Cap. 07 Flora... O que será de mim?

O meu coração parecia que iria rasgar o peito a qualquer momento. Leander O'Reilly é meu marido! Céus, ele é o homem que meu pai não ajudou? Sinto um amargo na boca. Casei-me para saciar a vingança de um homem ferido e cheio de ódio?

Mas porque, não me senti mal com isso? Ele tirou os óculos e eu ergui a minha cabeça, pois o homem é extremamente alto. Queria abraçar o meu corpo, pois o seu olhar transmite desdém e uma frieza que fere até minha alma. Céus, ele odeia-me.

Ainda com nossos olhos presos um ao outro encontramos-nos. Os olhos dele são lindos, uma raridade. Violetas, na claridade e pela luz das velas mostram vermelho sangue. O homem é um charme. Na vila não tem nenhum homem clamoroso assim. Ele pisca os olhos lindos. Porque ele esconde algo tão lindo? Será que ele sente vergonha dos seus olhos? Não, lembro-me de meu pai chamá-lo de olhos de besta. Deve ser isso. Ele deve ter traumas demais para ver que seus olhos são lindos! 

Como é grande, eu não aguentaria ele em cima de mim! Ainda bem ele dizer que é um casamento de mentira. Mordo o lábio só em pensar no que a coisa dele poderia fazer comigo. Hoje vendo nossos tamanhos e seu porte físico faço jus a frase: "Se fez é porque cabe!" Será que cabe mesmo? Quase balancei a cabeça em negativo. Onde já se viu pensar isso, em meio a mil coisas que poderiam acontecer comigo?

Desci o meu olhar discretamente e mesmo involuntário prendo um suspiro de deleite, nem em todos os meus sonhos eu poderia imaginar casar com um homem tão lindo como este. Que loiro lindo! O nariz bem desenhado, boca feita a pincel, cílios cheios, sobrancelhas grossas, rosto quadrado seguindo pelo queixo quadrado, uma pele linda ele é perfeito demais até de se olhar! Uma muralha humana, o terno feito sob medida não deixa nada a desejar, meu marido é sarado, tenho certeza que malha e muito, o homem seria uma versão de Apolo o deus da beleza! Leander O'Reilly exala masculinidade e virilidade. Fecho os olhos para inspirar o seu perfume e sinto a minha pele formigar. Ele puxa um sorriso…

— Enfim, casados por vingança! — Juntei os meus punhos a travar a boca de raiva — Os convidados são seus,  vou ter com eles, e você se vira! Ah, e não tente fugir com o papai. —  Estudei o meu peito.

— Não irei fugir, senhor! Por vingança ou não, sou sua esposa e essa casa é minha! — Continuei firme, quem ele pensa que é para tratar-me como fugitiva?

 — Não se sinta como dona desse lugar. Aqui você não manda em nada. E saiba que não é a única mulher que esquentará a minha cama. 

— O quê? — Ele sorri um sorriso maldoso antes de falar:

— Não é exclusiva senhora Flora! — deu-me as costas deixando-me com a baba escorrendo por sua beleza e com dúvidas sobre que mulher falava. 

Não sou exclusiva! Merda, o que esse homem está a planejar fazer comigo?

— Flor, minha filha. —  Sai do torpor o qual encontrava e corri até meu pai que estava sendo amparado por dona Nina, pela minha tia. Ao lado delas estava o senhor Gil, marido de dona Nina. Os dois e a minha tia foram meus padrinhos. Meus únicos convidados, aliás! Veruska recusou-se a vir e agora devo ser grata por isso ter acontecido.

— Poderiam por favor não contar o que aconteceu aqui? — Peço e encaro a casal que assente.

— Sabemos da luta de seu pai para te criar, não sabemos o que houve, não estamos aqui para julgar o que aconteceu em seu casamento. —  Dona Nina lança um olhar de confiança.

— Ela deve estar com receio da língua da nossa filha! —  Desviei o olhar para o senhor Gil.

— É que ela não gosta de mim!— afirmei meio sem graça.

— Não se preocupe, sabemos que a mimamos demais, também não demos limites. Não contaremos, ninguém saberá o que aconteceu aqui!

— Obrigada senhor Gil! — Ele assentiu e eu ajoelhei-me em frente ao meu pai.

— Está tudo bem papai?

— Não, não está. Era para ele estar morto! — diz parecendo querer acreditar nisso.

— Ele está vivo, meu pai e agora vocês dois estão quites. Ele tirou-me do senhor para lhe fazer sentir a dor que ele sente. Não se puna mais, acabou.

— Eu devo pagar, não você minha doce Flora! - Forcei um sorriso fingindo tranquilidade.

— Sabe? Eu sempre quis um casamento com um cara que fosse diferente dos rapazes da vila e consegui!

— Pare de brincar, ele irá te usar, ele vai...—  Meu pai leva as mãos ao rosto e chora.

— Eu sei me defender, deve confiar sempre nisso!

— Eu confio em você, só não confio nele. Filha, ele está vivo!— Abracei meu pai e sussurrei em seu ouvido:

— Está aliviado por isso?

— Não sabe o quanto!— sorrio agarrando-lhe. 

O meu pai está aliviado, sei ter tirado um peso das costas. Naquela noite os olhos de Leander assustaram o meu pai bêbado, eu acredito que ele não contou tudo. Não vou questionar agora, para tudo há seu tempo. E na hora certa irei descobrir o que o meu pai esconde! 

— Bem, boa noite!— Ouço a voz de uma mulher! Soltei-me do meu pai e ergui a cabeça. Uau, confesso que nunca tinha visto uma morena tão linda assim na vida. Ao lado dela estava um alemão alto, forte e o menino que entrou ao lado da noivinha estava no colo do homem. O garoto é pardo de olhos azuis, ele parece mais com o homem.

— Boa noite! —  Digo a levantar.

— Sou a senhora Fernanda Smith, este é meu marido, o senhor Dener Smith e este pequeno é o nosso...

— Olá senhora, eu sou o Dener Filho! — Sorrio ao ouvi-lo se apresentar.

— Olá, você é muito lindo!— Digo e ele dá um sorriso lindo. —  Eu sou Flora Hernández, prazer. — A criança deita no ombro do pai e a senhora gentilmente segura a minha mão.

— Flora, peço que seja paciente com Lean! —  Ela diz meio sem jeito. Assenti dando meu melhor sorriso. Ela soltou a minha mão. 

— Amor vamos?— O marido chama e eles saem de perto de nós. Este é o casal que assinou como padrinhos de Leander! Observo-os indo para um local que está com uma tenda. 

— Olá, menina? —  Uma senhora morena bem vestida se aproxima com um senhor também muito bem vestido, as alianças em seus dedos provam que ser casados.

— Senhora, senhor! —  Digo.

— Sou a Tita e este é meu marido Juarez! 

— Prazer sou Flora Hernández, este é meu pai Lauro Hernández, a minha tia Ruth Moreira e esses são os meus amigos e agora padrinhos, o senhor e a senhora Silvino! —  Faço as apresentações. Os dois também foram padrinhos de Leander. Eu optei por dois padrinhos.

— A recepção está sendo ali! Podem comer e beber à vontade, não precisam ficar aqui — a senhora mostrou o local e sorriu-me. Porém, eu não estou com ânimo para nada. 

— Não estamos com fome, prefiro ir para casa e levar a minha filha comigo! 

— Infelizmente o senhor não sairia daqui com ela, mas não se preocupe, eu vou cuidar muito bem dela! 

— Ela não estará segura aqui, a senhora não entende?— o meu pai levantou-se e levou a mão ao cabelo em desespero.

— Era para ter sido André, porque eu não vi que tinha algo errado? Eu só queria proteger a minha menina e a minha família!

— Bem, André é o segurança do senhor Lean, ele também resolve assuntos de negócios. Ele seria o terceiro braço direito do patrão, os dois primeiros são o casal que esteve aqui!— Pego-me gargalhando sem parar.

— Fomos feitos de tolos, devo admitir que o senhor O'Reilly é muito inteligente! —  Digo fechando o rosto.

— Meu pai, vá com o senhor Gil, irei vê-los assim que puder! 

— Não posso deixar-te! —  Diz a abraçar-me forte, prendendo-me num abraço protetor.

— Sei me cuidar, deve se preocupar agora com o senhor e com a minha tia!— Soltei-me de seu abraço e ele assentiu. Com o coração quebrado e com a certeza que serei infeliz, beijei minha tia, abracei a dona Nina e vejo-os indo em direção ao carro. O meu pai e a minha tia não paravam de acenar. Prendendo as lágrimas e fingindo um sorriso tranquilo eu acenava de volta. Fiquei a observar até ver o carro sumir das minhas vista.

— A senhora precisa comer! 

— Eu preciso de uma cama, preciso ficar sozinha para digerir tudo que aconteceu hoje! 

— Irei levá-la para seu quarto! Querido, não irei demorar —  a senhora Tita fala com o marido. Vamos! — assenti e ela enlaçou o meu braço. 

Sorrio ao ouvir a música que toca, a letra sofrida parecia direcionada a minha pessoa. Ignorei tudo a minha volta e sendo guiada pela senhora só uma coisa consigo pensar:

"O que será de mim?"

*****************

Continuação com Leander...

Obrigada aos que estão a ler, e ... Beijos nos corações ❤️❤️❤️

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***