Capítulo 17

Aurora

Eu havia desabado e não negaria. Eu me sentia presa em um buraco e não conseguia ver saída. Eu queria vingança, mas como planejar algo assim quando eu estou perdendo tudo? Eu precisava ser sábia. Precisava entender que antes da vingança eu tinha que me reerguer.

Deixar que o meu futuro marido visse as minhas dores, as minhas inseguranças e permitir que ele enxugasse uma das minhas lagrimas foi a pior coisa que eu poderia ter feito, mesmo que eu não tivesse culpa, nem ele.

Ele obviamente ficou mexido, provavelmente pensando se deveria ou não seguir com o casamento, não sei por que, mas tive a certeza de que isso passou por seus pensamentos. O apoio que eu senti vindo dele me tocou um pouco, confesso que eu não esperava tal atitude, e de verdade seu gesto me tocou de uma maneira inesperada, também não sei se bem-vinda.

Mas ao vê-lo sair me fez me questionar se tudo o que eu vivi com o Robert foi só a preliminar, se tudo o que eu convivi com ele era apenas um aprendizado, se com ele eu deveria aprender que eu não podia oferecer minha confiança a qualquer um que me dissesse palavras tão gentis em um momento em que eu estou completamente vulnerável. Já que estava acontecendo o mesmo com o Coleman, estou passando por um momento difícil e do nada ele apareceu como um bote salva-vidas, se eu fosse inteligente eu fugiria?

Mas eu já não tenho mais como voltar atras, eu já disse sim, já dei a minha palavra, e diferente de Robert, eu honro com cada uma delas. Mas foi impossível ir ao almoço com ele, por sorte o mesmo disse que tinha outro compromisso.

Mas qual não foi a minha surpresa quando um homem chamado Kian apareceu em minha sala com uma encomenda do melhor restaurante da cidade, ele provavelmente era um segurança de Coleman, pelo seu jeito e a cara de quem estava odiando fazer isso.

Enquanto eu encarava o banquete em minha frente eu pensava no meu futuro marido, era atencioso demais, detalhista demais, pelo menos com a refeição em minha frente, eu sabia também que ele havia investigado a minha vida.

“não quero que a minha futura esposa desmaie na hora do sim, seria vergonhoso” era o que estava escrito no bilhete, foi impossível não rir. Pelo menos eu sabia que no meu novo casamento eu não ficara entediada, sarcasmo e ironia não iriam faltar.

Ignorei Florence na hora da saída, hoje havíamos perdido dois clientes hoje, eu desabei, minha amiga queria me levar para sair, mas eu sei que eu seria uma péssima companhia. E preferia passar a noite na caminha da minha filha, sentir o seu cheirinho enquanto dormia abraçada com a sua roupinha fantasiando o dia que ela voltasse para mim.

O apartamento estava ainda arrumado como quando eu paguei umas diaristas para fazer tal trabalho, aparentemente elas vêm três vezes na semana, usei o dinheiro que o meu pai deixou uma minúscula parte para o meu aluguel e outra para não atrasar o salário dos funcionários.

- Você fugiu de mim – Florence acusou assim que eu atendi o telefone – eu não ia só te perturbar para sair, também tenho curiosidade porque o ceo do maior banco do país estava na empresa hoje – disse e ouvi seu grito – não vai me dizer que temos uma dívida enorme e que ele veio cobrar

- Meu Deus não – assegurei de imediato, mas em breve teríamos, porque apesar de ficarmos casado, assim que eu recuperar todo o meu dinheiro eu vou devolver tudo o que eu usar – precisamos conversar outro dia pessoalmente, porque por telefone tenho certeza de que você vai pirar

- Não vai me dizer que ele é o – e então ela gritou quando compreendeu o que estava acontecendo – minha nossa, nossa, nossa, que homem gostoso, lindo, multimilionário e agora futuro marido da minha amiga.

- Não comece – orientei, sabia que ela surtaria.

- Eu já sei até uma musiquinha para cantar – e ela sempre inventava umas musiquinhas irritantes, ficava pensando se em sua adolescência era ela assim, uma vez a questionei e ela me disse que uma pessoa não muda com o passar dos anos.

- Pelo amor de Deus Florence, não comece com isso – implorei porque eu a conhecia, as vezes ela podia ser uma caixinha sem parafuso

- Aurora e milionário é o poder, e o Robert vai se fod3r – cantarolou, foi impossível não gargalhar enquanto ela repetia como se fosse uma música animada.

- Um dia ele vai sim amiga – garanti enquanto ria.

- Sabe que a melhor vingança vai ser ele te ver linda, rica, maravilhosa com um homem que deve ter um pauz4o no meio das pernas – só em ela falar isso eu me lembrei da cena que eu vi em seu escritório, e no mesmo instante o meu rosto ficou quente e eu sentia um pulsar em meu centro, eu não entendia o porquê o meu corpo estava reagindo dessa maneira.

- Você sabe que esse casamento vai ser apenas um meio para o fim – assegurei e ouvi o seu bufar, logo o meu celular apitou e eu encarei a tela sentindo o meu coração acelerar ao perceber que era uma ligação de Robert, desliguei de imediato imaginando que poderia ter acontecido alguma coisa com a minha filha e atendi – Robert