Capítulo 5. Necessidades

Rener sentiu pena dela e tentou amenizar a situação.

— Ele não gostou de ter perdido os royalties dos projetos, mas acho que o pior, foi ter sido passado para trás por você. Ele está com o orgulho ferido, por que não conversa com ele?

— Já tentei, mas ele não me deu ouvidos e aí está a prova, tentou me matar na cara dura. Se Jordan não estivesse lá, ou vocês não me avisassem, eu estaria morta e meu corpo demoraria a ser encontrado.

— Dramáááática!!!

— Queria ver se fosse você…

— É sério isso, esqueceu de onde estou?

— É verdade, você tem razão. — se aproximou dele e segurou sua mão esquerda.

— Tudo bem, não fique chateada, infelizmente existem pessoas intransigentes e que parecem crianças mimadas e birrentas, olha lá seu irmão batendo o pé, contrariado.

A imagem na tela, aparecia nitidamente a irritação do CEO, dando pulinhos no lugar e dizendo um monte de impropérios, sob a mira da arma de Jordan.

— É — sorriu — ele parece uma criança mimada que não pode ter o que quer.

Ouviram o som do helicóptero da polícia chegando. Foi então que Ivan ficou mais desesperado ainda e Iris resolveu fazer alguma coisa. Soltou Rener e abriu a porta, usando o controle.

— Você vai lá?

— Sim, com a polícia por perto, ele não vai fazer nada.

— Cuidado.

Ela acenou com a cabeça e saiu. Ele continuou vendo pela TV e assistiu ela chegar e se colocar ao lado de Jordan. Aumentou o volume para escutar o que diziam e se surpreendeu com a pequena mergulhadora. Ela colocou as mãos nos quadris e brigou com ele como se fosse sua mãe:

—  Mas que menino levado você é, Ivan! Como pode mandar matar sua própria irmã?

— O que queria, você me roubou!

— A é mesmo é? E acaso todos aqueles documentos passando tudo para o seu nome, não foi uma tentativa de me roubar? Pelo menos eu só fiquei com os royalts e não com a firma toda  idiota?

Ivan se levantou e a enfrentou com fúria.

— Sua pirralha metida, o que pensa que está fazendo, você não é minha mãe e fui eu que dei tudo que você tem agora.

— Sua arrogância te faz cego, mesmo. Você não terá a conseguido nada sem mim, seus projetos eram horríveis e inacabados, fui eu que dei forma e completei eles, então, trata de se controlar e me deixe em paz.

— Sua, sua…

— Mãos para trás, o senhor está preso por invasão de propriedade e tentativa de assassinato, tem o direito de …

Os policiais prenderam ele e seus comparsas e foram embora. Jordan entrou, mas Iris permaneceu ali, olhando a aeronave indo embora, sabia que o problema não estava terminado e precisaria verificar a administração da empresa sem seu CEO, que estaria preso. Deixou uma cláusula nos documentos que assinaram, passando a ela a direção, na ausência dele. 

Enquanto Iris entrou e foi para seu quarto, Rener se perguntava como estavam as emoções dela. Os pais morreram e o irmão terminou de criá-la. A enclausurou em um mundo de fantasia, enquanto a usava para terminar seus projetos de games, obsoletos, que jamais funcionariam, se ela não consertasse e completasse os projetos.

Ela terminou a faculdade e ingressou na firma que ele abriu e continuou sendo usada e forçada a sempre se vestir conforme os personagens de seus games. O que Ivan não sabia, é que ela estudou legislação de games e suas empresas e passou a estudar todos os documentos, percebendo o quanto seu irmão usava o talento dela, sem lhe dar praticamente nada em troca.

Ela também percebeu que seu irmão sempre assinava os contratos por último. Tinha medo de que copiassem sua assinatura e a usassem e isso lhe deu uma abertura para fazer com ele o que ela fazia com ela. Modificou os contratos como queria e ele assinava sem nem perceber e assim pôs ordem na casa, deixando-o furioso e com muito menos do que ele queria, que era ficar com tudo. 

Rener sabia que, agora, Iris estava remoendo as idéias, tentando decidir se ia para a empresa ou se continuava com ele, ajudando-o a treinar usar o computador e adaptar os novos equipamentos tecnológicos que o ajudariam a dar prosseguimento em seu projeto. Além de vigiarem a Game Luxor e Soren.

— Jordaaaannn!

Ele entrou como se tivesse esperando.

— Sim, Rener, quer que traga ela?

— Você precisa me ensinar esse segredo de adivinhar as minhas vontades.

— Tô indo, mas ela não vai gostar.

— Não tem problema, eu aguento.

Rener ouviu os gritos de longe e quando Jordan chegou com ela, sentiu não poder tampar os ouvidos. 

— Para Íris, só queremos o seu bem. Deixe ela aqui comigo, do meu lado direito.

— Tá bom, você que sabe. — colocou-a no chão e Rener a segurou com sua mãe direita. Ela se debateu com tanta força, que movimentou a coluna, balançando sua cabeça e ele desmaiou.

Íris, preocupada, permaneceu ali, enquanto Jordan cuidada de Rener, verificando seus sinais vitais e tentando acordá-lo. Mais uns minutos, com a constatação de que tudo estava bem, ele acordou.

— Oi, o que aconteceu? Tira esse negócio de mim. — pediu, mas não esperou e tirou ele mesmo o colar sevical.

Jordan e Iris ficaram estáticos, olhando para ele, que usou as duas mãos e retirou sem dificuldade nenhuma, o colar. 

— Qual o problema de vocês dois? Quero fazer xixi, se vire Íris, me ajude Jordan, tira esse negócio. — referia-se ao tubo que estava em sua uretra. 

Jordan se mexeu rapidamente e tirou o tubo e ajudou Rener a levantar e caminhar até o banheiro.

— Mesmo com toda a fisioterapia, me sinto enferrujado. Vou tomar um bom banho.

Ele urinou no sanitário, normalmente e foi para o box, abriu o chuveiro e deixou cair a água quente sobre sua cabeça e nuca. Jordan foi buscar a toalha e Íris não resistiu em entrar para conferir se ele estava bem mesmo.

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