Capítulo 18

Aurora

Eu não discordei, aceitaria qualquer migalha que ele me desse, qualquer segundo que eu pudesse ver Anne eu aproveitaria. Não sentia vergonha em me humilhar desse jeito, porque eu sabia que mais cedo ou mais tarde eu o faria pagar dez vezes mais.

Mas tudo o que me importava agora era Anne, não saber se ela estava bem, se tinha acontecido alguma coisa com a minha filha fazia o medo ficar preso em minha garganta, ao mesmo tempo que ele agarrava o meu coração.

Me vesti rapidamente e saí, eu sempre dirigi com medo, mas ultimamente o que eu andava vivendo eu dirigia além do que eu jamais imaginei dirigi algum dia, eu era medrosa, mas a vontade de ver a minha filha encobria o medo, porque eu sabia que talvez ele se negasse que eu a visse a qualquer outro momento, principalmente depois que eu me casasse com um homem que ele inveja.

- Onde está Anne? O que aconteceu? – indaguei assim que passei pela porta a qual ele mantinha aberta, suas mãos enormes prenderam os meus braços entre elas e ele o apertou firme me fazendo estremecer

- Escuta bem, Aurora – disse furioso me encarando profundamente – não tente virá-la contra mim

- Do que você está falando Robert? – indaguei completamente confusa e amedrontada, eu nunca o havia visto desse jeito, ele começou a me arrastar até a parede mais próxima e pressionou o meu corpo contra ela se agigantando em cima de mim claramente querendo me fazer temê-lo, e funcionava – se afasta, está maluco?

- Escute bem Aurora, eu vou viajar – não, ele não podia fazer isso, o meu ex marido sorriu vendo o brilho do medo em meus olhos, eu estava apavorada – ah querida, eu adoraria levar a nossa filha, mas o caso é urgente. Infelizmente eu não vou poder.

- Você vai deixá-la sozinha aqui com aquela mulher? – indaguei agora com raiva, não ele não podia fazer isso.

- Eu não sou maluco – rosnou em seguida respirou fundo – você vai levá-la, e quando eu voltar eu vou pegá-la de volta.

- Você não – ele calou a minha boca com a mão, eu acenei como quem avisasse que eu não diria nada

- Se você disser que eu não posso fazer isso eu não vou deixar você a levar, e sim eu sou capaz de deixar a nossa filha com Edna só para te fazer ficar com ódio – disse ele sorrindo da minha cara, eu tinha vontade de arrancar o seu sorriso com o dente, puxar o seu lábio grosso até a sua carne se desgrudar, queria poder vê-lo tão assustado quanto eu estava – mas eu vou precisar de Edna ao meu lado.

- Você precisa de alguém ao seu lado que alimente o seu ego – bradei porque essa era a verdade

- E quando ele tiver cheio eu despejo na boca dela – disse ele malicioso, aquilo me enojou de tal forma que me encheu de forças para me afastar – volto em dois dias e eu a pego

Não disse mais nada, apenas concordei e o segui, assim que entrei em seu quarto ela estava quietinha, minha filha agora mal brincava, mal pulava ou passeava no jardim que jazia sujo lá fora.

- Oi meu amor – disse assim que entrei, os seus olhinhos brilharam em minha direção, dessa vez eu pude notar que estava entusiasmada, contudo ela não demonstrava tanto – vamos passear ir para a casa nova da mamãe?

- só por uns dois dias – Robert disse me dando um banho de água fria, mas concordei, eu não podia negar o quanto isso me faria feliz – o papai já conversou com você não é meu amor? – ele continuou se aproximando dela, meu ex marido se ajoelhou nos pés dela, eu sabia que viria bomba quando ele me olhou e o tilintar em seus olhos era o mesmo que eu via quando ele queria me machucar – mamãe está tomando remédios, ela está bem agora, não vai fazer mal para você.

Aquilo doeu, ela olhou para mim e concordou após voltar a olhar para ele, aproveitei o momento e limpei as minhas lágrimas, eu guardaria cada maldit4 palavra de sua manipulação e faria ele a engolir, uma por uma.

Não esperei que ele destilasse mais o seu veneno peguei minha filha em meus braços, ela parecia ter perdido alguns quilos, ela atracou-se em mim e então o mais rápido que podíamos tentei sair dali. Robert segurou em meus braços, me encarou, contudo, não disse nada, apenas me ameaçou com o seu olhar frio.

- Filha vamos passar em um supermercado? – indaguei, eu sempre soube que ela vivia pedindo a Nana para levá-la, mas nunca deixei, e agora tentaria fazer com que criássemos memórias novas – compraremos vários doces, sorvetes e faremos uma noite deliciosa de sobremesas e cinema, que tal? – pela primeira vez depois de muitos dias eu vi um sorriso e um brilho de amor na minha filha ela imediatamente concordou.

Ainda não fez uma comemoração como antes, mas já foi o suficiente para me alegrar ainda mais. Assim que estacionei no mercado o meu celular vibrou com uma mensagem, eu o peguei com receio de ser Robert, mas para a minha surpresa era Jason.