Capítulo 17 - Indiferença

Maya estava longe de obter as respostas para aquelas perguntas na manhã seguinte, ao sentar-se para tomar um café em silêncio com Dean.

Ela ficara deitada na cama, fingindo que dormia, quan­do Dean desligou o telefone, obrigando-se a não se mover e nem mesmo alterar a respiração quando ele entrou no quarto e se aproximou, chamando-a pelo nome baixinho, parecendo mais intrigado do que irritado diante daquele silêncio. Claro que ela não estava dormindo.

Como poderia dor­mir sem ter idéia do que aconteceria?

Por que Sarah ligara agora que Dean estava prestes a se casar com outra mulher?

Se não por outro motivo, para mantê-lo preso. Sarah não podia viver com ele, mas também não queria que ou­tra mulher vivesse.

E, se aquilo fosse verdade, a questão era como Sarah ficara sabendo que Dean se casaria? Ele contara, se bem que isso era improvável, já que parecera surpreso com a ligação. Deve ter sido algum parente dele.

De qualquer modo, isso não importava, era o fim. Maya acabara chorando até pegar no sono. Estava com tanta raiva de Dean. Mas também estava com raiva de si! Com raiva porque havia uma parte dela que queria se levantar e se jogar nos braços dele de novo.

— É melhor eu ir trabalhar...

Ela disse, subitamente

— Não seja boba, Maya!

Respondeu Dean. Parecia que ele também não dormira muito bem, e por isso estava de mau humor.

— Eu disse a Jane que você não trabalhará mais na galeria.

Os olhos de Maya brilharam.

— Então é melhor você ligar e dizer que mudou de idéia.

— E por que eu faria isso?

— Porque até que Gina encontre alguém para dividir o apartamento, pretendo pagar a minha metade do aluguel, e preciso de um emprego para isso. Além do mais, eu deci­direi quando e se pretendo parar de trabalhar.

— Não se eu decidir demiti-la antes.

Ele retrucou impaciente.

— Tente!

Provocou Maya.

— Os jornais adorarão isso. "Esposa processa marido por demissão sem justa causa!"

Dean respirou fundo, esforçando-se para não se des­controlar.

— Maya, como minha esposa você não precisará traba­lhar. Nunca mais.

— Não sou sua esposa ainda...

Ela respondeu furiosa.

— Ainda...

— O fato é que eu tenho de pagar o aluguel.

— Eu pagarei a porcaria do aluguel até que Gina en­contre alguém.

Ele disse, irritado diante da teimosia.

Dean estava impaciente porque, noite passada, ao vol­tar para o quarto, vira que Maya não estava lá.

Ela não estava no banheiro ou na cozinha, onde Dean a procurou.

Então só podia estar no quarto de hóspedes.

E foi lá que ele a encontrou, encolhida na cama e dormindo!

Maya não respondera quando Dean a chamara. Em vez de acordá-la, ele preferiu deixá-la ali e voltar para o quar­to sozinho.

Para a cama ensopada! Depois de trocar os lençóis e se deitar, ficou completa­mente acordado, olhando para o quadro que trouxera do escritório no dia anterior.

Ele podia se imaginar no futuro, olhando para o retrato da mulher que amara porque ela o iludira. Igual a Jack Garder. Outra noite de insônia não diminuiria a irritação. E Maya sabia muito bem disso.

— Não preciso que você pague meu aluguel ou qual­quer coisa! Se acontecer algo de errado durante esta gra­videz...

Respondeu ressentida.

— Como assim "se acontecer algo de errado?"

Per­guntou Dean, a testa franzida.

— Não, Dean, eu não faria nada para machucar este bebê.

Ela respondeu cansada, ao perceber o olhar acu­sador dele.

— De acordo com a sua teoria de eu ser uma aproveitadora, isso não seria útil, não é? O fato é que, se algo der errado, você não vai me querer como sua esposa, não é? O que significa que eu precisarei de um emprego!

Se bem que não conseguia se ver trabalhando com Dean, nem que ele quisesse, se os dois se separassem. Ele ficou olhando para ela por um bom tempo.

— Isso não acontecerá.

Ele resmungou.

— E se acontecer vou engravidá-la novamente!

Ela arregalou os olhos.

— E por que você se envolveria novamente com uma aproveitadora como eu?

— Por isso mesmo. Eu não vou permitir que você se divorcie de mim jamais, Maya!

Ela percebeu que Dean estava pensando que um divór­cio se traduzia em divisão de bens e dar a ela uma boa par­te do dinheiro da família Maxwell, e Dean não pretendia que isso acontecesse.

— Ótimo!

Disse.

— Mas mesmo como sua esposa, eu vou decidir o que farei da minha vida, e não você!

Ele fechou os olhos por uns instantes, olhos que se abri­ram num azul profundo quando ele voltou a fitá-la.

— Você está louca para brigar esta manhã, não é?

Ela bufou.

— Não que eu saiba.

— Mentirosa!

Ele murmurou, irritado, com um olhar ameaçador.

— E eu não estou de muito bom humor!

Ele advertiu.

— Por que você desapareceu quando eu voltei para o quarto noite passada?

Maya evitara esta pergunta, sem querer que Dean sou­besse que ela entreouvira a conversa que ele tivera com a ex-mulher. Isso seria vergonhoso demais.

Além do mais, já que Dean pensava que ela era uma trambiqueira, provavelmente pensaria que

Maya ouvira a conversa de propósito. Ela deu de ombros.

— Eu estava cansada, por isso fui me deitar.

Ele respirou fundo, olhando fixo para Maya.

— Você já estava na cama...

— Mas não na minha cama.

Ela insistiu.

Ele balançou a cabeça, frustrado.

— Você não acha mesmo que eu vou deixar você dor­mir em outro quarto depois do que aconteceu ontem.

— É exatamente o que eu acho.

Respondeu Maya, virando-se e se perguntando quando Dean contaria sobre o telefonema de Sarah. E se contaria.

Talvez nunca, pensou séria.

Até porque Dean amara Sarah e o filho que eles tiveram foi fruto de um casamento baseado no amor. Este bebê nasceria de um casamento por conveniência. Se é que ha­veria casamento.

— Como disse, vou trabalhar.

Ela relembrou.

Descer para a galeria seria no mínimo conveniente. Era a única coisa boa que Maya conseguia ver no casamento.

— Só até a hora do almoço.

Disse Dean.

— Você tem uma consulta marcada com um obstetra às 14h.

Ele explicou.

Maya se virou para vê-lo, com olhos arregalados.

— Achei que havia dito...

— Hebe, diante de seus comentários negativos, pedi a secretária daquele médico uma recomendação de outro obstetra.

— Pediu?

— Sim.

— Como você é poderoso!

Ele deu de ombros.

— Não estou aqui para mostrar poder algum. E você sabe muito bem disso.

O humor de Maya desapareceu na hora. Por que ela se perguntava se ainda estava com raiva e irritada com Dean por causa do telefonema de Sarah?

Estava tão confusa em relação aos próprios sentimentos, que podia até mesmo bater na cabeça dele com a xícara de café.

— Ah, sim.

Ela concordou.

— Sei muito bem.

— Que bom!

Encerrou Dean.

— Vou ficar no meu escritório esta manhã, lidando com alguns documentos. Almoçarei aqui com você meio-dia e meia... Você espera que eu cozinhe? Eu geralmente como um sanduíche no almoço. O que eu sou capaz de preparar sozinho. E você também, se necessário. Pretendo fazer com que você se alimente bem daqui para frente.

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