Capitulo 09 Lígia Moreira - Investigada com sucesso

"Gigi! Oh! Garota Gigi! Quem diria que você fosse a segunda colocada hein! Por apenas meio ponto não empatou com o primeiro lugar." A senhora que acompanhou Gigi até o colégio não entendia o porquê, mas estava orgulhosa por ter uma garota tão inteligente consigo quando viu os olhares invejosos das pessoas sobre ela.

"Tia! A prova não foi nada difícil. Eu errei por que nunca tive que escrever tanto nessa vida. Foi a primeira vez que sentei numa sala de aula. É tudo tão bonito!" Gigi explicou maravilhada ao relembrar a sensação de estar numa sala de aula pela primeira vez.

Choque!

"O que você disse? Gigi! Repita isso, por favor!" A senhora perguntou chocada parando a poucos passos de chegarem à entrada da pensão.

"O que foi tia? Qual o problema?" Gigi perguntou confusa.

"Garota! Fale a verdade pra tia. Você nunca foi para a escola? É verdade isso?" A senhora perguntou.

"Lá na Vila Lin onde cresci a escola fica longe e o pai tinha medo de que pessoas más mexessem comigo e eu batesse nelas, o que só traria problemas para nós dois. Então ele me ensinou a ler e escrever em casa, e uma vez por semana eu tinha autorização para ir até a província e ficar na biblioteca aprendendo com o tio de lá." Gigi se lembrou daquele tempo com os olhos marejados.

"Sempre tive muita sorte e aprendi tudo que tinha nos livros rapidinho. Esse ano a gente tinha planejado que eu iria para um colégio lá da província, mas então o pai ficou doente e os nossos planos foram adiados." Quando terminou de falar Gigi já estava chorando ao se lembrar dos planos que o par de pai e filha haviam feito.

"Tudo bem! Tudo bem! Vamos parar de falar desse assunto que a deixa triste. Hoje vamos comemorar a sua glória." A tia deu uns tapinhas nos ombros de Gigi enquanto falava.

"Tudo bem!" Respondeu Gigi secando as lágrimas.

Numa vila na capital, sentados em uma sala ampla e decorada com móveis e artigos, caros e de bom gosto, um jovem e uma senhora idosa tomavam um café.

O jovem estava calado e prestava atenção a tudo que a senhora à sua frente dizia.

"Meu querido neto! Diga para a vovó a verdade ok!"

"Um passarinho me contou que perdeu uma mala com algo muito importante, e que a mesma foi encontrada e devolvida por uma jovem bonita."

"Quem é ela? Como você vai agradecer a gentileza e a bondade dessa menina?"

"Acho que deve chamar a jovem para jantar e quem sabe você pode até gostar dela no futuro."

"Não diga não! Pois alguém já me disse que a menina é uma beleza. Vamos! Vamos! Seja bom. A avó está tão velha e ainda espera segurar os seus bisnetos fofos e gordinhos nos braços."

A senhora tagarelava sem parar.

"Avó! Não é bem assim! Nem sei de onde veio essa garota! Estou esperando que os meus homens a encontrem primeiro ok." Lorenzo falou se sentindo desamparado com a empolgação da sua avó.

"Isso é uma desculpa sua muleque! Pensa que não o conheço o suficiente? Hã!"

"Sei muito bem que não há nada que você não seja capaz de descobrir em pouco tempo."

A senhora falou exasperada.

"Tudo bem avó! Farei o que a senhora pediu assim que achar a garota ok." Lorenzo se comprometeu, deixando a sua avó satisfeita.

"Ligue para Limazinho e diga para ele vir para cá que desejo vê-lo." A avó de Lorenzo deu uma ordem ao seu neto antes de se levantar.

"Ok avó! Não preciso ligar, pois ele está vindo para cá sem eu pedir." Lorenzo falou desamparado.

Assim que ele fechou a boca Lima entrou pela porta.

"Vózinha linda! Como a senhora pode ficar mais bonita a cada dia?" Primeiro de tudo Lima foi até a avó Caieiras e a lisonjeou.

"E aí Lorenzo! Leia isso aqui e saberá quem é a jovem que entregou a mala para mim." Lima então se virou e jogou uma pasta em cima de Lorenzo antes de falar.

"Limazinho você já está aqui Venha! Venha! A avó tem uma coisa que precisa da sua ajuda." A avó de Lorenzo, veio e puxou Lima para fora.

Lorenzo abriu a pasta em seu colo e começou a ler os documentos da investigação sobre Gigi.

"Lígia Moreira, 17 anos, cresceu na Vila Lin com apenas o pai como seu único parente."

"Nascida da cidade e abandonada pela mãe, pai enganado, uma tia por parte de pai que também se aproveitou do irmão e da sua sobrinha."

"Mãe desconhecida, mora numa pensão e trabalha na mesma."

"Chegou a cidade tem menos de duas semanas após o seu pai falecer."

Quanto mais Lorenzo lia sobre Gigi, mais ele ficava chocado ao saber das condições atuais da jovem.

"Tão novinha e está sozinha no mundo. Aliás ela ainda tem familiares por parte de pai, mas não foi reconhecida por ninguém?" Lorenzo comentou, sentindo o seu coração doer por ela.

Pegando uma foto que os seus homens tiraram dela, ele sorriu sem perceber.

"Linda!" Ele pensou acariciando a foto.

"Deixe-me ver também!" Uma mão ágil pegou a foto que estava nas suas mãos rapidamente.

"Como eu imaginei! Ela realmente é muito compatível com você meu filho!" A avó disse, enquanto olhava satisfeita para a foto de Gigi.

"Avô não fale besteiras. Essa jovem é muito nova e está sozinha na cidade. Não! Não e não." Lorenzo falou.

"O que tem isso? Ela está sozinha na cidade é? Está aí mais um motivo para que você cuide dela. Além disso! Não esqueça que se não fosse por ela você teria um enorme prejuízo." A avó disse antes de sair levando consigo a foto de Gigi.

Lorenzo não sabia mais como lidar com a sua avó.

"Realmente Lorenzo! Você não pode seguir os conselhos amorosos da sua avó ou casará no dia seguinte." Pensou Lorenzo.

"Ei Lorenzo! Acorda cara! Em que você está pensando ou em quem? Não me diga que leu o relatório da nossa investigação e gostou da caipira?" Lima entrou, e falou zombando de Lorenzo ao vê-lo pensativo.

"Cale a boca e apenas diga para que não a percam de vista. Assim, se surgir algum problema, podemos ajudá-la a resolver, pagando o seu favor." Lorenzo falou se levantando para sair.

"Êeee! O que? É sério que teremos que ficar de babá para essa garota?" Lima perguntou, mas Lorenzo já havia saído.

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