Capítulo 5

Segunda chegou rapidamente, minha irmã enviou mensagem para mim no dia anterior me comunicando que ela me acompanharia na primeira sessão de gesso da minha pequena, pois ela achou que talvez eu não fosse aguentar, marcamos na estação Barra Funda as sete e meia da manhã.

Sai acompanhada do Logan as 4 e meia da manhã para embarcar no primeiro trem rumo a Francisco Morato.

Logan me deixou na estação, eu entrei e esperei o trem, enquanto ele voltava para casa para ficar com as meninas e levá-las para a escola.

Embarquei no trem que saiu da estação as cinco e meia da manhã e desembarquei em Francisco Morato as seis, por volta das seis e meia o trem encostou.

A estação de Francisco Morato é lotada, pois essa cidade é considerada cidade dormitório, as pessoas trabalham fora e retornam para suas casas para dormir.

Um inferno para embarcar.

Deixei os homens apressados, empurrando-se mutualmente para entrar, e entrei com a Eleonora depois, enrolada em um cobertor grosso devido ao sereno da manhã.

Um rapaz muito prestativo me cedeu o lugar e eu sentei com a bebê que dormia profundamente. Algumas vezes eu olhava para ela e percebia o sorriso. Provavelmente ela está sonhando com os anjinhos.

Não consegui dormir, embora fosse cedo, algumas pessoas gostam de seguir para os seus destinos conversando, e às vezes falam alto, só conseguem dormir nos trens quem tem o sono pesado.

Uma hora depois cheguei na Barra funda e encontrei com a minha irmã na transferência para o metro, passei a roleta e fomos para a estação embarcar no metrô sentindo Itaquera.

O primeiro metrô saiu lotado, que nem lata de sardinha.

Esperamos o próximo e embarcamos, mais fácil.

Mas mesmo assim entrou bastante gente. São Paulo é uma cidade que não para. Desembarcamos em Santa Cecília e caminhamos para a Santa casa de São Paulo que não fica muito distante da estação.

Fomos para o setor do grupo do pé, e abri o prontuário da bebê. Vi ali muitas pessoas para passar na ortopedia, e vi muitas crianças usando a órtese DB que vieram apenas acompanhar se a órtese está dando resultado.

A senha da Eleonora é chamada e eu e minha irmã entramos com ela para a primeira sessão de gesso.

Lembro até hoje o nome do profissional: Everaldo, ele quem ajudou a Dra. Luciene a realizar o primeiro gesso.

Como toda criança, Eleonora quando sentiu que mexiam nos pés dela para engessar, ela abriu a choradeira, e eu tive que manter a calma, pois é para o bem dela. Quando terminou, eu vesti as roupinhas nela e a enrolei na coberta. É inverno em São Paulo. Em meu colo ela dormiu, minha irmã me acompanhou até a Barra Funda e eu segui para embarcar para o trem quebre levaria para o meu destino.

Cheguei em casa por volta dá uma e meia, Logan havia levado a Larissa para a escola e Micaeli e Laise assistiam à televisão.

Guerreiro, ele se despediu de mim e seguiu de moto para o trabalho.

O primeiro dia de gesso foi muito difícil, eu colocava ela na cama ou no carrinho, ela chorava, só queria ficar no colo, o meu colo.

Arrumei as coisas em casa a prestação, e fui buscar a Larissa na escola. Linda, minha amiga cuidou de Laise e da Micaeli.

Cheguei no portão da escola e Eleonora começou a chorar, pois não conseguia mexer as pernas por conta do gesso que vai até a virilha.

Parou de chorar quando o portão se abriu e começamos a andar.

Cheguei em casa, coloquei a Eleonora na cama e ela dormiu um pouco o suficiente para eu fazer a janta e dar para as suas irmãs e jantar, após ela acordou chorando desesperada.

Começa aí o meu sofrimento. Peguei ela no colo e andei com ela pela casa, só assim ela dormia, é por ela na cama que ela acordava e toda a choradeira recomeçava.

As horas foram passando e Logan chegou em casa e eu nesse momento andava pelos cômodos com a Eleonora.

— Oi amor, como foi?

— Foi bem ela engessou as duas pernas e fará a troca do gesso segunda, temos que tirar o gesso no domingo a noite.

O gesso se retirava em casa, não no hospital.

A noite de segunda está fria e o gesso de Eleonora a deixava com os pés gelados e isso a irritava e ela chorava

Mas se eu sabia que a primeira noite ia ser a mais difícil, mas não imaginava que fosse tanto.

Mesmo com a flanela protetora, ela sentia o gelo do gesso que não havia secado por completo.

As horas foram passando e ela chorando, em um determinado momento da madrugada eu falei.

— Logan eu vou arrancar esse gesso, está difícil ver ela chorar assim.

— Não parou desde que chegamos em casa 

Ele não deixou e falou que devíamos ser fortes.

Para aliviar o sofrimento da pequena, eu coloquei uma almofada macia embaixo das suas pernas, para que ela conseguisse ao menos dormir.

Funcionou e ela dormiu a noite toda, me permitindo dormir também.

Pela manhã Linda bateu em minha porta e disse que ficaria com as meninas para que eu pudesse levar a Micaeli para o CEB.  Ela ficou com Larissa e Laise que dormiam e Eleonora ficou em seu colo.

Levei a Micaeli para a escola e voltei voando para casa.

Na terça-feira fez um sol gostoso e eu pude colocar a Eleonora para usufruir daqueles raios, secaria o gesso e ela não choraria tanto depois.

Sentada com Eleonora, eu estimulava ela a levantar as pernas.

O gesso é uma questão de costume e adaptação e logo ela já conseguia levantar as pernas.

E eu, confiante, senti que ela teria uma noite de sono melhor.

O dia transcorreu normalmente e Eleonora ficou bem no seu segundo dia com o gesso.

Difícil era na hora de dar banho, pois não podia molhar, então eu colocava plástico filme no gesso e dava banho nela, tomando cuidado para não molhar o gesso.

A noite, já com as meninas em casa, Eleonora dormiu e eu consegui dormir também. Dizem que os bebês se adaptam com o gesso em uma semana, mas Eleonora se adaptou no segundo dia.

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