Nos dias que se seguiram, a dinâmica familiar tornou-se um labirinto de tensão e desconforto.
O silêncio pesava como chumbo durante as refeições, e os pais de Beatriz, acreditando que ela não estava mais se encontrando com Marlon, consideravam essa ausência o melhor para sua filha.
Eles a levavam e traziam da escola, monitoravam seu acesso ao celular, mas não faziam ideia de que Beatriz mantinha comunicação através do celular de Júlia na escola ou quando ela visitava a casa de Beatriz para entregar recados.
Embora Júlia estivesse presa em um dilema angustiante, ela sabia que impedir Beatriz de seguir seu coração seria em vão.
Ela escolheu apoiar sua amiga em tudo o que pudesse, mesmo que ocasionalmente tentasse injetar um pouco de sensibilidade na mente de Beatriz, uma tarefa inútil.
— Às vezes, meu peito parece apertado, como se algo terrível estivesse prestes a acontecer — confessou Beatriz, inquieta.
— Talvez seja hora de reconsiderar tudo isso, Beatriz. Essa relação parece perigosa — ponderou Júlia, preocupada.
— Não, eu não vou abrir a mão do que sinto! — defendeu-se Beatriz com firmeza — Não importa o que os outros pensem.
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DIA 16/09 – SEXTA-FEIRA (ANTES, ERA UM DIA ESPECIAL)
Três meses se passaram desde a briga entre Beatriz e seus pais, e a dinâmica da casa ainda era um mar de desconfiança e melancolia.
Seus pais, apesar da tristeza, foram convidados a tomar aquela decisão, pois sabiam que foi o melhor para sua filha.
Marlon, definitivamente, não era adequado para estar na vida dela.
A data 16/09 era sempre especial, pois era o aniversário de Beatriz.
Porém, naquele ano, a atmosfera foi impressa de tristeza, mais próxima de um velório do que de uma celebração de aniversário.
— Bia, hoje você está completando 17 anos! O que faremos para comemorar? — Disse sua mãe.
— Velas e flores? Talvez um caixão cor-de-rosa? — Beatriz ironizou.
— Querida, você realmente não entende o que fizemos? — disse sua mãe, com os olhos cheios de lágrimas.
— Não tenho mais privacidade em casa, mas se ainda tenho algum direito, gostaria de ficar sozinha. — Beatriz disse, deixando sua mãe com um peso de culpa, mesmo que ela soubesse que estava apenas protegendo a filha.
Beatriz, por outro lado, mal olhou para o rosto de sua mãe.
Apesar de sentir a ferida em sua alma, ela acreditava que era a única vítima daquela situação.
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MARLON COLOCA SEU PLANO EM AÇÃO — O INÍCIO
— Júlia, preciso da sua ajuda — disse Marlon ao telefone — Vou te entregar um dinheiro para comprar bolo, docinhos… coisas assim. Dirá à mãe da Beatriz que é uma festa surpresa.
— Ei, calma aí! Você não pode aparecer na minha casa…
— Obvio que não! Durante a interação pedirei que ela saia e me encontre na rua de trás.
— Não sei, Marlon, isso é arriscado.
— Júlia, imagina se sua amiga descobrir o segredinho nosso? E, agora, você tentando impedir que eu e ela nos veja. Com certeza, ela pensará que você ainda quer algo comigo.
Júlia sentiu uma onda de raiva. Como ele poderia ser tão manipulador? Ela se viu obrigada a concordar com o plano, mesmo sabendo que Marlon era uma pessoa detestável.
Ela pegou o dinheiro de Marlon na esquina de sua casa, foi até uma padaria e comprou um bolo, docinhos, salgadinhos e refrigerantes.
Em seguida vai até a casa de Beatriz e diz para Rosa que fará uma pequena comemoração na casa dela para o aniversário de Beatriz.
Rosa hesita e pede um minuto antes de decidir, ela liga para Márcio.
— Alô, Márcio! A Júlia está aqui e quer que eu libere a Beatriz para ir à casa dela para uma festa surpresa.
— Não sei, Rosa! — Márcio hesitou — Quem mais vai nessa festa? A avó dela estará em casa?
Rosa fez as perguntas a Júlia, que respondeu que seria apenas ela, a avó e mais duas amigas.
Então, Márcio e Rosa concordaram em permitir que Beatriz fosse, com a condição de que Rosa a levaria e a buscaria, e que Beatriz não saísse da festa.
A avó de Júlia se retirou para o quarto, desejando dar privacidade às meninas. Beatriz parecia uma sombra de sua antiga autoconfiança.
Ela havia perdido peso, seu cabelo, outra hora exuberante, estava ressecado e preso em um simples rabo de cavalo, e nenhum traço de maquiagem adornava seus lábios. Ela não parecia a mesma pessoa.
Beatriz sentou-se ao lado de Júlia no sofá e perguntou onde estavam as outras amigas.
— Não há outras amigas, Beatriz! Era preciso fazer parecer que esta festa era verdade.
Beatriz olhou para a amiga com um olhar confuso, pois, afinal, havia bolo, doces e todos os outros elementos de uma festa.
— Como assim? Isto aqui não é uma festa? — Disse, perplexa.
— Mais ou menos — disse Júlia.
Beatriz ficou ainda mais confusa, mas sua apatia era tamanha que, em circunstâncias normais, teria explodido de raiva e feito perguntas acaloradas.
No entanto, naquele momento, ela apenas olhou para sua amiga com um olhar vago.
— Marlon disse que precisa falar com você, por isso sugeriu essa festa. Às 20h, você sai pelos fundos e o encontrará na rua de trás.
— E se sua avó perguntou por mim? Minha mãe me proibiu de sair da festa.
— Duvido muito que minha avó perceba! Mas não é para morar lá, né? De qualquer forma, direi que está no banheiro e mando mensagem para Márlon e você vem imediatamente.
Naquele momento, o olhar vago e melancólico de Beatriz deu lugar a uma faísca de emoção.
Ela mal comia, mas um apetite surgiu ao ouvir a notícia.
As duas amigas, entre sorrisos e conversas, começaram a saborear os salgadinhos, o bolo e os doces até que o relógio marcasse 20h e Júlia recebesse uma mensagem de Marlon.
— Diga a Bia para vir, estou aqui esperando — disse Marlon.
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Marlon tinha um plano, mas até que ponto ele estava disposto ir?
Beatriz prestes a tomar uma decisão que mudaria para sempre o curso de sua vida!
O que será que Marlon tinha para dizer a Beatriz?
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Andrógeno
/Puke//Puke/Que menina burra
2023-11-29
1
Andrógeno
Ele é horrível, realmente um manipulador/Puke/
2023-11-29
1
LadySillver34
será que vai dar certo a fuga?
2023-09-26
3