Capítulo 17

Depois de três dias no hospital, finalmente chegava o momento de Lorenzo voltar para casa. Ainda fraco, mas bem-humorado, ele descia pela entrada principal do hospital em uma cadeira de rodas, empurrada por Marcel. Zoe caminhava ao lado deles, segurando os pertences de Lorenzo e tentando não deixar transparecer a preocupação que ainda sentia.

— Então, é isso. Três dias de descanso forçado e agora vou ter que aturar vocês no meu apartamento? — Lorenzo brincou, olhando para Marcel e Zoe.

— Exatamente, lindinho. — Marcel respondeu com um sorriso largo. — Mas não se preocupe, eu preparei tudo para você.

— Isso é o que me preocupa. — Lorenzo resmungou, arrancando uma risada de Zoe.

Quando chegaram ao prédio de Lorenzo, ele foi recebido com uma surpresa que não esperava. Assim que a porta do apartamento se abriu, uma faixa improvisada de "Bem-vindo de volta, Lorenzo!" estava pendurada na sala. Balões coloridos decoravam o ambiente, e sua família e amigos estavam lá, prontos para recebê-lo.

— Surpresa! — todos gritaram, enquanto Lorenzo era empurrado para dentro.

Sua mãe, foi a primeira a abraçá-lo, segurando as lágrimas.

— Meu filho, que bom que você está bem! — disse ela, apertando-o com carinho.

— Mãe, eu estou bem... Só um pouco dolorido. — Lorenzo respondeu, sorrindo.

Seu avô, estava logo atrás, com um sorriso orgulhoso.

— Você deu um susto em todos nós, rapaz. Mas é bom te ver em casa.

Marcel, que havia organizado tudo, estava claramente satisfeito com o resultado.

— Viram só? Eu sou o melhor organizador de festas de boas-vindas que existe.

— Com certeza. — Lorenzo respondeu, ainda meio surpreso. — Não sei se mereço tanto, mas obrigado.

Zoe ficou um pouco de lado, observando a interação. Quando Lorenzo a notou, ele estendeu a mão para ela.

— Ei, você faz parte disso também. Chega aqui.

Zoe hesitou por um momento, mas se aproximou.

— Eu só fiz o que qualquer um faria, Lorenzo.

— Não, você fez mais do que isso. — Lorenzo disse, olhando diretamente para ela. — Obrigado por estar ao meu lado.

O clima da festa era leve e descontraído. Enquanto Lorenzo se acomodava no sofá com almofadas para apoiá-lo, seus amigos e familiares riam e conversavam. Marcel trouxe um bolo que havia encomendado, enquanto Carolaine aine aine chegou com salgadinhos que ela mesma preparou.

Zoe, em um canto da sala, observava Lorenzo interagir com todos. Ele estava mais pálido que o normal, mas sua energia e humor pareciam intactos. A visão aliviava o peso que ela vinha carregando nos últimos dias.

— Você está pensando demais. — disse Carolaine aine , surgindo ao lado dela com um copo de suco na mão.

— Só estou feliz que ele está bem. — Zoe respondeu, dando um pequeno sorriso.

— Feliz? Ou aliviada porque quase perdeu o "teimoso"? — Carolaine aine provocou, erguendo as sobrancelhas.

Zoe bufou, tentando mudar de assunto.

Lorenzo, percebendo a troca entre as duas, interrompeu.

— Ei, Zoe! Vem cá, tem um lugar pra você aqui.

Ela olhou para ele e, por um segundo, seus olhos se encontraram de uma forma que fez o coração de Zoe acelerar. Lentamente, ela foi até ele e sentou-se na poltrona ao lado.

— Agora, sim. Festa completa. — Lorenzo comentou, antes de Marcel colocar um chapéu de festa na cabeça dele, arrancando risadas de todos.

Era um momento simples, mas carregado de significado. Lorenzo estava de volta, cercado por pessoas que o amavam, e, mesmo que ninguém dissesse em voz alta, todos sabiam o quanto aquele retorno significava.

Enquanto o clima de comemoração seguia descontraído, Lorenzo, sentado no sofá e rodeado por sua família e amigos, parecia mais introspectivo por alguns minutos. Ele olhou ao redor, observando cada rosto, mas seus olhos sempre voltavam para Zoe, que estava sentada na poltrona ao lado, conversando com Carolaine .

Marcel, sempre atento, percebeu o olhar de Lorenzo e decidiu provocar.

— Gente, será que alguém aqui vai dizer alguma coisa importante ou vai ficar só olhando? — Marcel brincou, cruzando os braços e lançando um olhar malicioso para Lorenzo.

Todos riram, mas Zoe franziu a testa, confusa.

— Do que você está falando, Marcel? — ela perguntou.

— Nada, gata. Só acho que algumas pessoas deveriam aproveitar o momento, né, Lorenzo? — Marcel disse, lançando um sorriso cúmplice para o amigo.

Lorenzo soltou um suspiro profundo e, com esforço, se levantou do sofá, apoiando-se levemente em uma almofada. O barulho de conversas diminuiu, e todos o olharam com curiosidade.

— Lorenzo, você precisa descansar, sente-se. — Sua mãe alertou, preocupada.

— Calma, mãe, eu preciso dizer algo. — Ele respondeu, olhando diretamente para Zoe.

O coração dela disparou. Ela olhou ao redor, percebendo que todos os olhares estavam agora fixos nos dois.

— Zoe, esses últimos dias me fizeram pensar muito. Quando você estava naquela sala assistindo à minha cirurgia, e quando eu te vi todos os dias no hospital, se preocupando comigo, eu percebi uma coisa importante.

Zoe engoliu em seco, sem saber o que dizer.

— Você é especial para mim. Sempre foi. Mas eu nunca tive coragem de te dizer isso antes.

A sala ficou em silêncio absoluto. Até Marcel, conhecido por suas piadas, parecia estar segurando a respiração.

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