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MARIANA

Acordou confusa.

Estava num hospital, ligada a vários aparelhos que emitiam bipes a todo instante.

Seu patrão estava ali, segurando uma das suas mãos e... bem...

Parecia que o homem estava chorando. As lágrimas corriam pelo rosto de Eduardo enquanto ele sorria para ela.

Mariana não lembrava de ver um sorriso no rosto daquele homem. Ele ficava mais bonito quando sorria...

Lembranças do que aconteceu votaram à sua mente e então ela soltou a mão de Eduardo e quis se afastar, mas os aparelhos e a fadiga corporal a impediram.

- Mariana... – ele começou – Me perdoe. Eu agi como um idiota.

Ela ouviu o que ele dizia calada.

Estava magoada, ferida...

Não sabia se queria perdoar.

- Tudo bem. Eu... – ele disse se recompondo ao perceber que Mariana estava confusa. – Eu vou chamar uma enfermeira e avisar que você acordou.

E saiu.

Mariana olhou para a mão e ainda conseguia sentir o calor que ele deixara ali. Lembrava de ouvi-lo na escuridão, chamando-a, pedindo que ela abrisse os olhos.

Ele parecia abatido, com olheiras e cansado.

Eduardo estava com remorso.

Mas ele não tinha culpa se a vida dela era uma porcaria, tinha?

Sentiu o peito aquecer ao lembrar do sorriso dele ao vê-la acordando. Ela nunca vira um sorriso genuíno daquele homem.

Parecia mais bonito sorrindo...

Se ele soubesse...

Bem, não era ela quem ia falar isso para ele, certo?

Não, não permitiria cair na armadilha de se sentir confortável com ele novamente. Agiria de maneira formal, apenas isso.

#

EDUARDO

A enfermeira e o médico foram ver Mariana e as notícias eram animadoras. Se tudo continuasse indo bem, a moça teria alta no dia seguinte.

Ele suspirou, aliviado.

Mas o alívio não durou muito porque Luís e Marta chegaram.

Não por Marta, claro.

Eduardo observou o rapaz recebendo a notícia de que Mariana acordou. Ele não ia agir como um selvagem.

Mas vontade não faltava.

- Nós podemos vê-la? – Luís perguntou.

- Vão levá-la para o quarto daqui a pouco e então todos nós poderemos vê-la.

O rapaz assentiu e sentou-se junto com a mãe.

#

MARIANA

Acordou algumas horas depois, no quarto do hospital.

Já falara com Marta e Luís, os dois estavam felizes pela melhora da amiga.

Eduardo ficara ali por um bom tempo, mas resolveu deixá-la sozinha para que descansasse.

- Boa tarde, Mariana. Como está?

Ela olhou para a porta e viu sr. Geraldo olhando para ela. O homem trazia um pequeno buquê de rosas amarelas e um bichinho de pelúcia nas mãos.

Ela sorriu para o homem e pegou os presentes que ele oferecia.

- Não precisava, Sr. Geraldo.

- Não foi nada, minha filha. – ele entrou.

- Onde está o ahm... sr. Eduardo?

- Ele estava cansado e deixei que dormisse porque preciso falar com você sozinho. Como você está?

- Estou bem, senhor.

- Bem, eu sei o que Eduardo fez e por isso lhe peço desculpas. Meu filho é um bom homem, mas depois de perder a esposa e o irmão o coração dele ficou duro. Não quero justificar os erros dele, de nenhuma forma, eu sei que ele não merece perdão.

Ela sentiu os olhos ardendo novamente. Não queria sair do emprego, afinal tinha ali tudo que precisava, mas como continuaria trabalhando com aquele homem que a tratava mal?

- Senhor...

- Eu sei que meu filho é difícil, mas eu vi grande evolução dele nesse período em que você esteve com ele. – suspirou – Eu sei que não é nada agradável lidar com alguém de gênio forte, mas eu quero que você continue conosco.

Ela permaneceu calada.

- Pode parecer que não gosto do meu filho e que o abandonei, mas eu me preocupo. Depois do acidente, ele ficou mais duro, mais rebelde. Ele não aceita nenhum tratamento que possa recuperar o movimento das pernas... Eduardo pensa que causou o acidente e a sua punição é viver preso à cadeira de rodas.

Aquilo era terrível, deveria ser difícil para o rapaz viver com a culpa.

- Eu não sei o que ele disse para fazê-la agir de maneira tão extrema e se você não quiser mais continuar conosco tudo bem. Só posso lamentar. – suspiro – Mas eu queria lhe fazer uma proposta.

- Senhor...

- Não se ofenda, mas eu posso pagar a mais para você. Eu pedirei à Marta que dobre seu salário. Se quiser, pode ficar apenas durante o dia com ele e à noite dormirá no andar de baixo, com os outros empregados.

Deus, aquela era uma quantia bem alta...

Mas Mariana pensava em seus princípios.

Eduardo a humilhou.

Em contrapartida, ela tinha pena dele. Perdeu a esposa, o bebê e o irmão no mesmo acidente em que se torna paralítico.

Ela já tinha visto nuances do lado bom dele...

Ela poderia tentar.

- Senhor, não precisa...

- Olha, eu vou pedir a você que fique por mais seis meses. Caso meu filho a ofenda novamente, então não terei como pedir que fique, pagarei todos os seus direitos e deixarei você ir ainda com uma carta de recomendação. – ele falou – Por favor, aceite.

Mariana pensou.

Não tinha para onde ir, não tinha família, nem ninguém.

Não tinha outra alternativa além de ficar.

- Tudo bem, eu fico.

O homem sorriu, satisfeito.

- Ótimo. – ele apertou uma das mãos dela – Muito obrigado, minha filha. Pedirei a Marta que acrescente o bônus ao seu salário.

Ela sorriu e o homem logo se despediu, garantindo que em breve ela voltaria para casa.

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Comments

Leni Rocha

Leni Rocha

gostinho de quero mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais

2023-06-06

1

Vera Lucia Oliveira

Vera Lucia Oliveira

amando a história. que atualizei mais por favor

2023-06-06

0

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