EDUARDO
Estava nervoso.
Esperava Mariana no escritório, Marta foi chamar a moça e estava demorando muito.
Movimentou a cadeira de rodas, iria buscá-la ele mesmo, mas a porta foi aberta e as duas entraram.
Mariana trajava calças jeans azuis e uma camiseta rosa. Os cabelos estavam soltos e o rosto parecia cansado. Ela não o encarava, mas para Eduardo, a moça sempre estava bonita.
- Obrigado, Marta. – ele disse à governanta – Pode avisar ao Pedro que estamos descendo.
A mulher assentiu e saiu, deixando os dois sozinhos. Mariana parecia confusa e sonolenta.
- Nós vamos sair? – ela perguntou.
- Vamos. – ele disse saindo do escritório com a moça em seu encalço.
- Para onde? – perguntou, curiosa.
- Você verá. – respondeu, misterioso.
Entraram no elevador em silêncio, Eduardo a observava pelo canto do olho. Ela retorcia as mãos na frente do corpo, claro sinal que estava nervosa.
- Bom dia, Pedro. – Eduardo falou, estranhamente simpático naquela manhã. Ele se sentia adorável ao imaginar a felicidade de Mariana quando visse as crianças.
- Bom dia, Sr. Edu.– o idoso sorriu para os dois – Bom dia, filha.
O rapaz se acomodou no veículo com a ajuda do motorista, enquanto Mariana sentou-se ao seu lado no banco de trás.
- Para onde vamos, senhor Eduardo? – ela insistiu.
- Daqui a pouco você saberá. – respondeu, tentando conter o riso ao vê-la tão preocupada.
O automóvel andava pelas ruas lentamente.
Será que Pedro não poderia afundat o pé no acelerador?
- Nós estamos indo para onde? – ela repetiu quando percebeu que eles se dirigiam para o subúrbio.
Eduardo permaneceu calado, até que o carro parou em frente a uma escola municipal. Ela olhou para o patrão, os olhos brilhantes e confusos.
- Aconteceu algo com eles? – perguntou, referindo-se aos sobrinhos.
- Não. – Eduardo respondeu – Eu sei que você sente muita saudade de seus sobrinhos, então... pedi a meu pai para descobrir onde eles estudavam. Eu queria fazer essa surpresa para você.
- Minha irmã não vai permitir que eu os veja. – falou, olhando para a escola.
- Ela não vai saber. – Eduardo falou – A diretora garantiu o sigilo do encontro.
A verdade é que o pai tinha pago à mulher por aquele encontro e pelo silêncio.
Eduardo não se importava, daria toda a sua fortuna pela felicidade dela.
- Vá, eles estão esperando por você. – disse, incentivando-a.
Mariana saiu do carro, foi até a calçada e Eduardo observou três crianças irem ao encontro dela. Os dois meninos e a menininha correram em direção à tia, acompanhados de perto por uma mulher, provavelmente a diretora.
Tia e sobrinhos se abraçaram por longos minutos, Mariana chorava e sorria ao mesmo tempo enquanto ouvia as crianças falando.
Ele queria ter comprado algum presente para eles, mas estava tão eufórico em fazê-la feliz que não lembrou antes.
A menina, que parecia ser a mais nova, se agarrara ao pescoço da tia e não soltara mais.
A mulher que acompanhava as crianças disse algo que fez os meninos se agarrarem à cintura da tia. Provavelmente chegara a hora de se despedir.
Mariana abraçou cada um e distribuiu beijos em todos, depois a mulher levou os três, deixando a jovem sozinha na rua.
Ela voltou para o carro ele percebeu que a jovem chorava muito.
Eduardo preferiu não incomodá-la, por isso pediu a Pedro que voltassem para casa.
No trajeto de volta, a moça não falou nada, seu choro foi acalmando até cessar, mas nenhuma palavra foi dita por ela.
Nada.
Será que tinha agido de maneira correta?
Queria falar com ela, mas preferiu esperar que chegassem em casa, não queria que Pedro ouvisse o que ela ia falar.
#
MARIANA
O carro parou no pátio da casa e ela não esperou pelo patrão. Entrou na casa ignorando até os chamados de Marta.
Foi para o quarto, pegou a foto das crianças e chorou mais, o coração partido por não poder estar com eles quando quisesse.
Foi ótimo vê-los e saber que estavam bem, mas tudo foi tão rápido e clandestino, como se fizesse algo de errado.
Sentiu que Eduardo estava na porta do quarto, olhando para ela, preocupado.
- Mariana, eu... – o homem começou.
- Desculpe, Sr. Eduardo. – ela deixou a foto na cama e se levantou – Eu nem agradeci pelo presente que me deu.
O patrão a observava com atenção, parecendo preocupado.
- Você está triste? Eu não queria deixá-la triste
Foi o suficiente para que voltasse a chorar.
Parecia uma louca.
Sentiu a mão do homem na sua e ele puxando-a para seu colo.
Ela não se importou se era seu patrão, se aconchegou nele e deixou que toda a tristeza que sentia, saísse.
Precisava dos braços dele em volta dela, da sensação de segurança que aquele contato lhe dava.
- Desculpe, Mariana... eu não queria deixá-la triste. – ele dizia enquanto acariciava seus cabelos.
- Eu estou feliz. – ela disse soluçando.
Eduardo riu e ela levantou o rosto do ombro dele.
Era estranho vê-lo rindo.
Aliás, era raro.
Talvez por isso ela tenha levado uma mão ao rosto do homem e o acariciou.
- Estou vendo o quanto está feliz. – ele acariciou o rosto dela e Mariana sorriu em resposta.
- Eu só fiquei emocionada em vê-los...
- Se você quiser, podemos fazer isso mais vezes. – garantiu.
- Minha irmã vai acabar descobrindo. Acho melhor não.
O homem continuava acariciando seu rosto, com cuidado. Era uma sensação tão boa estar ali com ele. Eduardo lhe acalentava e lhe dava segurança com aqueles simples gestos.
Lembrou que estava sentada no colo dele, com uma das mãos em seu rosto.
Não era nem um pouco profissional.
- Sr. Eduardo, eu... – tentou levantar-se.
- Só hoje, Mariana. – o homem disse enquanto aproximava-se e sussurrava – Só hoje não me trate como seu patrão.
Ele deu um beijo em sua bochecha, enviando arrepios por todo o corpo dela.
- Sr. Eduardo... – tentou dizer, mais uma vez buscando um fio de consciência porque sabia que algo muito importante estava prestes a acontecer.
E, ah! Ela queria.
Muito.
Ele colocou a mão que a acariciava na sua nuca, a trouxe mais para perto e sussurrou:
- Não me afaste, por favor.
E então juntou os lábios dos dois. Ela arregalou os olhos e encarou as íris cinzas que continuavam abertas, olhando para ela.
Os lábios ficaram colados por poucos segundos até que ele se afastou. Eduardo esperou que Mariana fizesse algo, batesse em sua cara, corresse ou alguma coisa assim.
Mas tudo que a jovem pensou em fazer foi envolver o pescoço dele com os braços e juntar os lábios deles novamente.
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Comments
patricia033096@gmail.com
até que enfim 💃❤️🔥🎆🎇💬
2024-09-09
1
Ana Maria Rodrigues
agora começou a cura pra eles
2023-12-26
1
Marcia 🌻
Que lindos 🥰 o Amor cura tudo 🙏 e o diálogo também 😊😊
2023-09-02
2