Os primeiros raios de sol entraram pela janela do ônibus, anunciando o início de um novo dia, iluminando o rosto jovem de Gigi, que ainda dormia.
O ônibus tinha poucos passageiros, e havia acabado de entrar na rota final em direção a rodoviária da capital.
Gigi abriu lentamente os olhos, e se espreguiçou.
O seu corpo estava dolorido, e um pouco rígido por ficar sentada por tanto tempo.
"Uau, que bonito!" Gigi comentou sorrindo, quando abriu os olhos e viu os prédios altos à sua frente.
"Ruas sem barro, os carros chiques que só vi lá na província, as casas são grandes e esses prédios altos quase alcançando o céu." Gigi analisava tudo o que entrava na sua linha de visão, entusiasmada com as novidades à sua frente.
O ônibus diminuiu a velocidade, enquanto entrava na rodoviária.
"A nossa! É tão cheio de gente por todos os lados. Será que a tia vai se lembrar de me buscar?" Gigi sentiu um pouco de medo do desconhecido, olhando para as pessoas nas ruas.
"É realmente muita gente!"
"Olha as roupas desse povo? Eles se vestem tão engraçados." Gigi começou a rir sozinha, enquanto prestava atenção nas roupas que um grupo de jovens vestia.
"Aquele menino parece ser tão novo e já fuma?" Gigi ficou espantada, vendo um jovem que parecia ter a sua idade, fumando do lado de fora.
"Chegamos! Todos desembarque e tragam os seus bilhetes para pegar a sua bagagem. Em fila e não empurre." O motorista estacionou o ônibus, e gritou para os passageiros.
Gigi não se apressou para descer, ela não tinha bagagem para pegar.
Ela carregava consigo uma sacola grande, feita de juta que a tia Ana fez para ela viajar. Tinha até flores e pássaros bordados nela, que Gigi amou.
Todos os seus pertences estavam ali, naquela bolsa. As roupas do seu pai, ela doou para os homens da Vila, assim como os seus dois bons sapatos trazendo consigo somente a sua farda e arma que tinha que devolver aos militares.
Gigi desceu do ônibus, e sentiu medo novamente.
Ela andou devagar com medo de se perder, e se desencontrar da sua tia.
"Oh! Eu tenho que tomar cuidado! O tio João me disse, que tem muito ladrão na cidade grande." Gigi se lembrou do conselho de um senhor da Vila, e segurou a sua bolsa grande e pesada com força.
Gigi entrou na rodoviária e sentou-se na área de alimentação e esperou.
"Ainda é muito cedo! A tia Lúcia deve chegar em breve." Gigi pensava e ficou olhando ao redor com curiosidade.
Duas horas depois, um homem de quarenta anos se aproximou dali com um cartaz na mão, escrito Lígia Moreira.
Quando Gigi leu o cartaz, ela gritou acenando com a mão para o senhor.
"Eu senhor! Sou eu! Sou eu! Estou aqui!"
O homem que era um dos motoristas da residência de Lúcia, sentiu-se envergonhado por ela.
Cerrando os dentes, ele cuspiu uma palavra. "Vamos!" E saiu.
Gigi o seguiu quase correndo, já que o homem era alto e tinha pernas longas. Ele andava rápido na frente dela, sem olhar para trás.
"Uau! Quê carro bonito!" Gigi falou admirada, quando os dois chegaram ao estacionamento, parando ao lado do carro, achando o muito bonito.
"Entre!" O motorista falou e entrou no carro.
Gigi já tinha visto carros antes, mas nunca andou em um antes e não sabia o que fazer.
Sem se sentir envergonhada, ela bateu na janela chamando pelo homem.
"Senhor! Senhor! Como eu entro?" Ela perguntou, a sua voz era alta e o seu sotaque do interior era forte.
O motorista quase vomitou uma boca cheia de sangue, quando ouviu as palavras dela.
Olhando ao redor, ele viu que muitos outros motoristas pararam e olhavam para eles.
"Porque a senhora teve que mandar a mim, para buscar essa caipira infeliz?" Se eu sair agora todos irão ver o meu rosto, e me tornarei motivo de chacota lá fora." Ele pensou se sentindo humilhado.
O estacionamento em que estavam era um estacionamento particular, onde muitos empresários deixavam os seus carros, e não fazia parte da rodoviária.
"O que devo fazer? Essa caipira continua batendo e envergonhando-me aqui! Se madame descobre que ela fez tal cena." O motorista não sentiu mais vontade de levar Gigi embora, e pensava numa maneira de deixá-la para trás.
De repente, ele pegou um papel e caneta e escreveu o endereço que a sua patroa disse para levá-la, e abrindo a janela ele entregou o papel para Gigi, junto com uma nota de cem dólares.
"Pegue um táxi lá fora e vá para esse endereço. Madame Lúcia deixou dois meses de aluguel pagos, e disse para você arrumar um emprego, e não procurar por ela."
"Ela também disse, que já pagou o que devia para o seu pai e que você não deve procurar por ela nunca mais." O motorista deixou para trás o recado que a patroa ordenou que passasse para a garota, antes de sair rapidamente dali sem olhar para trás.
Com o pedaço de papel na mão e o dinheiro, Gigi ficou ali parada sem reagir, vendo o carro se afastar cada vez mais dela, e desaparecer mais a frente.
Risos
Gigi acordou do seu torpor, quando ouviu as risadas das pessoas ao seu redor.
Alguns até apontavam na sua direção.
Gigi guardou o dinheiro e voltou pelo mesmo caminho, retornando a rodoviária.
Parando um guarda de segurança, ela pediu informações sobre o endereço e o caminho que teria que percorrer para chegar lá.
O guarda foi muito paciente com a jovem a sua frente, e até desenhou um mapa das principais rotas que ela tinha que seguir.
Agradecendo ao guarda, Gigi saiu da rodoviária e comprou uma garrafa de água com uns trocados que ela tinha na bolsa.
Os cem dólares ela tinha que guardar pois não tinha nenhuma economia com ela.
Todo o dinheiro que ela e o seu pai juntaram ao longo dos anos, foi usado no tratamento dele.
Tirando os cem dólares que o motorista deixou para trás, Gigi tinha cerca de cento setenta dólares que os moradores da Vila, deram-lhe para a sua viagem.
Gigi segurou a sua bolsa e guardou a água.
Logo ela começou a caminhar em direção ao endereço dado a ela pelo motorista.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 72
Comments
ruiva
Eu odeio pobre esnobe, são piores que os ricos arg
2024-04-29
1
Maria
Até o motorista se acha num direito de humilha a pobre da Gigi, mas a maioria das vezes não se olha pro outro como se deve com amor, bondade e empatia e se com desprezo e maldade.
2024-03-09
2
Vaninha Rosa
mal começo
2023-09-04
1