Capítulo 6

Mas como Deus nos prova sempre, para nos tornarmos pessoas melhores e mais firmes na fé, quando a minha pequena Eleonora completou quatro meses, meu esposo Logan foi mandando embora no emprego.

A princípio me preocupei, em como íamos manter as meninas, mas estamos há doze anos juntos, e sabíamos que quando Deus fecha uma porta ele abre duas.

Meu maior medo era precisar retornar a casa da minha irmã. Vou explicar o porquê. Houve uma época em que precisei ir para a casa de minha irmã Joana, pois tínhamos prazo para sair do imóvel, foi uma mudança drástica em minha vida, mudei de Jundiaí para Franco da Rocha, e lá fiquei do ano de 2015 há 2018, sofremos mais um despejo e mudei para a casa de minha irmã novamente. Na ocasião eram só a Micaeli, a Larissa e a Laise. Minha irmã Joana ficou muito brava, mas pelas sobrinhas não me desamparou.

Quando a situação melhorou e meu esposo conseguiu o emprego no Lar Galeão, eu enxerguei uma esperança no futuro, foi quando engravidei da Eleonora.

Passei a procurar casa e encontrei a casa que moramos hoje aqui em Várzea Paulista, mas ao saber que o Logan perdeu o emprego, fiquei sem chão e me vi em uma situação complicada novamente.

Não, mas desta vez eu não falei nada para minha irmã, afinal ele tinha seis meses de seguro desemprego, e esse dinheiro ia nos ajudar a nos manter por um período.

Eu me desdobrava em cuidados com a Eleonora e com as meninas, toda segunda eu levava a minha pequena para a Santa casa de São Paulo, mesmo embaixo de chuva forte.

Sempre na expectativa, da equipe médica marcar a tenotomia, ou a cirurgia em L, mas esse dia nunca chegava, e a cada criança que realizava a teno e depois de vinte e um dias, iniciava uma nova fase do tratamento, no caso a da bota, eu ficava um caco, e tinha que recolher esses cacos. No cado de minha bebê os pés formavam um coração, quando estava sem o gesso. E apesar de ser difícil essa fase eu achava lindo aquele coração.

Devido às dificuldades, o Logan sem emprego e direto em casa, começamos a brigar, pois eu não me conformava de um homem ficar em casa dependendo só do dinheiro do seguro desemprego que um dia ia acabar, e como faríamos.

— Logan, precisamos dar um rumo na vida, o dinheiro do seguro um dia acaba e como faremos para pagar o aluguel?

Ele sempre me pedia para ter calma, mas como passamos por dois despejos em um curto espaço de tempo, eu tinha muito medo do que estaria por vir. Nunca deixei transparecer a raiva que eu tinha do Logan para as nossas filhas, até porque ele sempre foi um bom marido e um pai ótimo, e sempre que discutimos eu ficava na varanda da casa e ele ia dormir.

Em meus pensamentos eu o julgava, da pior maneira possível.

Mas sei que muitas mulheres me entendem, é difícil você saber que cedo ou tarde o dinheiro vai acabar, e não teremos como honrar com as contas da casa e alimentos e outras coisas.

Com o dinheiro para ir para a Santa casa de misericórdia eu não me preocupava, pois eu consegui, o bilhete único especial, e o prazo de validade dele é de quatro anos, exatamente o tempo que a minha pequena usará a órtese, para receber alta.

Mas muitas vezes eu fui para a Santa Casa de São Paulo sem um dinheiro no bolso para tomar nem que fosse um pingado na padaria, ficava das oito da manhã até as duas da tarde que é o horário que eu chegava em casa sem comer nada. Meu foco é Eleonora e eu aguentava a fome, enganando com água e permanecia firme e forte. Em dias que ela realizava o Raio-x, era pior, pois o setor demorava a chamar e eu esperava cerca de duas horas, para a pequena realizar o exame, pois eles passavam idosos e emergência na frente, nesses dias eu chegava quase cinco horas da tarde em casa.

Logan e eu estávamos estremecidos, pois por mais que ele procurasse não arrumava emprego, claro a culpa não é dele, afinal as firmas hoje em dia, estão exigindo demais dos trabalhadores. Cada entrevista era uma esperança, mas a tão sonhada data para o início de um novo trabalho nunca chegava.

As brigas estavam constantes, e eu sentia que nós, íamos acabar nos separando, mas apesar dos desentendimentos a gente se ama muito, como casal e temos uma sintonia incrível.

Com o dinheiro do seguro fomos nos mantendo, pagando, aluguel e honrando com a água e a luz, por várias vezes Logan fez bicos como segurança em shows que haviam na região, assim fomos tocando a vida.

Domingo a noite tirávamos o gesso da Eleonora, para ela recolocar na segunda-feira.

Lembro a primeira vez que tiramos o gesso, o Logan tirou na unha, literalmente, ele começou as oito da noite e passou a noite tirando o gesso na unha, terminou de tirar o gesso as cinco da manhã. 

Conforme foram passando as trocas, aprendemos a tirar o gesso com mais facilidade, e aprendemos a cerrar um pouco ele antes de tirar, normalmente dois dias antes da consulta.

Logan falava para mim focar na Eleonora, cresça deixar que ele resolveria o resto, é cuidar da Eleonora e das meninas e assim fui fazendo.

Ele começou a fazer bicos e tivemos uma tranquilidade, passamos a brigar menos e eu percebi que as dificuldades que passamos no passado se tornavam gatilhos para as brigas. Entreguei nosso relacionamento nas mãos de Deus e seguimos a adiante.

Levávamos as meninas ao parque da cidade normalmente de domingo, e quando dava visitávamos o meu sogro, para passear um pouco.

Prometemos, mutualmente, parar de brigar e dialogar e quando o nervoso vier sair e respirar.

— Amor, se brigas resolvessem as guerras trariam paz.

Morria de raiva quando ele falava isso para mim, porém sempre soube que o Logan tem razão.

Para não discutirmos por bobagens passei a fazer o que o Logan me pediu focar na Eleonora.

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