Desastrada

Eu acordo estava apertada para fazer xixi.

- Sr?

- Sr?

O quarto está silencioso.

Passo a mão pela cama. Mas está vazia.

Eu ainda estava vendada.

Mas tinha medo tirar a venda e ele ficar bravo.

Ele parecia ter me aceito em sua casa.

Não poderia chatea - lo.

Pois não tenho mais ninguém para me ajudar.

Me levanto tateando até achar a porta.

Eu abro a porta.

Mas não sei para onde devo ir. Eu nunca nem vi como era a casa.

- Sr?

- Sr?

- Sr?

Sem resposta. Eu estava apertada.

"Preciso mesmo ir ao banheiro, eu penso"

Vou tateando a parede, passo por um vão que deve ser uma porta.

- Sr?

- Sr?

- Sr?

Continuo andando, andando.

A parede acaba.

Não acho mais paredes.

"Ai e agora, eu penso"

Continuo andando com os braços a frente do corpo.

Bato meu pé em algo e me desequilibro e ...

"Paft"

Caiu em cima de algo de vidro que se quebra.

- Malu!

Ele grita.

- Nossa!

- Espera vou te ajudar.

Minhas pernas estão ardendo.

- Desculpe o que eu quebrei.

- Eu... eu...pago.

- Não estou preocupado com isso Malu..Mas com você.

- Você se cortou! Vou precisar lavar e tirar os cacos com calma.

- Foi tão sério assim?

Eu pergunto.

- Infelizmente foi.

- O que você ia fazer?

Ele pergunta.

- Eu procurava o Sr. Eu quero fazer xixi.

- Mas Malu o banheiro fica no quarto.

Ele responde.

- Eu não tirei a venda. Não sabia se estava sem a touca.

- Não quis arriscar de ver seu rosto, mesmo que sem querer.

- Isso é ótimo.

- Mas não quero que se machuque.

Vou por a touca. Só um minuto.

- Pronto.

- Tire sua venda.

- E vá ao banheiro. 1° porta a esquerda.

Eu saiu correndo, estou mesmo apertada.

Quando me sento no vaso, minhas pernas estavam bem machucada, o sangue escorria.

Tinha vários cortes.

O piso do apartamento era todo branco, estava com várias gotas de sangue pelo chão.

- Sr. onde acho um pano para limpar o chão? Sujou de sangue.

- Pode deixar eu limpo.

Eu estava acostumada a fazer tudo. Era estranho para mim. Mas fiquei calada.

Dom Carlo estava varrendo os cacos de vidro.

- O que eu quebrei Sr.

- Uma mesa de vidro.

Ele diz tranquilamente.

- Eu lhe pago tah. Me diga quanto que...

Ele me puxa e me beija com desejo.

- Não quero que pague nada, Maria Luiza.

- Foi só um acidente.

- Por favor vá para o banheiro e lave sua perna. E me aguarde na cama, seu quarto é na penúltima porta a direita.

- Já estou indo olhar os cortes.

- Só vou limpar o sangue no chão.

Eu vou para o quarto.

Ao passar no corredor vejo que tem o banheiro que eu usei, um escritório na direita , uma porta fechada a direita, e mais duas portas também fechadas a esquerda.

Vou para o banheiro e lavo as pernas com sabonete e seco com a toalha. E me sento na cama.

Dom entra com uma maleta de primeiros socorros na mão.

Um dos cortes ardia muito e escorria sangue.

- Malu vou precisar dar um ponto nesse corte.

- Ah não. Tenho medo de agulhas.

Eu digo com medo.

- Não tem o que fazer. Precisa suturar, o corte foi profundo.

- Vou passar um anestésico para não doer. Tudo bem?

- Sim.

Eu digo com medo.

- Vou pegar o kit para sutura.

- Você deu sorte, eu trouxe para casa essa semana.

Ele sai e retorna com uma maletinha cromada.

- Vou precisar tirar a touca. Por favor feche os olhos. Mas se por acaso for querer olhar. Me fala que eu pego a venda.

- Não precisa. Eu digo.

Eu fecho os olhos, e coloco a toalha no rosto.

- Tirei a touca. Ok?

Eu balanço a cabeça, dizendo sim.

- Vou higienizar, vou passar o anestésico spray.

- Enquanto faz efeito vou cuidar dos outros cortes.

Ele vai higienizando e conferindo se não tem cacos de vidro. E onde tem ele retira.

- Vamos ver se já pegou a anestesia.

- Está sentindo?

- Não.

- Ótimo.

- Vou suturar. É bem rápido.

- Pronto terminei tudo.

- Vou por a touca.

- Pode olhar.

Meu olhos cruzam os seus. Os seus olhos são negros. São marcantes e diferentes e seus lábios fino, sua pele branca.

Isso é tudo que consigo ver do meu dominador.

Não consigo parar de olhar para seus olhos.

Seus olhos são lindos, diferentes e misteriosos.

- Olhos negros são a cor mais rara no mundo. Menos de 1% da população tem essa tonalidade.

Ele diz, como se pudesse ler os meus pensamentos.

- Malu eu saiu hoje para o hospital as 6hs. Eu entro as 7hs.

- De segunda, quarta e sexta eu volto para casa as 13h30.

- Nas terças e quintas eu entro as 19hs e saiu as 6hs. Mas as 7hs começo o trabalho do dia seguinte.

- Entendeu?

- Sim Sr. Bem puxado!

Eu digo.

- Estou acostumado.

- Nos horários que você sabe que estarei chegando coloque a venda. Não quero chegar cansado e ter que colocar a touca.

- Outra coisa na quarta e sexta. Tenho uma diarista ela lava, passa minhas camisas e limpa a casa.

- Eu posso fazer isso!

Eu digo.

- Você pode. Mas não vai.

- Outra coisa...se perguntarem quem você é, diga que é minha namorada. Não vai sair por ai dizendo que é minha submissa.

- Pode deixar.

Digo sorrindo.

- Você tem livre acesso pela casa. Exceto meu quarto. A última porta a esquerda.

- No meu quarto só entre se eu te convidar.

- Entendeu?

- Sim Sr. Mas eu achei que estivesse em seu quarto.

Ele começa a rir.

- Meu quarto é um lugar sagrado.

- Vai demorar muito para você entrar lá.

- Não quero estranhos em minha casa.

- Se tiver que receber alguém e for muito urgente, deve me pedir primeiro.

- Sr não tenho amigas e nem família. Talvez a minha mãe. Mas acho que vai demorar para ela vir me visitar. Ela é quase uma prisioneira.

Digo com tristeza.

- Ok. Estamos apenas alinhando as coisas.

- Na dúvida não decida sozinha. Me ligue.

- Vamos dormir. Eu levanto daqui a pouco.

- Ta bom. Boa no..

Ele me puxa pela cintura e me beija.

- Bom sonhos minha menina desastrada.

Eu me viro de costas em direção a cama, ele me dá um tapa no bumbum.

E sai andando, rindo e levando suas coisas.

Eu me deito e logo adormeço.

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