Capítulo 12

[ Bree ]

A luz invadiu o quarto através das cortinas entreabertas, e meu cérebro pareceu explodir em dor assim que abri os olhos. Uma ressaca intensa me atingiu, fazendo-me questionar todas as escolhas que me levaram até aqui.

Rolei na cama, sentindo a cabeça latejar, e forcei-me a me sentar. Ao meu lado, Carlos ainda estava profundamente adormecido, alheio ao meu sofrimento. Ele estava sempre alheio.

Arrastei-me para a cozinha, onde a luz natural do dia era menos intensa. Meu estômago revirou em protesto quando me dei conta de que o chá era a melhor maneira de lidar com aquela ressaca infernal. Fui até o armário e peguei as ervas que sabia serem mais eficazes para aquela situação.

Enquanto a água fervia, pensei no quanto minha vida havia mudado desde que comecei a escrever aquele maldito artigo na rocinha. O que antes era apenas um trabalho se transformou em algo que me consumia por completo. Pego meu celular e começo a olhar as fotos que havia tirado de Julie na minha galeria.

A chaleira começa a fazer barulho desviando minha atenção, o chá estava pronto, e eu o segurei entre as mãos trêmulas enquanto observava o vapor subir. Tentei ignorar a sensação de vazio que pairava em mim e a vontade de rever Julie, e me concentrei em fazer algo bom para mim e Carlos esta manhã.

Carlos apareceu na cozinha, com a mesma expressão séria de sempre. Ele não pareceu notar o chá ou o cheiro tentador do café da manhã que eu estava preparando.

— Chegou tarde ontem. — disse ele se sentando na mesa.

— Bom dia pra você também meu amor!

Respiro fundo, tentando conter minha irritação. Coloco na mesa geleia de frutas e pão, o servindo.

— Como está indo o artigo? _ pergunta ele sem responder ao menos o meu bom dia.

— Chega! Você não vai agradecer pelo café da manhã? — perguntei, minha voz soando mais áspera do que eu pretendia.

Ele pareceu surpreso por um momento, como se a ideia de agradecer fosse algo estranho para ele.

— Obrigado — ele disse, com um sorriso fraco que parecia mais forçado do que genuíno.

Aquilo foi o suficiente para acender minha irritação. Aquele relacionamento estava começando a me corroer.

— Carlos, eu tô tentando fazer isso da certo. — Eu não podia mais conter minhas palavras. — Você só se importa com o trabalho, dinheiro e nada mais. Eu preciso de mais do que isso em um relacionamento.

Ele parecia atordoado com a minha declaração abrupta.

— O que você quer dizer? — ele perguntou, confuso.

— Eu quero alguém que se importe comigo, a última vez que me levou pra jantar foi porque eu implorei. Eu quero um parceiro.

Uma mistura de raiva e tristeza cruzou o rosto de Carlos. Ele se aproximou de mim, tentando me tocar, mas eu dei um passo para trás.

— Bree, eu sei que tenho sido ausente, mas eu prometo que vou mudar. Eu te dei um presente amor, eu te dei a uns dias atrás, mas mesmo assim, me desculpa. Vou ser um namorado mais atencioso, só não desista desse projeto na Rocinha.

Ele estava tentando barganhar, como se isso fosse um troféu para ele.

— Isso não é sobre o projeto, Carlos. É sobre nós. Eu quero alguém que esteja presente, que se importe comigo de verdade.

Ele abaixou a cabeça, parecendo derrotado. Eu sabia que estava fazendo a coisa certa, mesmo que doesse.

— Eu só preciso de um tempo para pensar — eu disse, minha voz embargada. — E você também deveria pensar sobre o que realmente quer em um relacionamento.

Carlos assentiu, parecendo triste. Eu não queria magoá-lo, mas também não podia continuar vivendo daquela forma vazia e solitária.

Terminei de preparar o café da manhã e me sentei à mesa junto a ele.

— Me desculpe.

Ele entrelaça nossos dedos beijando minha mão. Eu gostava dele e queria um futuro ao seu lado, mas parecia sempre difícil isso tudo.

Meu telefone vibra com uma mensagem e resolvo ignorar no momento, queria aproveitar o máximo possível desse momento com Carlos, era único e me fazia bem.

— Vou te levar pra jantar hoje a noite._diz ele enquanto beija minha bochecha.

— Sério?

— Escolha o restaurante que te levarei.

O telefone dele agora que toca e ele nem sequer teve o mesmo pensamento que o meu, apenas pede licença e vai atendê-lo me deixando ali na mesa sozinha. Mas também estava me sentindo feliz por ele demonstrar o interesse em me levar pra jantar essa noite.

......................

Coloquei meu melhor vestido vermelho e estava a espera de Carlos na sala de estar para irmos ao nosso jantar. Encaro novamente a mensagem da Julie que havia recebido antes e resolvo não responder no momento.

Carlos aparece na sala e bloqueio o celular voltando minha atenção a ele.

— Você está deslumbrante!_digo indo até ele e beijando seus lábios.

— Vamos?_ele estende a mão me conduzindo até a garagem. Estava me sentindo realizada e sentindo que essa noite iria dar bom.

Enquanto íamos para o restaurante, dei mais uma olhada na mensagem de Julie que tinha chegado antes e realmente me decidi não responder por enquanto, não queria complicar ainda mais as coisas.

Começo uma conversa leve com Carlos, falando sobre coisas triviais e alguns planos para o futuro, ele não parece muito interessado, mas sei que uma ou outra ele iria entender o quanto quero me casar com ele. Eu estava determinada a não deixar as preocupações sobre nosso relacionamento estragarem a noite.

Chegamos ao restaurante, um lugar elegante com uma atmosfera sofisticada. Fomos recebidos pelo maitre, que nos conduziu até uma mesa reservada

Enquanto olho o menu e escolhia nosso pedido, notei algo estranho no semblante de Carlos. Seus olhos pareciam desviar com frequência para uma mesa próxima.

— Carlos, você está bem? — Perguntei, percebendo o clima tenso ao nosso redor.

Ele hesitou por um momento, como se não quisesse admitir o que estava acontecendo.

— Estou bem, Bree. Não se preocupe. Vamos aproveitar nossa noite.

Eu ainda sentia que algo estava errado, mas decidi não pressioná-lo mais naquele momento. Queria que a noite fosse especial, sem confrontos desnecessários.

Conversamos sobre coisas diversas, tentando manter o clima leve e agradável. Mas eu não conseguia evitar a sensação de que havia algo escondido sob a superfície.

Quando terminamos a refeição e nos preparávamos para sair do restaurante, dei uma última olhada na mesa onde a mulher estava sentada. Era Mirela, que estava companhada de um homem que eu não reconhecia.

Carlos notou meu olhar e pareceu desconfortável com a situação.

— Vamos, Bree. — disse ele pegando em minha mão e me conduzindo até o carro apressadamente.

Concordei com a cabeça, ainda sentindo que havia algo que não se encaixava. Talvez fosse apenas minha imaginação, ou talvez houvesse algo mais naquela situação que eu ainda não entendia completamente. Mas por enquanto, eu deixaria isso de lado e tentaria aproveitar o resto da noite com Carlos.

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Comments

Joelma de Lima Medeiros

Joelma de Lima Medeiros

aí bree esse casamento não vai rolar gata

2024-09-14

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