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MARIANA

A jovem ficou no corredor enquanto a governanta conversava com o patrão. Pelo que pode observar, a mulher e o rapaz se respeitavam e ela sabia bem como lidar com ele.

Ao contrário de Mariana que sentia o estômago retorcer ao imaginar que teria que voltar para a pensão que estava. Não tinha mais nenhum centavo, como poderia pagar por mais noites lá? Teria que dormir na rua, não tinha outra opção.

- Querida. - ouviu a voz da governanta chamando – Vamos, vamos para seu quarto, você precisa descansar. Está com fome?

- Sra. Marta… eu… - tentou dizer sem embargar a voz – Eu…

- Não se preocupe, minha menina. - a mulher disse sorrindo, enquanto dava tapinhas em seu ombro – Ele tem esse jeito duro, mas é um homem bom. Como falei antes, o pai dele, o sr. Geraldo, foi que lhe contratou, então não importa o que o menino diga. - a mulher deu alguns tapinhas reconfortantes no braço da moça – Arrume suas coisas, tome um banho e logo trarei algo para você comer.

- Não precisa, não estou com fome. - disse, a verdade era que estava com o estômago embrulhado, não conseguiria comer nada naquele momento.

Marta assentiu.

- Então se acomode, tome um banho, se quiser faça um lanche na cozinha e depois descanse, por hoje.

Mariana assentiu e a mulher mais velha saiu do quarto, desejando uma boa noite.

A moça colocou a mala em cima da cama e, aos poucos, foi colocando suas coisas no guarda-roupa, por fim, retirou a coisa mais preciosa que tinha ali: a foto dos sobrinhos.

Passou o dedo pelo rosto do menino e da menininha que sorriam para a câmera. A saudade que sentia era tão grande que doía fisicamente. Tinha um nó na garganta, pelas lágrimas não derramadas, tinha receio de chorar e não conseguir parar. Não podia fraquejar. Algumas lágrimas escaparam e molharam o vidro do porta retrato, enquanto ela lembrava a forma como a irmã arrancara a pequena dos seus braços e lhe agredira com tapas no rosto e palavras duras, acusando-a de coisas terríveis. Ela foi expulsa da casa e não pode nem se despedir das crianças.

Mais uma vez empurrou aquela dor para dentro de si. Não poderia deixar que aquela tristeza tomasse conta dela, precisava se manter naquele emprego, por isso se concentraria em ser a melhor empregada, a mais dedicada. Limpou as lágrimas que ainda corriam pelo rosto, suspirou e levantou. Colocou a foto na mesinha de cabeceira e foi tomar banho, precisava pensar em como faria para se manter ali...

#

EDUARDO

Depois do acidente, Eduardo não dormia bem. Poucas horas ou noites insones, não havia diferença para ele. Às vezes preferia não dormir, uma vez que quando adormecia todas as cenas que antecederam o acidente voltavam à mente e ele acordava desesperado.

Assim, o homem ficava em seu escritório, algumas vezes lendo, outras observando o céu noturno. Naquele dia, preferiu observar o jardim através da janela do escritório, as sombras das árvores tornavam o cenário mais sombrio, como ele se sentia.

Ficou olhando o jardim por horas, até a noite ser substituída pelo dia. Decidiu ir até a cozinha, mas logo se arrependeu quando ouviu um som de música vindo de lá.

A nova empregada gostava de ouvir música, então?

Logo logo ele acabaria com aquela festa.

Direcionou a cadeira de rodas para a cozinha e parou na porta, observando. A jovem vestia calça jeans azuis surradas e camiseta branca de mangas, simples. O cabelo longo, cacheado e castanho estava preso em um rabo de cavalo que balançava à medida que ela se mexia. Ela estava de costas para a porta, cantando baixinho no ritmo da música, enquanto preparava algo no fogão.

O homem sentiu raiva, ele não permitiria que aquela mocinha chegasse e tirasse sua paz, por isso foi até onde o rádio estava ligado e puxou o fio da tomada.

Logo a jovem se assustou e virou para ele, os olhos arregalados e a mão no coração denunciavam o susto que ela levou.

- Bo-bom dia, Senhor. – disse, deixando a tigela na mesa – Precisa de algo? Estou fazendo omelete para o café.

- Eu não preciso de você. Nem da sua comida. – falou, ríspido e saiu, com raiva – Nem da sua música. Eu quero silêncio.

O homem voltou para sua toca (escritório) e, com raiva, jogou alguns enfeites na parede para extravasar a raiva.

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Comments

Thayana Lima

Thayana Lima

Começando e já amando 😍🥰

2023-12-21

1

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