Capitulo 18 — A fuga.

Júlia olhou para Beatriz e antes de ouvir qualquer coisa já sabia o que havia acontecido: Beatriz daria continuidade ao plano de fuga.

As garotas ficaram emocionadas e se abraçaram.

— Bia, pense bem! — disse Júlia chorando e abraçando com firmeza sua amiga.

Beatriz nada respondia, apenas chorava. Por fim, ela olhou para Júlia e contou todo o plano.

— Júlia, eu e Marlon iremos embora amanhã à noite, ninguém sabe, só você. Assim que eu chegar no destino entrarei em contato de alguma forma com você.

— Mas para onde vocês vão?

— Marlon acha melhor não contar a ninguém.

Mais uma vez elas se abraçam. Desde que se conheceram nunca haviam ficado separadas e aquela partida de Beatriz era incerta, não podiam ter certeza que iriam se encontrar novamente.

Júlia sentia-se angustiada e triste. Ela queria impedir Beatriz de cometer esse erro, mas sabia que não adiantaria.

Beatriz estava cega por Marlon, um amor que Júlia achava doentio e perigoso.

Beatriz sentia a ansiedade crescente em seu peito, uma vontade louca de fugir daquela vida sem graça e sem sentido.

Ela acreditava que Marlon era o único que a entendia e a amava de verdade, mesmo que ele fosse rude às vezes.

Ela não se importava com os riscos que corria ao lado dele, ela só queria sentir aquela adrenalina e aquela paixão que ele lhe proporcionava.

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A NOITE DA FUGA

Naquela noite, Beatriz e Marlon estavam prontos para deixar tudo e todos para trás.

O céu estava carregado de nuvens escuras, como se a natureza soubesse as dificuldades que os esperavam.

Marlon aguardava por ela há mais de duas horas, dentro do seu carro, na esquina da rua.

Ele não tinha certeza da hora que Beatriz conseguiria escapar, então só lhe restava esperar.

Porém, ele não se sentia calmo, estava nervoso, não apenas pela fuga, mas também inseguro, com receio de que Beatriz não viesse.

Beatriz seguiu o plano. Pegou apenas o essencial e colocou em uma mochila, para não levantar suspeitas.

Parecia que seus pais estavam sabendo, naquela noite demoraram mais do que o normal para dormir.

Finalmente, quase à uma da manhã, a casa ficou silenciosa e Beatriz soube que eles haviam adormecido.

Antes de partir, olhou para o seu quarto, cada coisa nele, e sentiu um aperto no peito.

Desceu tocando o corrimão da escada, como se fosse um adeus a cada parte da casa.

Perto da porta, olhou na direção do quarto de seus pais e sentiu uma ponta de culpa, mas logo se convenceu de que a responsabilidade era toda deles.

Nada precisaria estar acontecendo.

Já do lado de fora, ela olhou para sua casa de infância, o contorno desaparecendo no horizonte enquanto ela se afastava, a fez sentir uma onda de nostalgia misturada com tristeza.

Ao avistar o carro de Marlon na esquina da rua à sua espera, rapidamente os sentimentos de culpa e medo deram espaço à felicidade e empolgação.

— Oi, princesa! — Marlon disse enquanto abria a porta do carro.

— Oi, meu amor. — Ela entrou no carro e o abraçou.

— Você está pronta para começar uma nova vida comigo?

— Sim, estou! Você acha que meus pais vão me perdoar um dia?

— Espero que sim! Mas, eles querem nos separar, e não podemos permitir.

— Eu sei. Mas eu não estou arrependida, eu quero ficar com você.

— E eu só quero ficar com você. — disse Marlon sorrindo.

Eles se beijaram apaixonadamente, sem se importar com mais nada. Sentiam-se livres, estavam vivendo um sonho.

Pegaram a estrada que levava para a comunidade onde ele cresceu. Marlon alugou uma casa e com a ajuda de alguns amigos organizou o local com alguns móveis.

— Você está com fome? — ele perguntou, enquanto dirigia.

— Um pouco. — ela respondeu, olhando pela janela.

— Tem um posto de gasolina logo ali. Podemos parar e comprar alguma coisa.

— Tudo bem.

Eles pararam no posto e entraram na loja de conveniência. Marlon pegou alguns salgadinhos, refrigerantes e cerveja.

— Você não vai beber, vai? — Beatriz disse, fazendo uma cara séria.

— Por que não?

— Estamos fugindo, nem sei direito para onde… você está dirigindo! Precisamos estarmos sóbrios nesse momento.

— Ah, qual é, Beatriz! Acho que você devia se soltar mais, relaxa. Seja mais espontânea, mais ousada. — Ele disse, enquanto pagava pelos itens no caixa.

— Espontânea e ousada como você?

— Por que não?

— Tenho meu jeito, minha personalidade! Você me ama assim, não ama? — disse Beatriz, irritada.

— Claro que amo, princesa. Amo tudo em você. — Marlon respondeu suavizando a situação.

Marlon sabia como jogar com Beatriz. Ele usava elogios, carinhos e promessas para fazê-la se sentir amada e especial e também usava críticas sutis, provocações e desafios para fazê-la se sentir insegura e dependente dele.

Eles voltaram para o carro e seguiram viagem. O céu estava cada vez mais escuro e o vento soprava forte.

— Parece que vai chover! — Beatriz comentou.

— Não tem problema, chegaremos logo.

— Você já sabe onde vamos ficar?

— Sim, eu já organizei tudo, é uma casa simples, mas aconchegante. Ninguém vai nos incomodar, ninguém vai nos julgar.

— Só nós dois daqui para frente! — disse Beatriz.

— Isso mesmo, só nós dois! — Marlon concordou.

Eles se olharam com um sorriso, imaginando a vida que os aguardava, mas ignoravam que a realidade não é como nos sonhos.

Marlon havia cegado Beatriz com suas propostas que moldariam o destino de uma forma que ela só compreenderia mais tarde.

A influência dele a arrastaria por um caminho cheio de perigos, mas, naquele instante, ela estava disposta a arriscar tudo pelo amor que julgava único e especial.

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O amor de Beatriz e Marlon os levou a uma decisão radical. Eles deixaram para trás tudo o que conheciam, dispostos a enfrentar o desconhecido.

A estrada era escura e silenciosa, Beatriz se sentia feliz, mas também nervosa e pensativa.

Será que ela conseguiria ser feliz longe de sua família e amigos? Será que ela não se arrependeria de ter abandonado tudo?

Essas perguntas rondavam sua mente, enquanto ela se agarrava à mão de Marlon.

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