Não estou a morrer de fome, a verdade é que seja lá quem faz a comida não está a deixar nada sobrar para minha pessoa. Sorte sempre ter pão, eu estou a fazer mistos e tomando suco. Poderia cozinhar, porém, não sei mexer nesse fogão chique que nem tem uma botija de gás, é tudo no dedo, tenho medo de colocar fogo na casa ou estragar.
Reparei que aqui cada um cuida do seu serviço e não se ouve barulho, é como se ninguém estivesse em casa. Tita não falou mais comigo, ela não veio me ver. Estou com dor de cabeça, imagino que seja pela falta de uma comida sólida. Preciso achar alguma coisa para entreter a mente, livros seria uma boa, mas onde os tem? Esfreguei as têmporas, tomando coragem para sair do quarto e bater de frente com as duas mulheres najas, não posso viver escondida como se tivesse medo delas. Eu preciso mostrar quem manda aqui. Bem, sabemos que é Leander, já que ele negligencia a esposa, a frase é: "Eu que lute!" Com este pensamento, me permito sair do quarto.
— Olha ela aí?— Revirei os olhos ao ouvir a voz da tal Nice
— Moro aqui, esqueceu? — Rebati.
— Verdade, mas não deve esquecer que Karen também mora! Bem, o seu marido estava novamente com ela, eu disse ele gostar muito dela, sei não, mas você deveria pedir logo o divórcio.— Cruza os braços em afronta. A magrela vestida de uniforme azul, tem realmente farpas na língua.
— Está muito preocupada com meu marido. Sei não, mas parece querê-lo também? Acho melhor você ir rápido, vou deixar essa disputa para você e Karen, e se não reparou, eu pouco me importo com isso! Não preciso de divórcio, obrigada pela preocupação.— A porta que estava trancada é aberta e os meus olhos quase saltam para fora.
— Fernando Salazar, está aqui?— Faço a pergunta em sussurros.
— Ora, Ora, está assustada porque conhece o senhor Fernando, estou certa patroinha?— O homem aproxima-se rindo, confesso perder a respiração e ficar travada no lugar que estou.
— Flora, como está? — Preciso me mover, puxei a minha respiração até normalizar para responder:
— Senhor Salazar? — Então Fernando Salazar é amigo de Leander? Céus, esse homem frequenta aqui? Estou ferrada, penso a ouvir:
— Eu mesmo, acredits que Nice contou-me que Leander havia se casado com uma caipira bonita, mal arrumada e eu não pensei ser você.
— Sou a senhora O'Reilly!— Digo olhando nos olhos dele. O homem passa a língua nos lábios antes de responder:
— Eu confio em você vou te contar um segredinho.— Dei dois passos para trás quando ele aproximou-se mais de mim.
— Nice é uma garota muito boa, ela deve-me muitos favores. Eu arrumei-lhe este emprego, pois paga bem e ela ajuda na casa, mas a partir de agora ela será meus olhos e ouvidos, ela cuidará de você.
— Não preciso que ninguém cuide de mim, senhor!— quase gritei. Que merda esse homem está a falar, e porque quer vigiar-me? Agora posso pagar a dívida do meu pai. Penso, porém, a sua voz ecoa:
— Acredito não ter explicado direito. Nice vai falar tudo que você fizer e se você falar com Leander sobre o que tenho contra seu querido papai, eu vou matá-lo, matar a sua tia e você!— ele puxa um sorriso tão tranquilo e frio que eu levo a mão ao peito, para acalmar o coração. Porque ele está a fazer isso comigo? Seja forte, se abaixar, ele saberá que é fraca. Engoli a seco, e rebati:
— Estou casada, o senhor não pode entrar aqui e me amea.... Aí... está me machucando.— tentei soltar meu pulso, mas ele segurava forte.
— Se falar qualquer coisa, eu juro que irá se arrepender, está ouvindo? Teste a minha paciência e terá o sangue dos seus em suas mãos.
— Eu não tenho nada para falar, está me machucando, solte-me. Eu não desejo a morte dos meus. Aí…
— Entendeu?— ele apertou mais e eu assenti:
— Sim!
— Ótimo!— Falando isso ele soltou o meu pulso, esfreguei o pulso vermelho a sentir dor.
— Eles já dormiram juntos, Nice?
— Não! Ele ainda dorme com Karen. — Nice tem prazer em falar isso.
— Isso é muito bom, sabe? Eu quero o que é meu de direito, já que seu pai descumpriu a palavra para comigo. O Leander pode ter você, mas será depois que eu tirar a sua virgindade, Flora a sua primeira vez será comigo!
— "Não! "— Quase gritei.
— Sim, sim! Ou…— Olhei para a porta de Leander e nada dele abri-la
— Ele não vira e sabe que não dá para ele ouvir nada, está com fones em reunião. Flora é sempre assim, ele não se importa com ninguém a não ser com os negócios que tem!— Eu não tinha argumentos válidos, afinal, nem para saber se eu estou comendo ou bebendo ele veio.
— Não vai mandar-me fazer café para ela, nem servi-la, né?— Nice odeia-me e não esconde. Porquê tanto ódio? Eu nada fiz. Penso observando os dois, e Fernando diz:
— Porque eu faria isso? — Puxa um sorriso como se gostasse de saber que Nice não fará nada para mim.
— Ótimo, eu gosto da Karen, ela deveria ter sido a esposa do senhor da casa.
— Eu também queria isso, Leander realmente surpreendeu-me. Eu trouxe você, e você indiretamente foi responsável pela vinda de Karen. Imaginamos ele se apaixonar e casar com ela, mas ele tinha que conhecer a minha Flora e tomá-la de mim. — eu somente ouvia tentando digerir tudo que eles falavam. Então ambos armaram para a vinda de Karen? Porquê fizeram isso? Porém, eu não ia deixar que ele pensasse ser dele.
— Ele não tomou-me do senhor, porque eu nunca fui sua! — Cuspi cada palavra com ódio.
— A palavra do seu pai dizia que era!
— O meu pai não sou eu! Eu não me tenho como objeto, senhor! Irei pagar-lhe, pois agora tenho dinheiro. — Kkk o homem ri.
— É um objeto e Leander está provando isso, ele trata a amante como esposa e você como um nada. Peça o divórcio e fique comigo, eu irei cuidar-te, minha linda Flora. Eu não preciso do seu dinheiro, tenho o suficiente para dar-lhe tudo que quiser. — Bato na sua mão quando tenta tocar meu rosto.
— Não toque-me!— afastei-me dele.
— Tenho que ir, veremos em breve Florinha!— Rangi os dentes pela ousadia do sujeito de chamar-me de Florinha.
— Nice, minha querida, estou a ir! Cuide da Florinha, sabe que eu voltarei para buscar o que é meu! — Ele beijou o rosto de Nice e saiu em seguida.
— Trate muito bem o senhor Fernando, se não irá se ver comigo.
— Ouça aqui garota petulante, não me provoque ou verá do que sou capaz. Eu não tenho medo de você, Nice, cuidado comigo porque posso ser pior que Fernando. — Dei uma batida no ombro dela e segui até a cozinha. Assim que cheguei, abri a geladeira procurando por comida.
— Não tem nada pronto, digamos que dei para os seguranças, eles também comem sabia?— Parece uma praga essa mulher.
— Ensine-me a usar este fogão, agora!— Tentei impor e ela riu alto.
— O senhor não lhe autorizou a mexer na cozinha. Senhora, aqui quem pode mexer no fogão sou eu, a Tita e mais ninguém! — dei o meu melhor sorriso.
— Pega esse fogão e come! — xingando a naja saiu da cozinha.
— Droga, que merda de casamento esse que eu fiz?- Murmurei, peguei presunto de peru, muçarela e senti meu estômago revirar, não aguento mais comer isso.
Como dizem: é o melhor que está tendo. Fiz o meu misto e comi. Como sei que não terei o meu jantar, decidi explorar a casa
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Que casa grande! Digo após adentrar em uma sala enorme com TV, ao meu ver é uma sala de cinema, isso sim. A sala de jogos é enorme, tem de tudo para entreter. Gente os cômodos são imensos. Havia embaixo da escada um quarto menor, a outra porta dava para um escritório, a outra seguia para um negócio que chamam de espaço gourmet. Segui passo por passo vendo o luxo dos móveis ali, tinha até uma enorme área de churrasco. Achei interessante uma porta que ficava na lateral da casa.
'Deve estar trancada' Penso levando a mão na maçaneta, dei um sorriso ao ver que estava aberta.
Uma rampa? Questionei e me frustrei assim que vi que ela dava uma porta trancada.
— Droga, porque tinha que parar aqui?— Perguntei olhando para todos os lados, mas ao subir a cabeça vi um buraco que cabia a minha pequena pessoa. A pergunta é: como eu alcançaria ele? Poderia fazer igual nos filmes, abrir as pernas encaixando na parede e ir subindo. O problema é que: se eu cair, eu vou rasgar no meio,kkk.
Ideia deletada, tinha que deletar, afinal, nem tamanho para isso eu tenho! Voltei pelo caminho que havia feito e fui à procura de um banco. Corri até um daqueles bancos altos de bar, peguei-o e voltei para a rampa.
Se você cair, vai morrer de dor sozinha. Fernando, Nice e Karen iriam amar. Pensei ajeitando o banco, subi no mesmo e fiquei nas pontas dos pés, ao levar a mão buscando um jeito de entrar, toquei em algo, puxei e era uma corda que chegava até onde estavam meus pés, segurei-a com as duas mãos e apoiando os meus pés na parede, eu consegui escalar. Assim que minhas mãos tocaram no chão, eu respirei aliviada, tive que fazer muita força para conseguir colocar o corpo inteiro para dentro. Mas consegui.
Bati o meu vestido e assim que meus olhos pousaram no lugar eu levei a mão à boca rindo como uma boba. Nem me vi indo a passos largos explorar o local.
Como uma criança, eu girava de um lado para o outro, pois uma biblioteca enorme estava à minha frente. Com direito àquelas escadas que correm nos locais mais altos. Cheguei maravilhada até às prateleiras e comecei a ler os títulos e estava tudo organizado e por ordem. Olhei para cima e sorri feliz ao ver que o teto todo de vidro. Uau! Eu estava a ver o céu lindo! Voltei aos livros.
— Eu nunca li um livro de terror!— Digo passando o dedo nos vários exemplares, segui até a próxima prateleira e um livro chamou-me atenção.
"COMO EU ERA ANTES DE VOCÊ DE JOJO MOYES!" Li a capa a puxá-lo para minhas mãos. Olhei para os lados e tinha um Puff daqueles redondos e fofos que parecia uma cama, ao lado dele tinha um frigobar. Abri a porta e dentro dele tinha água e 04 Gatorade de limão.
— Pena não ter nada para comer? — Digo e jogando-me no Puff. Dei um suspiro e ao abrir a primeira página navego para o maravilhoso mundo da imaginação.
Passei o restante da tarde perdida na personagem de Luisa Clark. A garota de 26 anos sem ambição na vida. Tomei dois Gatorade e duas garrafas de água mineral, nem sabia que horas eram ao certo, só olhava para o céu vendo que as estrelas já o cobriam. Marquei a página e resolvi explorar o restante do lugar.
Na minha frente havia uma porta grande, girei a maçaneta e ela estava trancada. Olhei em todos os cantos em busca das chaves, não encontrei, mas tinha uma janela que estava aberta, pulei para o outro lado, vendo um escritório enorme com mesa chique, computador moderno, armários, tinha outra porta e ao abri-la deparei-me com um banheiro. 'Outra porta grande!' murmurei indo até ela.
— Gente, oh lugar que tem portas. Balancei a cabeça em negativo e esta porta também estava fechada. — Que droga ninguém vem aqui não?— Fiz a pergunta e sem ter uma resposta, fui em busca de uma outra passagem, encontrei outra janela e ao passar para o outro lado...
— Uau, isso aqui é uma estufa?— Sigo para perto da estufa a abrir a porta já sentindo o cheiro das rosas. Maravilhada eu observava os vários vasos com rosas vermelhas, outros tinham orquídeas lindíssimas. — Céus é lindo! — Senti um aperto no peito ao ver que algumas estavam murchas e caindo as folhas. — Será que ninguém está vindo regar vocês‽ Perguntei a ligar uma torneira.
A tecnologia é algo mágico mesmo! Falei ao ver que por cima de cada vaso caia um pequeno chuveiro de água banhando-as. O interessante é que nem bagunça fazia. Assim que vi que tinha molhado o suficiente, desliguei a torneira.
Por mais que eu quisesse ficar para cuidar das flores, sabia não poder, infelizmente, já era hora de descer. Pulei as janelas e fiz o caminho até chegar ao buraco onde eu tinha subido, segurei a corda e desci, os meus pés não tocam no banco.
— Meu pai, e agora? Cadê o banco? — Sussurrei para o nada.
— Você é realmente surpreendente.— Arregalei os olhos e tentei subir novamente ao ouvir a voz de Fernando abaixo de minha pessoa.
— NÃO…— gritei ao ter os pés seguros pelas duas mãos. — Solte-me, eu irei cair!— Gritei sendo puxada como uma boneca. Tentei agarrar a corda para não cair nos braços do maldito homem, mas Fernando Salazar é muito mais forte que eu, é uma decisão tola, mas é o que me resta fazer.
— Leander, Leander socorro? Socorro…— No desespero eu só consegui chamá-lo.
Leander por favor ouça-me, Fernando irá ferir-me Leander salve-me. — Socorroooo…
...****************...
Continuação com Flora parte 02...
Obrigada aos que estão a ler, e... Beijos no coração ❤️❤️❤️
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Atualizado até capítulo 74
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Comments
Any Carvalho
kkk
2024-03-19
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