O Natal se aproximava, faltavam apenas alguns dias, e Beatriz sentia uma melancolia profunda ao lembrar como aquela época costumava ser especial na casa dos seus pais.
Reunir-se com a família para a ceia era uma tradição importante. Eram noites de alegria e calor humano, onde todos se uniam para confraternizar.
As memórias a invadiram, e lágrimas incontroláveis brotaram de seus olhos. Ela sentia uma saudade avassaladora da vida que tinha antes.
— Bia, o que foi dessa vez? — Marlon disse, ao perceber as lágrimas dela.
— Sinto falta da minha família, especialmente nessa época de Natal. Às vezes, penso em tentar uma reaproximação. Eu realmente gostaria de vê-los — disse Beatriz, com a voz emocionada.
Marlon ficou pensativo por algumas horas. E chegou a ideia de que seria melhor tentar encontrar alguma forma de aproximação entre Beatriz e seus pais ou ela poderia acabar indo embora de vez.
Após uma longa reflexão, Marlon sugeriu que Beatriz entrasse em contato com Júlia, algo que ele nunca permitiu antes. Durante todo aquele tempo, Júlia não teve notícias dela.
— Com a Júlia? Por quê? — Beatriz disse, surpresa.
— Diga a ela que quer ver seus pais no Natal, sob a condição de que eu esteja presente e que eles aceitem nosso relacionamento. Peça a ela que passe o recado, mas ligue com o número sem ser identificado. — instruiu Marlon, com firmeza em sua voz.
Beatriz sentiu uma onda de surpresa e alegria. Não entendia completamente a mudança repentina de Marlon, mas não perguntou. Não poderia deixar passar aquela oportunidade única.
— Mas escute, Beatriz — continue ele —, não revele onde estamos vivendo. Faça exatamente como estou dizendo se não quiser arrumar problemas.
— Sim, prometo que farei tudo certo! — Beatriz concordou sentindo uma explosão de alegria e esperança.
— Seus pais podem querer falar muitas “coisinhas” na sua cabeça, então é melhor mandar recado pela Júlia em vez de ligar direto para eles. — Concluiu Marlon.
Enquanto concordava com Marlon, no fundo do seu coração, ela rezava para que seus pais aceitassem vê-la sob as condições de Marlon.
Caso contrário, temia que nunca mais tivesse a chance de encontrá-los novamente.
LIGANDO PARA JÚLIA
Beatriz ligou para Júlia, seu coração pulsando de emoção e expectativa, queria muito falar com a sua amiga.
O telefone tocou cinco vezes antes de Júlia atender.
— Alô! Quem é? — Júlia respondeu, um pouco impaciente por não reconhecer o número.
— Júlia, sou eu, Bia! — disse Beatriz, a voz carregada de emoção.
Nesse instante, Júlia ficou nervosa, mas também feliz. Tentou fazer várias perguntas ao mesmo tempo: onde você está? Está tudo bem? Como estão as coisas? E a escola?
No entanto, antes que pudessem conversar direito, Marlon se colocou na frente de Beatriz, impondo que ela fosse direta ao ponto e encerrasse logo a conversa.
— Júlia, por favor, escute! Não posso falar por muito tempo. Preciso de um favor seu: vá até à casa dos meus pais e diga que estou com saudades, que gostaria muito de vê-los neste Natal. Pergunte a eles se também se interessam em me ver, mas com a condição de que Marlon vá junto, como meu namorado.
— Nossa, Bia! Sempre vem com cada bomba! — disse Júlia, apreensiva — Mas como faço para te dar uma resposta?
— Vou te ligar amanhã para saber! Beijo, estou com saudades — disse Beatriz, pressionada por Marlon, desligando a chamada antes que Júlia pudesse se despedir.
Apesar do comportamento controlador de Marlon, Beatriz não conseguia sentir raiva. Ela estava transbordando de esperança.
Só em imaginar a possibilidade de ver toda a sua família e amigos já bastava, nada iria tirá-la do sério.
No passado, queria distância de seus pais, mas agora, estando realmente distante deles, tudo o que ela desejava era vê-los outra vez.
Beatriz mal conseguiu dormir naquela noite. A espera pelo dia seguinte parecia infinita, estava ansiosa pela resposta que Júlia traria de seus pais.
__________
Júlia desligou o telefone e ficou paralisada olhando para o nada. Estava tão feliz em ouvir a voz de Beatriz, chegou a pensar que talvez isso nunca mais fosse ocorrer.
Depois da alegria por falar com sua amiga, ela começou a ficar nervosa, tentando pensar como falaria para os pais de Beatriz sem que eles surtassem e a enchesse de perguntas que não saberia responder.
Enchendo-se de coragem, levantou-se e imediatamente foi até a casa dos pais de Beatriz. Chegando lá, começou a chamar no portão: “dona Rosa…”
Rosa e Márcio ficaram surpresos ao ouvirem a voz de Júlia, desde a fuga de Beatriz ela nunca mais foi até lá.
Eles se entreolharam e sentiram esperança e medo, tinham quase certeza que seria alguma notícia de Beatriz, só não sabia que tipo de notícia.
Correram os dois para a porta, ansiosos, para atender a Júlia. Rosa e Márcio pálidos com olhos vidrados nem a cumprimentou, apenas ficaram parados em sua frente esperando que ela falasse.
Júlia podia sentir a tensão e ficou ainda mais nervosa. Tentando manter o controle e o mais objetiva possível explicou-lhes toda a situação.
Contou sobre a ligação recebida de Beatriz e o que ela estava propondo.
Seus pais ouviram atentos absorvendo cada palavra dela. Em seguida tentaram obter informação sobre Beatriz, sobre onde estaria e se estava bem, dentre outras perguntas.
Mas, Júlia realmente não podia informar nada, pois, também não sabia.
— Olha, entendo ser complicado, mas realmente eu não sei de nada. Ela me ligou apressada em uma chamada restrita e pediu que eu perguntasse isso a vocês. — disse Júlia tentando justificar a falta de informação.
Rosa e Márcio já estavam chorando e em choque com aquelas palavras de Júlia. A esperança de saber o paradeiro de sua filha nunca morreu, mas foram pegos de surpresa com a notícia.
Rosa não conseguia mais falar, precisou entrar e se sentar para se acalmar.
Márcio não podia responder de imediato, antes precisavam conversar.
Aceitar sua filha de volta não seria o problema, mas aceitar o causador de todo o mal é algo no mínimo delicado.
— Júlia, preciso auxiliar Rosa, ela está muito nervosa! Em uns cinco minutos te ligo com a resposta. — disse Márcio.
— Compreendo, seu Márcio! Só não esqueçam de me falar ainda hoje, amanhã tenho que dar a resposta para Beatriz. — Júlia, concordou e se despediu.
— Tudo bem, obrigada! — disse Márcio.
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Veja só o dilema dos pais de Beatriz, que situação!
Por mais que estejam magoados, nenhum pai ou mãe abandonaria seu filho, não é mesmo?
Mas como lidar com o intruso que trouxe tanta dor e sofrimento? Como aceitar Marlon na família depois de tudo o que ele fez?
Será que o amor pela filha consegue superar as mágoas e os ressentimentos? Ou será que perdoar Marlon é o mesmo que compactuar com o mal?
O que você faria no lugar dos pais de Beatriz e qual será a decisão deles?
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Shirlei
Acredito que vão aceitar as suas condições…
2023-12-26
1
Sirlei Barry
Eu nao aceitaria mas.
por mas q fosse minha filha amo amo.
Mas cada um escolhe o q quer para sua vida.
Trazer um bandido pra dentro de sua casa e demais.
A filha sozinha sim com ele jamais
2023-11-19
2
Submundo Melancólico
só valoriza quando perde. um verdade isso
2023-10-06
1