O último suspiro

...Sam King...

Dean me deixa no hotel e sai cantando pneu dizendo que iria resolver algo. Vou andando cansadamente até o elevador, não sei porquê mas estava esgotada não só física como psicologicamente.

Abro a porta do quarto sem fazer barulho, caminho em direção ao sofá e me sento com os cotovelos em meus joelhos e minhas mãos em meu rosto.

Fico em silêncio até que as luzes se acendem, mas não me dou ao trabalho de tirar minhas mãos do rosto.

— Teve que me esperar dormir pra sair?_pergunta Henry, sua voz grossa ecoando pelo apartamento_

Tiro minhas mãos do rosto e o encaro, ele estava com os braços cruzados, encostado na porta, me encarando.

— Sim._Digo por fim sem forças_

— Matou ele?

O encaro e nego, o mesmo me olha confuso

— É eu sei. Confuso né? Mas era o melhor a se fazer._me levanto passando pelo mesmo e indo em direção ao closet mexendo em minha mala_

Tiro de lá a gravação do John e volto ao quarto. O Henry me esperava na mesma posição

— Aqui vai estar tudo que quer saber. Toda a verdade. Desculpe não ter dado antes.

Ele pega encarando o objeto e logo o guardando me deixando totalmente confusa.

— Não me importa isso agora. Estou preocupado com você._fala vindo até mim_

Me afasto do seu toque, sem olhá-lo digo

— Veja a gravação e decida o que fazer Henry. Com licença._saio do quarto escutando seus chamados irritados. Entro no elevador subindo para o último andar, paro em frente ao quarto, dois homens grandes na porta, eles me encaram e se entreolham, logo me dando passagem.

Entro no quarto observando cada detalhe, eu apreciaria sua beleza se não estivesse mais preocupada em sobreviver

— Samael, o ceifeiro da bratva, a porra do anjo caído, era esse o ditado certo?_me viro na direção da voz vendo um homem magro, alto e loiro, com tatuagens em seus braços e pescoço. O jovem estava com um olhar divertido. Também notei na mão esquerda a glock apontada para mim, enquanto na direita havia um copo com possivelmente whisky_

— Damian Santini, pirralho da máfia italiana._digo sarcasticamente_ É esse o ditado certo?

O homem loiro me encara irritado e minha mente só consegue pensar em o quanto ele é mimado.

— Como está o seu titio ham?_pergunta vindo até mim_

— Muito bem. Já não posso dizer o mesmo do seu capanga de merda._ele me fita incrédulo_ O que? Achou que eu não sabia do Matheus? Por Deus, seu pai não te ensinou nada?_então num óbvio acesso de raiva Damian joga o copo de vidro em minha direção, infelizmente não tenho tempo de desviar e o mesmo acerta minha bochecha_ Você é mesmo um mimado de merda._O homem encosta a arma em minha barriga. Sinto o sangue escorrer em meu rosto. Damian estava possesso_

Porém logo a arma é posicionada em outro lugar, meu rosto, mais precisamente no meio das minhas têmporas. Porém a arma direcionada ao meu rosto não me preocupava, o machucado em meu rosto não doía, minha adrenalina estava a mil, e eu só queria que aquilo acabasse.

Então o celular de Damian toca alto fazendo sua atenção ser direcionada a outra lugar, me dando a oportunidade de atacá-lo tirando a arma do mesmo.

— De joelhos agora._esbravejo irritada e o mesmo faz o que eu peço_ Atenda o celular Damian.

Damian pega o celular atendendo e pondo no viva-voz

— Damian? Você está bem?_a voz preocupada de seu pai é ouvida por todo ambiente_

— Não por muito tempo se ele continuar a mexer comigo. Eu vou matá-lo Matteo, o matarei sem escrúpulos, esquecendo que um dia fomos amigos.

Escuto o mesmo suspirar

— Por que está fazendo isso Damian?!_pergunta Matteo agora com irritação em sua voz_

— Por que você só se importa com essa russa de merda!! Quer ela como sua sucessora, não seu próprio filho!!!

Escuto o mais velho suspirar cansadamente

— É por essas atitudes que quero ela no comando e não você.

Sou pega de surpresa pela resposta do mesmo e encaro seu filho que tinha lágrimas nos olhos

— O garoto é impulsivo Matteo, mas não é de se jogar fora, treine ele direito e ele será melhor do que eu._Damian me fita surpreso_ Ele é jovem Matteo, só precisa de disciplina._falo abaixando a arma_ Damian, não se preocupe tanto com isso, eu nunca aceitaria e você é jovem demais, viva antes de se preocupar com esse mundo de merda que eu e seu pai vivemos._Suspiro_

Porém nosso momento é interrompido por um estrondo na porta.

A porta é arrombada por um chute estrondoso, passando por ela vejo um Henry possesso apontando uma arma direcionada a Damian que se encontrava ainda de joelhos.

— Henry?!_é a única coisa que consigo dizer antes do gatilho ser puxado e o barulho estridente se fazer presente no recinto_

Escuto os gritos de Matteo e Henry. Sem reação olho para Damian, que me encarava com um sorriso perverso. Minhas mãos vão em direção ao buraco em meu abdômen, onde a bala atravessou, Damian tinha uma segunda arma, menor, escondida em seu sapato. Henry atira matando Damian sem piedade. O vejo correr em minha direção, mas não rápido o suficiente para me segurar. Caio no chão, sentindo a dor aguda tomando conta de todo meu corpo, sinto o gosto de sangue em minha boca, me sufocando, porra, eu estava me engasgando com meu próprio sangue.

Henry me pega em seus braços, fazendo pressão em minha barriga que jorrava sangue a cada movimento meu

— Não não não não, florzinha, olhe pra mim, não feche os olhos entendeu!? A ajuda já está vindo, você precisa ficar acordada amor, olha pra mim._o moreno me apertava para si, me encarando com seus olhos e rosto banhados em lágrimas_ Olhe pra mim amor, não me deixe por favor. Não feche os olhos amor.

Me forçava a obedecê-lo, minhas têmporas doíam, brigando para se fecharem e aceitarem a escuridão.

— Hen...ry_tentava falhamente chamá-lo_ está...tudo...bem._o sangue e a fraqueza atrapalhando minha fala_

Sinto beijos serem depositados em meu rosto

— Eu estou aqui, estou aqui com você e não vou deixar você ir, então minha florzinha, fique acordada para mim._Henry falava tentando me passar confiança_

Seguro seu braço com o resto de força que me restava, querendo ficar acordada. E o sinto estremecer em meus braços.

— Eu te amo Florzinha, por favor, não me deixe!!!_seu soluço me faz olhá-lo com lágrimas nos olhos_

— Eu... também... te... amo... Grandão..._é a única coisa que consigo dizer antes de ser engolida pela escuridão_

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