Capitulo 05 Onde está a garota agora?

O motorista particular de Lúcia, saiu do estacionamento particular próximo a rodoviária, deixando Gigi para trás sem sentir nenhuma culpa em deixá-la só.

"A senhora com certeza vai entender os meus motivos."

"Quem diria que uma família nobre e distinta como a família Moreira, teria parentes de origens tão pobres e ignorantes."

"Essa caipira não tem noção de fazer algo tão simples, como entrar num carro. O que se pode esperar de alguém desse tipo?"

"Tenho que concordar com o modo como a senhora lidou com essa situação, afinal essa caipira não parece ter nenhum conhecimento básico de etiqueta, e só envergonharia a todos se fosse para a residência da senhora."

"Até eu, que sou apenas um homem simples e trabalhador, me senti totalmente humilhado pela ignorância daquela garota agora."

O motorista dirigia e pensava, ainda sentindo o seu rosto esquentar, ao lembrar dos rostos zombeteiros das pessoas o olhando, e julgou os modos simples de Gigi, como se ela não tivesse recebido nenhuma orientação ou educação durante a sua vida.

Na casa de Lúcia

Mirela saiu do seu quarto e desceu as escadas, encontrando os seus pais sentados no sofá da sala conversando em voz baixa.

Ela ficou parada atrás deles, e mesmo que as suas vozes fossem baixas, ela ainda conseguiu ouvir sobre o que falavam.

Sem perceberem a sua presença, o casal continuou a conversar.

"Lúcia, o que vai acontecer, se aquela garota não conseguir arrumar um emprego, e resolver vir até a nossa família em busca de ajuda?" Augusto perguntou seriamente à sua esposa, pois estava preocupado.

"O motorista que enviei para buscar aquela caipira, a essa altura já passou o meu recado para ela. Nessa vida eu só tive a minha filha, e a nossa família não tem nenhuma obrigação de cuidar desses parentes aleatórios. Ainda mais sendo tão pobres!" Lúcia disse, como se estivesse com a razão.

"Mas não se esqueça que foi o seu irmão, quem nos emprestou cem mil dólares para salvar a nossa empresa naquela época." Augusto falou lembrando a do passado.

"Ele nos deu o dinheiro, mas deixou bem claro que era o dinheiro designado para os estudos da sua filha, e disse que tínhamos que devolver direto para a jovem." Augusto continuou.

"E daí! Ele já não está morto e enterrado? Então, como vai nos cobrar? Mesmo se ele estivesse vivo, eu sou a sua irmã e você é meu marido. É mais do que justo que ele nos ajude, quando precisamos." Lucia disse irritada.

Augusto vendo a teimosia da sua esposa, balançou a cabeça desanimado.

"Eu realmente espero que a garota não venha à nossa porta, e traga problemas para a nossa família."

"Não posso nem imaginar que o cunhado tenha deixado para trás algum vestígio daquele empréstimo. Não seria bom devolver tanto dinheiro agora, principalmente nas mãos de uma pessoa humilde." Augusto ainda falou, e se calou em seguida.

"Hahaha! Que piada! Mesmo que ela queira e tenha documentos que provem isso nas suas mãos, a garota é só uma caipira órfã sem nenhum valor. O que ela poderá fazer conosco?" Lucia riu, como se tivesse ouvido uma piada engraçada.

"Além disso, o motorista não nos falou, que ela não sabe nem como entrar num carro? Que tipo de ameaça você acha que uma pessoa assim pode trazer para a nossa família?" Lúcia o lembrou do que o motorista que foi buscar Gigi contou a eles.

Mirela não queria mais ouvir os seus pais, falarem sobre Gigi e se aproximou.

"Mãe! Pai!" Mirela os chamou alegre.

O casal parou de falar quando a viu, e olharam para ela com olhos amorosos, e sorrisos largos nos seus rostos.

"Hum! Vai sair princesa?" O seu pai perguntou, vendo que ela.carregava uma pequena bolsa em sua mão.

"Acho que sim! Logo as aulas começaram e pensei em ir ao shopping comprar algumas roupas novas." Mirela respondeu, sentando-se no sofá da frente para eles.

"Isso é bom! Isso é bom! Esse é o seu último ano no colégio, e a nossa filhinha tem que se apresentar bem." Lucia disse com um sorriso sincero.

"Isso mesmo! A nossa filha já é uma moça crescida e precisa se vestir bem, para mostrar a todos, que somos de um nível social mais elevado."

"Afinal o colégio em que estuda é o melhor da capital, e lá também é onde os filhos e netos de famílias que estão no mesmo nível ou até acima de nós, estudam." Augusto falava, olhando para a sua filha com admiração e orgulho, quando comentou sobre o status social da sua família.

"Sim! Sim! Sim! A minha filha é a melhor, logo deve aparecer, alguns jovens apaixonados na nossa porta em busca de compromisso." Lúcia disse orgulhosa.

Mirela sentiu as suas bochechas ficarem quentes, e abaixou a cabeça com timidez.

"Mãeeee!" Mirela chamou com a voz baixa, quase como um sussurro.

Lúcia sabia bem que a sua querida filha já tinha alguém de quem gostava, e decidiu sutilmente dar uma dica para o seu marido.

"Eu concordo com o seu pai, mas acho que o único jovem que combina perfeitamente com você, é aquele jovem mestre da família Carvalho."

"Ele é bonito, educado e é filho da segunda maior família da capital. Acho que vocês dois juntos, são uma combinação feita pelos céus."

Augusto olhou surpreso para a sua filha e esposa, após ouvir as suas palavras.

"Filha, você conhece o jovem mestre da família Carvalho?" Ele perguntou com suspeitas.

"Já nos encontramos algumas vezes por acaso pai. Mas não é como a mãe disse." Mirela respondeu com o rosto vermelho.

Vendo o rosto corado da sua filha, o que Augusto não entendeu?

"Pai! Mãe! Vou sair!" Mirela levantou e disse, se apressando para sair.

Ela não queria continuar com essa conversa.

No carro o motorista que a levava era o mesmo, que foi ao encontro de Gigi na manhã daquele mesmo dia.

Sabendo disso, Mirela curiosa fez uma pergunta a ele.

"Ei! Onde está aquela garota agora? Mirela perguntou, vendo que o carro já se aproximava do seu destino."

"A enviei para uma pensão humilde no centro da cidade, como madame ordenou." O motorista respondeu.

Mirela suspirou de alívio ao ouvir isso, pois sabia que Gigi não foi reconhecida por sua mãe

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