Capítulo 14

[ Bree ]

Por incrível que pareça Carlos me levou café na cama hoje pela manhã, mas depois que pisou na empresa tudo mudou. Ele me ignorava constantemente, então resolvi fazer o mesmo.

— Mirela, querida. Como vai? Fiquei sabendo da gravidez! Que felicidades. — digo me apoiando no balcão da recepção.

— Obrigada Bree. — agradece ela.

— E o papai? Está feliz? Vi vocês juntos.

— Sim. Ele está irradiante. Agora se não se importa preciso fazer uns telefonemas. — ela sorri e se volto para o telefone. Me despeço dela pois era final de expediente e já estava na hora de me encontrar com Julie no bar.

Vou até o escritório de Carlos que estranhamente estava com a porta trancada. Bato duas vezes e ele se levanta para abrir.

— Está tudo bem? — pergunto achando sua atitude estranha.

— Claro. Eu só queria terminar umas coisas sem ser interrompido.

— Entendo. Me desculpe. Só vim avisar que irei jantar com uma amiga.

— Espero que seja a garota favelada.

— Carlos! Não admito que diga assim dela. — digo o repreendendo.

— Desculpa amor. Bem, se cuide. E tome cuidado. — diz ele me dando um selinho de despedida.

Pego a chave do carro na bolsa e vou para o bar onde havia marcado com Julie.

Logo antes de estacionar consigo avista-lá fumando encostada na pilastra. Ela estava linda.

Caminho em direção aonde a mesma estava e sem perceber eu estava sorrindo, até demais.

— Julie. — digo a cumprimentando um pouco mais seria.

— Gostaria de começar me desculpando. — ela fala enquanto apagava o cigarro.

— Esquece tudo. Temos outras coisas a pensar.

— Com certeza. — diz ela rindo.

A conduzo ate a entrada e escolho uma mesa lá fora para que possamos ficar a vontade. Começo a contar sobre a minha que desistência de tudo antes de pedir um chopp para nós.

— Deu tudo errado aquela noite. Que porra! _diz ela rindo da situação. Mas eu sabia que aquilo lhe estressava.

O garçom chega com nossos copos colocando ele sob a mesas. Continuamos a conversa como se não nós víssemos a meses, e era uma leveza magnífica.

— Bree? Oi. — diz Isabela se aproximando na mesa e me abraçando.

Isabela era uma antiga fotógrafa e amiga na empresa Cruz. Agora casada com um dos melhores amigos do Carlos. Fazia meses que não a via.

— Fiquei sabendo da gravidez! Eu fico tão feliz por você.

— Oi. — encara Julie me olhando.

— É...oi? Como assim? — pergunto estranhando também.

— Alex me falou que Carlos será pai. Eu pensei que...meu Deus! Me perdoe. Vocês não estão mais juntos?

— Sim Isabela. Estamos. Você deve estar se confundindo, porque quem tá grávida é... — imediatamente minha ficha cai e me assusto com a situação.

Isabela parecia confusa e ao mesmo tempo preocupada. Seu olhar se alternava entre Julie e eu, como se estivesse tentando decifrar algum enigma complicado.

Aquilo tudo atingiu meu peito como um soco. Uma sensação de vertigem tomou conta de mim, e por um momento, não consegui encontrar as palavras certas para explicar a situação.

Julie, ao meu lado, estava igualmente chocada e desconfortável com a reviravolta repentina e posso sentir ela segurando minhas mãos por debaixo da mesa, o que estava me deixando estranhamente calma.

— Isabela, há um mal-entendido aqui. Carlos e eu... ainda estamos juntos — eu finalmente consegui dizer, minha voz vacilante.

— Oh, meu Deus, que situação constrangedora! Me desculpa Bree. Acho que devia me retirar. Isabela murmurou, visivelmente envergonhada.

O que Isabela acabara de dizer era uma bomba que se fosse verdade poderia abalar o relacionamento que, apesar dos problemas, ainda mantínhamos.

— Talvez haja algum engano, Isabela. — eu disse, tentando entender a situação.

— Eu também não sei o que pensar, Bree. Mas se vocês estão bem, é o que importa. Me desculpem pelo mal-entendido.

Após algumas palavras constrangedoras e despedidas apressadas, Isabela se afastou, deixando-me com um turbilhão de pensamentos. Olhei para Julie, que me encarava com olhos cheios de preocupação.

— Bree...

Eu suspirei, sentindo o peso da incerteza pairando sobre nós.

— Vamos beber. Não posso encara-ló sóbria.

Chamo pelo garçom e peço para que traga mais dois chopp, e três drinks diferentes.

Julie parecia preocupada mas não negou o meu pedido, apenas continuou com as mãos entrelaçadas a minha e me olhando ainda.

— Não faça besteira. — diz ela.

— Se isso for verdade Julie, tudo irá acabar.

— Eu ainda continuarei aqui.

— Mas...e minha carreira? E meu casamento?

— Bree... — diz ela agora passando os dedos em meu rosto me acariciando.

Novamente senti aquele estranho sentimento de conforto e desejo. Mas saio do transe quando o garçom chega com meu pedido.

......................

— Estou estranhamente feliz! — digo me segurando nos ombros de Julie e tropeçando em uma das pernas ao sair do bar.

— O que eu fui arrumar pra cabeça?

— Eu escutei isso. Toma. — digo a entregando a chave do meu carro.

— Não, não posso. Vou chamar um táxi pra você.

— Sua tola! Me leve em casa e depois você vai pra sua casa. Amanhã você me entrega.

— Nem pensar.

Sento no beirada do asfalto cruzando os braços. Julie me olha assustada e envergonhada.

— Tá bom. — diz ela se sentindo derrotada.

Ela abre o carro e eu sento no banco do carona. A mesma entra para me levar até em casa.

— Julie... você é incrível! — digo chegando mais próximo a ela.

— Eu também te acho incrível Bree. — diz ela se ajeitando no banco.

Novamente estava acontecendo aquilo. Meu peito começou a borbulhar de desejo e emoção e dessa vez a iniciativa partiu de mim. Puxo Julie para mim alcançando seus lábios molhados e nossos beijos são intensos, cheios de paixão reprimida e confusão.

A química entre nós era inegável, mas havia algo a mais, algo que nos ligava de maneira profunda e imprevisível. Nossas mãos buscaram umas às outras, e nossos dedos se entrelaçam enquanto o beijo se aprofundava.

Finalmente, nos separamos, ofegantes e com os olhos fixos um no outro. Havia uma tensão no ar, uma eletricidade que nos envolvia, mas também havia uma série de perguntas não respondidas.

— Bree, porra... para! O que foi isso? — diz Julie, com a voz trêmula.

— Eu estou bêbada, eu sei,  mas também sei o que estou fazendo.

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