a se desculpar com o Bartender e com a garota.

— Só um aviso._diz a menina me olhando com o cenho fechado._— Eu tô de olho em você. Escutou?

Carol continua me puxando e vamos pra um canto. Já estava querendo ir embora desse lugar. Não suportava confusão.

— Pelo amor de Deus. Não morra. Tenho que te entregar viva, sem hematomas pro Carlos._diz ela falando um pouco mais auto para eu escutar.

— Tá bom.

Rapidamente ela se distrai e eu procuro por um lugar com menos barulho para fazer uma ligação.

— Por favor Carlos. Atende._digo em um suspiro.

Depois da décima tentativa resolvo parar de tentar. Ele prometeu estar em casa e que viria me buscar.

Fico ali sentada por mais alguns instantes até decidir voltar no bar novamente.

— Me da esse troço aí._digo rindo e o Barman me serve dando uma piscada singela.

Tomo três copos daquela cachaça e meu corpo já começa a incendiar. Tiro minha blusa de couro amarrando ela na cintura. Começo a dançar o funk que tocava me mexendo de acordo com a batida.

Saio novamente de perto e tento ligar pra Carlos, já que não estava mais achando a Carol. Sem sucesso. Dou uma espiada em seu Instagram para ver se ele havia postado algo diferente.

Vasculhando ainda, deparo-me com o stories de Mirela.

Imediatamente tento mais uma vez. E fico perplexa de ver que ele estava sem aliança e ainda não me atendia por estar junto a ela.

— Bem que eu suspeitava! CANALHA!_digo dando um grito e chamando atenção de algumas pessoas que estavam ali na escada.

Me levanto e vou novamente ao bar.

— Outra.

— Gostou mesmo né garotinha.

Sorrio irônico de canto e tomo aquilo rapidamente o suficiente para queimar minha garganta. Volto para o meio do pessoal e continuo dançando. Paro por um instante reparando meu estado e me lembro que deveria estar colhendo algumas informações do local, mas neste momento estava com tanta raiva que não quis me dar o trabalho e continuei me  mexendo.

Depois de ver que o suor estava escorrendo em minha testa, me recomponho e tento procurar pela Carol. Pergunto por onde havia passado e ninguém havia visto uma garota loira, com cabelos grandes e olhos claros passar por ali.

Mesmo com raiva resolvo pegar o telefone novamente e ligar pra Carlos. Eles prometeu vir me buscar.

— Idiota. Agora vai me deixar aqui nesse fim de mundo._digo pra mim mesmo. Sento na escada anterior e não conseguia mais conter minhas lágrimas de frustração.

— Oi._diz uma voz feminina se sentando ao meu lado.

— O...oi. Não estou afim de conversar! Desculpa._digo com o rosto abaixado.

— Só me diz porque uma mulher linda dessa tá chorando desse jeito.

— Homem...homem, literalmente é uma...porra, desculpa.

— Relaxa. Me chamo Bárbara. Satisfação._diz ela estendendo a mão.

— Bree._digo a cumprimentando também.

— Ele não te merece.

— Eu o amo.

— Amor passa..._diz ela agora tocando em minhas mãos.

— Então não é amor.

Bárbara passa seus dedos pelo meu cabelo colocando uma mexa atrás de minha orelha. Aquilo estava me deixando balançada, mas ao mesmo tempo desconfortável.

— E...eu não curto...mulheres._digo me levantando.

— Já experimentou pra saber?_diz ela se levantando também e vindo em minha direção.

— Eu sei o que eu não curto.

Ela agarra em meu braço me pressionando na parede.

— Ei, Lucas._diz ela acenando pra alguém no alto da escada.

Ele desce rapidamente e vem até mim sorrindo. Logo sinto suas mãos alcançar por debaixo da minha saia e luto contra as mãos de Bárbara me segurando e ele quase chegando em minha intimidade.

— ME SOLTA!_dou um berro e ninguém que estava por perto se dispôs a ajudar.

— Isso é um baile garota! É diversão!_diz ela agora beijando meu pescoço.

Consigo dar um chute nas pernas de Lucas e empurrar Bárbara com apenas uma mão. Ela ainda segurava meu braço fortemente o que acabou não dando muito certo e deixando eles furiosos.

— Mete a mão na cara dela mano._diz ele me encarando.

E é isso que Bárbara faz. Posso sentir meu rosto arder com o tapa que acabará de me dar. Minhas lágrimas de fraqueza escorrem pelo meu rosto e começo a sentir medo daquela situação.

— O que tá acontecendo aqui?_uma voz diferente e familiar ao mesmo tempo surge ali. Olho para o lado e vejo a garota do bar.

— Só estávamos nos divertindo._diz Lucas em um tom quase inaudível.

— Vaza!

— Morena..._diz Bárbara colocando a mão em seu ombro.

— Depois a gente conversa. Não quero ver sua cara agora.

Os dois saem e eu me sento no chão me desabando de tanto chorar. Só queria ir embora desse lugar.

— E...eu...me desculpa!_digo olhando fixamente nos olhos da garota que estava em minha frente.

— Porque tá pedindo desculpas? O que aconteceu? Me fala tudo que aconteceu.

Com medo de que aconteça algo acabo ficando em silêncio e apenas choramingo.

— Vem. Vou te levar pra outro lugar._diz ela me estendendo a mão.

— N...não. Por favor! Eu não quero passar por isso de novo.

— Meu nome é Julie. Eu sou dona dessa merda toda aqui. Eu não vou te prejudicar. Sua boca tá sangrando! Levanta.

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