Capítulo 10 - Questionamentos

Convencê-lo de que não estava interessada no dinheiro e nos presentes que ele lhe oferecia...

— Tudo bem. Compre-me um carro.

Ela disse, sa­bendo que nada do que argumentasse o convenceria de que não estava interessada no dinheiro dele.

— Desde que você aceite que, em seis meses, terá de me tirar de dentro dele com um abridor de latas

Ela murmurou, sarcástica.

Maya então estaria grávida de oito meses... De um bebê que se tornara real para ela depois de pas­sar

horas sozinhas no apartamento.

Tudo estava calmo e tranquilo, tanto que ela era capaz de ouvir a batida do próprio coração, imaginando outro coraçãozinho batendo dentro dela. Maya colocou a mão sobre a barriga e mentalmente tentou tocar e conversar com a pequena vida que se formava.

E pensou ter ouvido uma resposta: Estou aqui...

Ela olhou para Dean, querendo compartilhar aquele momento, mas sabendo que ele não entenderia como ela se sentia maravilhada com a criança que crescia dentro de si.

Sem ser sexista, Maya achava que nenhum homem era capaz de entender o milagre de uma gestação.

Especialmente um homem que achava que a gravidez era um meio de se alcançar alguma coisa.

Maya ficou em silêncio enquanto Arthur dirigia de volta para o apartamento, um apartamento ainda vazio.

Ela ti­rou a jaqueta antes de olhá-lo, alerta.

— O quê?

Ele perguntou, tenso.

Ela umedeceu os lábios com a ponta da língua antes de responder. Era algo que Dean desejara que Maya fizesse, fascinado com a sensualidade do gesto.

Ele olhava fixo para a pon­ta rosada da língua delicada, que deslizava devagar sobre aqueles lábios excitantes.

Lábios que ele queria desesperadamente beijar!

Pelo menos no que dizia respeito ao se*o, Dean podia se aproximar de Maya, entendê-la e dar a ela algo que sa­tisfaria a ambos.

Era o tipo de satisfação pela qual ele ansiava desde que a deixara, há um dia. Só de pensar no corpo dela ficava todo tenso, e o banho frio que tomara antes de se encontrar com Maya não fora capaz de apagar-lhe a chama.

Mas antes que ele desse o primeiro passo para abra­çá-la e fazer amor com ela, Maya sem perceber o desejo crescente em Dean, começara a lhe falar.

— Eu preciso conversar sobre a visita aos meus pais amanhã.

Ele começou, desconfortável.

Ah, sim. Ele percebia que seria um problema para ela.

— Não é preciso.

Ele disse.

— Entendo que seus pais não ficarão felizes se souberem por que vamos nos casar. Seria... Melhor se eles acreditassem que nós nos amamos?

Maya ficou envergonhada.

— Eles... Eles não entenderão a situação.

Não, Dean também achava que eles não entenderiam os planos maquiavélicos da filha. Se bem que os pais dele também não entenderiam. Mas tinha certeza de que a família a acolheria bem.

Só o fato de a estar carregando o neto era garantia suficiente para eles.

E provavelmente gostariam mesmo de Maya. Afinal, ela era uma mulher afetuosa e admirável, apesar de Dean não confiar nela de modo algum.

Maya podia ter recusado o anel, mas só porque ela não queria precisar se casar com Dean para se apoderar do dinheiro dele. Ela não fizera cerimônia quando ele lhe oferecera o carro.

Maya era uma mercenária interesseira, e, quanto mais cedo Dean aceitasse isso, melhor seria! Ele deu de ombros.

— Não será um problema para mim. Mas como você lidará com o fato de ter de fingir ser apaixonada por mim?

Ele perguntou, provocativo.

Ela manteve a cabeça abaixada, sabendo que o olhar dourado, naquele momento, diria que não seria preciso fingir. Porque, apesar de tudo, Maya amava Dean.

De um modo Insuportável. Ela já amava o bebê também. E talvez, depois que se casassem, com o tempo, Dean poderia vir a amá-la.

Ou será que Maya estava vivendo na Ilha da Fantasia? Provavelmente. Mas a fantasia era tudo o que ela pos­suía naquele momento. Porque Maya se casaria com Dean.

Ela agora entendia que era o único modo de mostrar que não era o tipo de mulher que ele imaginava.

E começaria demarcando uma linha para separar os presentes que aceitaria e os que não aceitaria dele. O bebê não estava à venda e nem ela, e, quanto mais cedo Dean percebesse isso, melhor!

Ao fitá-lo, Maya conseguiu conter as emoções.

— Claro que conseguirei fingir.

Ela disse.

— Afinal, nós dois sabemos como você pode ser encantador quando quer.

Acrescentou, lembrando-se de como Arthur a en­cantara naquela noite, há seis semanas.

A ponto de Maya acreditar que estava interessado nela. Como fora ingênua... E agora estava pagando o preço por aquela ingenuidade!

— Estou cansada, Dean.

Ela disse.

— Se você não se importar de sair, eu gostaria de ir para a cama...

Acrescentou, enquanto ele a encarava do outro lado da sala.

Ele não passaria a noite aqui, se era isso o que estava planejando.

A porta do quarto de Maya ficaria trancada até o casamento! Com sorte, até lá ela o convenceria da própria inocência.

— Por mim, tudo bem.

Respondeu Dean, com despre­zo.

— Eu não consegui terminar meu jantar, por isso acho que vou comer alguma coisa.

Maya o olhou torto, impressionada porque ele concor­dara em ir embora sem hesitar.

— Você vai sair outra vez?

— Isso a incomoda?

Sim! Maya quis responder. Aquilo a incomodava, sim!

Afinal, provavelmente ela era apenas um das muitas mulheres com as quais, Dean se envolvia quando estava na Inglaterra.

E sem dúvida uma destas mulheres ficaria feliz em juntar-se a ele para um jantar. Ou o que mais ele oferecesse a ela...

Ela percebeu que não haviam conversado sobre fideli­dade no casamento.

E imaginar Dean na cama com outra mulher era inaceitável! Mas se Maya lhe dissesse isso, ele provavelmente riria.

— De jeito nenhum!

Assegurou-lhe.

Ele fechou a cara, ameaçador.

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Comments

Sandra Maria de Oliveira Costa

Sandra Maria de Oliveira Costa

em outras histórias também tinham Arthur e lua

2024-09-20

0

Martha Nogueira

Martha Nogueira

Gente será que estou perdida. Tem hora que a autora coloca o nome Dean e em outra Artur. Afinal o nome dele é Dean, certo?

2023-05-17

5

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