O Baile

Ruivo

Meu dia estava tranquilo, até aquele moleque aparecer. Ele me deixou estranho. Tipo, não tive pena dele, só não queria ver ele daquele jeito, queria ver ele sorrindo. Ele parecia tão cansado, não parecia feliz. O olhar dele parecia apagado.

Tentei focar nos meus B.O. aqui da boca, mas vira e meche lembrava do menor. Achei estranho, acho que a história dele mexeu comigo. E fora que eu estou puto de raiva, já falei que não quero neguinho roubando na minha quebrada, ainda mais cidadão trabalhador. Esses nóia é foda.

Mas vou recuperar as coisas do moleque, o certo é certo. Já descobri quem foi, um grupo de três noiado que estava na fissura para usar droga, para variar ainda estão devendo na boca. Falei para o Juba botar eles nas ideias, vamos receber de um jeito ou de outro, mandei buscar as coisas da lista do moleque tudo, já que o nóia vendeu as coisas e eu não estou a fim de ir atrás, vou comprar tudo novo, e o valor que ficar vou cobrar dos nóia. Mandei entrega tudo na casa do baixinho, mais tarde dou um pulo lá para ver como ficou.

No final do dia eu saí da boca e fui direto lá no trailer do menor, era sábado e o bagulho estava lotado, achei massa. Sentei numa cadeira e logo uma mina mal encarada veio anotar meu pedido. Pedi uma vitamina de açaí pura e fiquei lá esperando.

Noah

Estava mais do que feliz, mas confesso que um pouco aflito, quando cheguei em casa hoje, todas as coisas estavam no lugar, e até a porta do trailer estava concertada. Mas essas coisas não são as minhas, são todas novas, estou confuso e com medo, não sei se eu vou ter que pagar por isso já que é tudo novo. Estava perdido pensando enquanto trabalhava, quando a Lory que estava me ajudando chegou com uma cara estranha.

— Nono, viu quem está aqui?

— Quem gatinha?

Ela apontou para última mesa que estava perto da calçada. Então eu vi o Ruivo mais gato de todos, sentado enquanto mexia no celular. Aquela cara de mal era tão sexy, agora eu sei por que todas as meninas do morro são loucas por ele. Nunca tinha parado pra reparar, mas ele é lindo.

Fiquei reparando nele, ele tem mãos grandes e os braços cheios de veias, pode parecer esquisito, mas eu acho sexy, só de pensar no que essas mãos enormes podem fazer, fico de pernas bambas.

— Credo Noah, que cara de safado é essa? Está a tanto tempo assim na seca que já está alucinando? Falta de dá isso aí... — Lorena fala rindo e apontando para minha bunda.

— Vaca! Sabe que eu bem que queria, mas ....

— Ele pediu uma vitamina de açaí, batido puro, nem preciso dizer que é no copo grandão, faz aí e leva lá para ele, eu cuido daqui, aproveita e pergunta logo das coisas do trailer para parar de surta no meu ouvido.

Fiz a vitamina dele e levei para mesa, fiquei com receio de me sentar com ele, já que ele não tem uma cara muito amigável.

— Boa noite, aqui sua vitamina. — Ele estava distraído quando eu cheguei, ele me olhou e eu dei o meu melhor sorriso. — Quero agradecer por me ajudar, mas essas coisas são novas, as que eu tinha eram de segunda mão, e o senhor não falou o preço, eu não sei se posso pagar.

— Aí, por acaso eu falei que ia te cobrar? Não né, quem vai pagar é quem te roubou. Fica susse, os bagulho é seu, não tem que pagar nada.

— Bom, já que é assim, eu agradeço de novo, e a vitamina é por conta da casa.

— Hum, valeu, vou nessa... — Ele saiu apressado, como se eu tivesse dito ou feito alguma coisa. Será que eu fiz?

Ruivo

Caraí, que porra foi aquela? O moleque sorriu para mim e meu coração bateu mais rápido, fiquei nervoso e sem graça, mas eu achei bom, na verdade eu achei mais que isso. Achei ele bonito, porra! Eu não sou veado, nunca olhei para macho, agora estou reparando no sorriso e no corpo do desgraçado. Merda, hoje eu vou para o baile, preciso transar, isso é falta de foder.

Cheguei em casa e me arrumei, tomei banho, fiz a barba, botei minha roupa, calça preta rasgada, camisa e tênis branco da Nike, minha corrente com o crucifixo, perfume e desci para o baile animado, doido para curtir, beber e pagar umas minas.

Cheguei já subi para a área vip, os moleques já estavam lá, tinha umas minas responsa lá também, uma já veio sentando no meu colo, hoje eu vou me acabar de foder!

Noah

— Nono, cadê os gêmeos?

— Na casa de uns amigos, você sabe que fim de semana eles sempre dão um jeito de fugir daqui.

— Seus irmãos são uns ....

— Chega não fala assim, deixa eles.

— Ah, desisto de você, Nono. Aí, o movimento diminuiu, quando você fechar meia noite, bora pro baile?

— Nem vem biscate, estou cansado.

— Você sempre está, mas amanhã é domingo e sua folga, sem as duas pragas você vai poder descansar o dia todo, fora que você tem que se divertir bicha!

— Sei não Lorena.

— Larga de cu doce Nono, você vai sim, e vai se divertir, e vamos achar um macho bem gostoso para tirar as teias de aranha desse seu buraco aí.

— Ah... Isso aí me interessa, mas sério eu vou sim, quero me divertir um pouco, beber e se aparecer uma paquera, por que não?

Fechei o trailer e fui para casa me arrumar, tomei um banho passei meu hidratante, escolhi minha roupa, não que eu tenha muitas né. Calça clara bem coladinha no bumbum, regata branca por baixo e camisa de botão florida aberta por cima e meu tênis falso da Vans que está bem surradinho. Passei meu perfume, um Glos na boquinha e fui lutar com meu cabelo.

Depois de achar que não estava tão ruim assim, fui para calçada esperar a Lorena. Ela chegou de moto estacionou no meu quintal e seguimos andando. Chegamos lá estava lotado, achei um lugar perto do bar onde tinha pouca gente, a Lory foi buscar bebida e eu comecei a dançar com alguns colegas que chegaram.

Vi um gatinho que não tirava os olhos de mim, ele estava perto da entrada da área vip, então resolvi provocar e ver se ele chega junto. Comecei a dançar, rebolar até o chão, um dos meninos que estava comigo dançando viu o que eu estava tentando fazer e veio dançar junto, segurando minha cintura enquanto eu rebolava, subia e descia do jeito mais sexy que eu conseguia.

O cara não tirava os olhos de mim, e como eu esperava, ele chegou junto para dançar comigo, chegou segurando a minha cintura, beijando meu pescoço, e seguimos assim por um tempo até ele me virar e beijar a minha boca, ele me beijava enquanto apertava minha bunda e puxava meu cabelo. Caracas! Estava muito bom, nem me lembrava mais como era isso, ele me chamou para ir para um lugar mais reservado e eu disse sim, saímos de mãos dadas do baile, hoje eu saio dessa seca.

Ruivo

Estava de boa entretido com as minas dançando para mim, quando eu o vi. Ele estava dançando, mas era como se ele estivesse olhando para mim, fiquei doido, não conseguia tirar os olhos dele, o corpo dele se mexia de um jeito tão sexy, o jeito que ele rebolava, eu só fiquei imaginando-o fazendo aquilo sentado no meu pau. Já estava quase descendo lá quando um cara chegou, e já chegou pegando nele e beijando, e eu apertando os dentes de raiva, raiva não, ódio. Ele estava beijando o baixinho, apertando a bunda dele.

Eu fiquei louco, só pode, nunca tive inveja de ninguém na minha vida toda, eu tenho tudo que eu quero e todo mundo me inveja, e eu aqui como um palhaço querendo ser aquele Zé ruela que está agarrado na cintura de um moleque que eu conheci ontem.

Não, isso está errado, eu sou macho caralho! Sempre fui, como que eu estou durão aqui só de ver aquele moleque dançando? Não pensei em mais nada, peguei as minas que estavam lá, e levei as três para o barraco que eu tinha ali perto, quero ver se hoje eu não desencano desse baixinho desgraçado!

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