Capítulo 12. Mistério

O médico cancelou os sedativos e receitou só analgésicos, mas Rener não melhorou, não mexia o corpo, sentia muita dor e tinha espasmos. Em um momento mais tranquilo, com uma forte dose de morfina, Tener pediu:

— Não quero Iris aqui, quero que ela fique longe, para não me ver assim.

— Eu tive uma ideia e se você concordar, poderemos até descobrir quem tentou te matar.

— Fala!

— Eu tenho certeza de que você vai ficar bom, algo aconteceu, mas o médico encontrará o problema e você ficará bom. Mas que tal fingir que está tetraplegico por um tempo? Você viu o que Soren fez ao ver você bem? Ele achou que você estava mentindo sobre ter sido ferido e deu um soco na sua cara causando todo esse mal. Então, ele pode ser o verdadeiro mandante da tentativa de assassinato.

— Você acha que ele vai tentar me matar caso eu fique bom, mas não seria melhor então estar bem para tentar pegá-lo?

— Aí é que está, Ele deve estar esperando você morrer ou ficar totalmente fora de sua consciência, para poder pegar o que quer. Se for assim você ficando totalmente dependente, sem condições de gerir seu negócios, ele vai mostrar exatamente o que quer.

— Neste caso você terá que avisar Iris para não tomar a frente de tudo.

— Penso que seria exatamente ao contrário, vamos deixar Íris bater de frente com ele até que ele se irrite e revele o que realmente quer.

— Mas ele pode tentar contra a vida dela, estará correndo risco. Isso eu não vou aceitar.

— Cuidaremos de tudo para protegê-la, ela usará um dispositivo que gravará tudo que fizer e estaremos vigiando.

— Ááááhhhhh — ele gritou, como se estivesse sendo mordido por um caranguejo, no pescoço. — Ááááhhhhh

O médico foi chamado e antes de sedá-lo, ele gritou:

— Fáááááça…

Jordan entendeu e conversou com o médico, que entendeu e até deu algumas instruções sobre o comportamento de um tetraplégico. Também aconselhou que ninguém mais soubesse, nem a esposa, quanto menos pessoas souberem, melhor.

Jordan organizou tudo para quando chegasse a hora de sair do hospital e o pior foi falar com Íris, dizer a uma mulher apaixonada, que seu marido ficará totalmente imovel para o resto da vida e não quer ela com ele.

— Eu não acredito nisso, Jordan. Quero ouvir da boca dele, que não me quer mais.

— Sabendo que ele não ia falar mais, eu gravei. — falou e ligou o celular, onde estava gravado a voz de Rener, fazendo o pedido.

Iris ficou pálida e não conseguia aceitar que ele desistiu dela. Foi até o quarto e ele estava estático, sedado, parado e até babava. Ela sentou-se na poltrona ao lado dele e debruçou-se na cama chorando, derramou em lágrimas todos seus sofrimento e dor, pelo homem lindo, maravilhoso, forte e inteligente que conheceu e amou desde a primeira vez que o viu.

Depois disso, ela ergueu-se e saiu para trabalhar, pois ainda era cedo. Não se conformou, continuaria vindo fazer as visitas, mas respeitava sua vontade, principalmente, porque ele não fazia mais nada além de ficar deitado no leito. Logo que ela saiu, Jordan entrou e Rener abriu os olhos, estava saindo da sedação.

— Está feito, amigo.

— Espero que osso tudo termine logo, não vou aguentar ficar longe de minhaangasinha. — falou Rener, enrolando a língua, ainda grogue pela medicação.

Íris saiu do hospital e foi andando para o escritório, andando um pouco trôpega, pelo sofrimento. Ela não sabia, mas estava sendo seguida e quem a viu sair naquele estado, então deu sua própria interpretação, que passaria para seu contratante.

— Bom dia, senhora, o advogado de seu irmão está lhe esperando. — disse o recepcionista, assim que ela entrou na recepção do prédio da empresa.

Ela olhou para os sofás da recepção e viu o advogado, que se levantou ao vê-la.

— Obrigada, ela agradeceu ao recepcionista e foi ao encontro do delegado.

Ele estendeu a mão e ela o cumprimentou e convidou a sentar-se novamente no sofá.

— Que notícia me traz, doutor Albert?

— Consegui um habeas corpus para o seu irmão, mas tem restrição a se aproximar de você.

— E quando ele sai?

— Amanhã e tem mais, ele me indicou para Soren Gunar. Ele também vai sair amanhã e se você quiser falar algo para ele, é melhor visitá-lo hoje.

— O soco que ele deu no meu marido, deixou pior do que antes, ele está sendo sedado o tempo todo. A tetraplegia voltou e ele não quer nem que eu fique perto. — Começou a chorar de novo e pegou um lenço na bolsa.

— Sinto muito, senhora, provavelmente se encontrarão amanhã.

— O senhor tem uma cópia da restrição de aproximação?

— Achei que fosse querer e trouxe as duas, a sua e de seu esposo.

— Obrigada, doutor. Sabia que podia contar com o senhor.

— Eu já vou, até outro dia, quando for necessário.

— Sim, com certeza, tenho seu número.

Se despediram e Iris ligou para Jordan, avisando da soltura dos dois criminosos.

Íris foi ao escritório da segurança e falou com o chefe, que fez o escâner dos documentos e começou a orientar os seguranças e a recepção. Se Iris estivesse em qualquer lugar do prédio.

Ela pegou o elevador e foi para o escritório, enquanto subia, pensava:

" Será que eu estou sendo muito boba? Esse tempo todo que eu fiquei com ele e ele estava tetraplégico, depois melhorou, estava bom, agora ele ficou tetraplégico de novo, mas com a esperança de ficar bom, Por que é que eu estou desistindo tão fácil? Eu nunca fui uma mangazinha frouxa, eu sou uma Arlequina. Agora eu serei a poderosa, não posso imitar a Arlequina, então eu vou ser uma Pierrina! Me aguarde Senhor Renner apoplético, vou colocar você em pé rapidinho."

Com essa decisão tomada, ela chegou ao escritório sorrindo e fez o seu trabalho muito bem, conseguindo mais colaboradores, dispensando os preguiçosos e ladrões, e partindo para a empresa de Renner, alguém quando voltasse, iria encontrar uma grande surpresa.

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