O Adeus

Noah

Quando eu estava quase transando com esse Deus Grego, eu escutei a porta abrindo e ouvi a voz dos meus irmãos, se teve alguma vez que eu senti vontade de matar os dois, realmente foi agora. Ruivo, se afastou e virou de costas tentando disfarçar a enorme ereção. E eu não estava muito diferente.

— Noah, a gente achou, a gente achou ele, finalmente. — Raul entrou na cozinha falando depressa.

— Ele? Ele quem? Do que você está falando? Não era para vocês estarem na casa do amigo de vocês da escola? O que vocês estão fazendo aqui?

— A gente achou ele e veio para cá para você dar dinheiro pra gente ir lá.

— Como assim vocês saíram de madrugada e voltaram pro morro? Estão ficando doidos?

— Precisamos de dinheiro.

— Ah, que novidade, vocês sabem que eu não sou caixa eletrônico né? E para que vocês querem dinheiro? Quem foi que vocês acharam pelo amor de Deus?

— Nosso pai né Noah, a gente achou ele, vamos atrás dele e ele vai tirar a gente desse inferno.

— Espera aí? Eu estou trabalhando que nem um filho da puta desde os quinze anos, para dar o melhor que eu posso pra vocês, e eu nunca ouvi uma palavra de agradecimento, um olhar de carinho, um abraço nem nada ainda agem pelas minhas costas indo atrás de um cara que abandonou nossa mãe, abandonou vocês? Ele tem mais importância e valor pra vocês do que eu?

— Ele tem mais dinheiro com certeza. — Rael diz bravo.

— E ele provavelmente não se envolve com bandido, e aí? Vai dar o dinheiro, ou não? — Raul questiona.

— Qual é moleque? Está a fim de perde os dentes? — Ruivo se intromete na conversa.

Merda era só o que me faltava, esses dois idiotas vão acabar morrendo falando assim com quem não conhecem. Segurei no braço do Ruivo e olhei pra ele implorando.

— A gente pode se falar amanhã? Eu preciso resolver isso.

— Tudo bem, melhor eu ir mesmo, se não vou acabar mostrando pra esses dois como eu respondo quem fala comigo do jeito errado. — Quando ele viu a minha cara de assustado, pra me acalmar ele me puxou e me deu um selinho. — A gente se fala pequeno.

E ele saiu, mas antes deu uma boa olhada para os gêmeos que se tremeram todo. Depois que ele saiu, eu olhei para os meus irmãos.

— Então é isso, vocês querem ir atrás daquele homem?

— Sim, ele mora num condomínio perto da casa do Tavinho, nosso amigo. Mas é longe e precisamos de dinheiro para o táxi.

— Tudo bem, eu vou dar o dinheiro. Espero que valha a pena. — Peguei a carteira e entreguei o pouco dinheiro que ganhei naquela noite, se eles querem ir, que vão, eu não vou obrigar eles a ficar aqui quando eles claramente não querem ficar.

Naquele momento me senti tão cansado, como se tudo que eu tivesse feito até agora fosse inútil, percebi que eles realmente não me amam, eles não me apreciam nem um pouco, eu sou só aquele que dá dinheiro para eles e mais nada. Tomei um banho e deitei na cama.

No outro dia era sábado, e eu estava muito triste e deprimido, acho que eu nunca me permiti sentir as minhas dores, nunca pude viver de fato o luto, o cansaço, a tristeza. Só queria dormir e chorar. Liguei para o mercado e disse que estava doente, e não era totalmente mentira, emocionalmente eu não estou bem. Desliguei o telefone e voltei a dormir.

Já era quase meio-dia quando me levantei, fui para cozinha beber água, voltei para cama e fiquei deitado olhando pro nada, passou um tempo e eu ouvi vozes vindo da sala. Fui até lá e eram os meninos.

— E então como foi com o pai de vocês?

— Ele não estava lá, mas a gente deixou recado, com nosso telefone e nosso endereço, ele vai procurar a gente quando receber o recado. — O Rael respondeu.

— Que bom.

Pode até ser, mas ele também pode continuar ignorando os meninos como fez até agora, pode ser até que ele estava lá quando os meninos foram, e ele mentiu porque não queria ver eles. Eu realmente não quero que eles se machuquem, não quero que eles se sintam rejeitados.

— A gente vai para o quarto estudar. Você não tinha que estar trabalhando? - Raul questionou.

— Estou de folga.

Fui para a cozinha preparar o almoço, quando terminei os meninos vieram se servir e foram comer no quarto. Eu comi sozinho como sempre, depois quando estava arrumando a cozinha, ouvi alguém batendo na porta, por um momento quis que fosse o Ruivo. Mas nada na vida e como a gente quer.

Na porta tinha um homem alto e muito bonito, claramente era rico, pela roupa e o jeito, sem falar que ele era a cara dos gêmeos.

— Boa tarde, estou procurando a casa do Raul e do Rael? Eles são filhos da Monica.

— Eu sou irmão deles.

— Sua mãe está? Gostaria de falar com ela.

— Minha mãe está morta a quase dez anos. — Falei sem paciência.

— Eu sinto muito, não sabia.

— É, tem muita coisa que você não sabe.

Ele fingiu não entender a indireta e continuou.

— E a dona Antônia, ela está aí?

— Minha vó está morta também, ou seja, é só eu e os gêmeos, o que você quer?

— Eles foram me procurar, e eu fiquei feliz, sempre quis saber deles, mas não sabia em que favela sua mãe morava, então era difícil procurar. — Quando eu ia responder os meninos chegaram. — São eles?

Abri passagem para ele entrar, já que ele ainda estava na porta.

— Você veio para que exatamente?

— Quero levar os meninos.

— Para morar com você?

— Não, infelizmente não comigo, minha esposa não aceitou bem essa notícia e não quer eles lá. Quero levar eles para morar com meus pais.

— Vai esconder eles de todo mundo?

— Não, só não vou levar eles para morar na mesma casa que eu. Mas eles vão ter de tudo, eu prometo. Sei que não é fácil cuidar deles, então vai ser bom para você também se livrar dessa responsabilidade.

— Eu nunca reclamei de cuidar dos meninos, mesmo eles não sendo tão amorosos assim. Mas a decisão é deles e eu não vou interferir. O que vocês querem?

— Ainda pergunta, claro que a gente vai né Raul?

— Sim, a gente vai com você pai!

— Ah que bom! Meninos, se vocês quiserem ficar mais tempo, se despedir do irmão de vocês arrumar as coisas, eu venho na segunda buscar vocês.

— De jeito nenhum, a gente vai agora, já deixamos quase tudo pronto, a gente sabia que você ia vir, só dá cinco minutos pra gente. — Rael pede para ele.

Vejo os dois saírem correndo para o quarto sem nem olhar para trás. Pedi para o tal Otto, pai dos gêmeos sentar enquanto eu ia ajudar os meninos a fazer as malas. Quando cheguei no quarto vi que eles realmente estavam com tudo arrumado esperando o pai deles.

— Leva sua bombinha de asma Rael.

— Deixa de besteira que eu não tenho uma crise desde os dez anos.

— Mas leva mesmo assim, só para me deixar mais tranquilo.

A contragosto ele colocou na mala a bombinha, em menos de cinco minutos eles acabaram. Na sala eles abraçaram o pai, com um afeto e carinho que nunca vi eles dispensando a ninguém. E eles foram embora sem nem dizer adeus. Otto ficou lá na sala enquanto os dois entravam no carro.

— Rapaz, eu gostaria de agradecer por ter cuidado dos meninos esses anos, eu preparei esse cheque para você como agradecimento.

— Eu agradeço, mas não posso aceitar, não fiz para receber nada em troca, fiz porque era meu dever, eles são meus irmãos, e eu os amo.

— Eu sei disso, mas mesmo assim fica com o cheque, eu devo muito a você, se você não quiser descontar o cheque é só guardar, mas eu me sentiria melhor se ele ficasse com você. Eu devo isso a você e a sua mãe por tudo que eu fiz, sei que não paga, mas é só o que posso fazer.

Ele disse isso me entregando o cheque e apertando minha mão, em seguida ele saiu e eu fiquei lá na sala, sozinho, olhando para um cheque de cem mil reais em meu nome.

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Comments

Valdileia Da silva castro

Valdileia Da silva castro

nossa até chorei agora quanta ingratidão dos irmãos dele ,nem um abraço?nem um muito obrigado por tudo ? a pior coisa do mundo é a ingratidão e o desprezo de quem nós amamos

2024-04-30

2

Connor

Connor

Se eu fosse o Noah, eu ia meter um fds tão grande pra esses dois, eu to com tanta raiva deles

2024-05-04

0

Ana clara Xavier

Ana clara Xavier

bando de filho...

2024-03-18

3

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