Capítulo 9 - O Anel De Noivado

Na tarde seguinte, ao abrir a porta para Dean, Maya sabia que não estava mais tão perto de ter de aceitar o próprio destino.

Ela tirara o dia de folga, como ele sugerira, de qualquer modo, assim pôde se encontrar com Guilherme. Uma reu­nião que foi tão frustrante quanto a secretária lhe avisara que seria.

David Guilherme lhe disse, não. Ele não podia lhe reve­lar o endereço de Andre Souten. Não, ele também não lhe daria o telefone do artista. E não importava que a mãe de Maya tivesse sido amiga do pintor.

Ela tentou mencionar o retrato, sem sucesso. Não esta­va no catálogo do artista, então provavelmente era falso, foi o que o velho disse.O máximo que conseguiu dele foi que o agente lhe pro­metesse entregar uma carta. Mas com o conselho de que Maya não esperasse por uma resposta!

Ela achava que Guilherme estava errado. Como era sexta-feira, Andre Souter não receberia a carta até o dia seguinte, na melhor das hipóteses. Mas com certeza na semana seguinte haveria um retorno.

E se não houvesse, isso significava que o pintor não era o homem que ela imaginava.

— Você está linda!

Dise Dean, ao admirá-la num vestido preto na altura do joelho e depois lhe dar um beijo na boca.

Um beijo que a pegou totalmente de surpresa!

— Não é preciso fingir esse tipo de coisa quando esta­mos sozinhos, Dean!

Disse Maya.

— Quem está fingindo?

Ele perguntou.

— Acontece que eu gosto de beijá-la. E tenho a impressão de que você também gosta quando eu lhe beijo.

Acrescentou, insinuante.

— E eu pensei que, levando em conta o que o beijo provoca, era mesmo melhor beijá-la quando estivéssemos sozinhos.

— Só estou dizendo que minha amiga já saiu e que você não precisa impressioná-la!

— Estou começando a me perguntar se essa amiga existe mesmo.

Maya ficou séria.

— Claro que existe. Nós vamos jantar?

Ela não sa­bia ao certo se seria capaz de comer. Nada do que comera naquele dia lhe fizera bem.

A gravidez, Maya estava descobrindo, que era desconfortá­vel. Mas a revista que ela estava lendo lhe ensinara que o enjôo só acontecia no começo da gestação. Aquilo geral­mente desapareceria no quarto mês. Mais sete ou oito semanas, então!

— Sim, vamos direto, acho. Assim haverá menos chan­ce de brigarmos num restaurante lotado,

Ela arqueou a sobrancelha.

— Você acha?

— Na verdade, não.

Dean a olhou atravessado.

— Como você está se sentindo?

— Em que sentido?

— Em todos!

— Bem, eu não mudei de idéia quanto a me casar com você, se é o que quer saber.

Resmungou Maya, vestindo a jaqueta que Dean segurava para ela. Ele ficou sério.

— Será que podemos ao menos começar a noite sem brigar?

— Você perguntou!

— Você sabe que eu estava me referindo ao enjôo.

— Então por que não disse logo?

Maya deu um risinho.

— Eu só vomitei quatro vezes hoje. Nada mal, levando em conta que não comi nem bebi nada o dia todo!

Dean não ficou muito feliz ao ouvir aquilo.

— Minha ex-mulher foi a um médico aqui na Inglater­ra quando estava grávida do Luke. Acho que vou marcar uma consulta para você...

— Não! Não quero ver o mesmo médico que sua mu­lher consultou quando estava esperando o Luke!

Dean pareceu surpreso e franziu a testa, mal-humorado:

— Por que não? Este cara é o melhor!

— Que seja. Mas a Sarah era sua esposa, e eu sou apenas...Apenas...

— A mulher que em breve será minha esposa.

Tudo seria uma batalha? Provavelmente, concluiu Dean. Mas ele não iria desistir. Valeria a pena, depois que tivesse o filho no colo e Maya na cama...

— Acho melhor você se acostumar com a ideia!

Disse Dean.

— Você, eu e o bebê seremos uma família.

— Se acha que será simples assim, sinto pena de você.

Claro que ele não achava que seria tão simples.

Já sabia que Maya podia ser teimosa. Mas pensava que, quanto mais cedo ela aceitasse a ideia do casamento, melhor seria para ambos. E para o bebê...

— Vamos.

Dean a pegou pelo braço com firmeza.

— Vamos ler todo o cardápio até encontrarmos algo que você consiga manter no estômago.

Bruschetta e azeitonas, foi o que Maya descobriu, antes de tentar uma sopa e aspargos.

— Quer que eu peça mais?

Ofereceu Dean, ao ver que Maya comia o pão e as azeitonas com gosto.

— Vamos esperar e ver se consigo manter isso no es­tômago.

— Você telefonou para seus pais?

Perguntou ele de repente.

Maya ligara. E fora um telefonema difícil. Não podia simplesmente contar a eles, pelo telefone, que estava grávida.

Ela lhes devia uma explicação. Mas assim que mencionou a companhia de um amigo, a mãe ficou toda atiçada.

Sem dúvida ela já estava pensando na cor do ves­tido das madrinhas. O que era outro problema para Maya resolver. Se ela realmente casasse com Dean, não queria que os pais soubessem por que estavam se casando. Entre­tanto sabia que não poderia manter

o bebê em segredo por muito tempo, e não se importava com a reação dos pais, mas não queria que percebessem que Dean não a amava.

Amor.

Maya sempre achou que se casaria com alguém que amasse assim como fora com os pais.

— Maya?

Chamou Dean, incomodado com o silêncio.

Ela respirou fundo.

— Sim, eu liguei. E disse que eu o levaria para co­nhecê-los no sábado. Eles entenderam a razão e ficaram eufóricos.

Dean se perguntava por que ela não parecia nada feliz. Afinal, era o que ela queria. O dinheiro dos Aguiar, a disposição.

Maya pode não ter planejado que Dean estaria ligado ao dinheiro, mas muitas coisas saíram diferen­tes do planejado. Incluindo o que ele sentia por ela... Quando se casou com

Sarah, a namoradinha do colé­gio, e se separou, ele jurou que jamais se apaixonaria ou se casaria de novo.

Mas de algum modo ele soube, depois da noite que passara com Maya, que ela era dife­rente. E mesmo assim a dispensou de maneira cruel na manhã seguinte.

Dean não a esqueceria nas semanas subsequentes. Na verdade, nem mesmo olhou para outra mulher neste in­tervalo, e sabia que se encontraria com Maya assim que chegasse a Londres. Mas ele não contava com aquele quadro.

Ou em descobrir que Maya estava grávida. Intencionalmente?

Não tinha certeza. Esse era o problema...

— Deixe para lá, Maya!

Disse, tirando do bolso do paletó uma caixinha de veludo e colocando-a diante dela.

— Talvez isso a anime.

Dean se ajeitou na cadeira para observar a reação dela.

Que não foi nada parecida com o que ele imaginara.

Maya estava olhando para a caixinha como se o objeto fosse mordê-la. Talvez achasse que ela própria iria escolher o anel de noivado. Com um belo diamante, claro.

Ao lembrar-se do anel dentro da caixinha, Dean não achava que Maya ficaria desapontada. Quem estava desapontado era ele.

— Que droga, abra!

Ele gritou, inclinando-se para frente.

— Tenho certeza de que você vai gostar!

Disse, impaciente.

— E se não gostar, podemos comprar algo maior e melhor.

Concluiu.

Ele era um idiota, um imbecil por querer acreditar que a reação de Maya indicaria que ela sentia algo pela pessoa que ela era, e não só pelo saldo bancário.

Mas ela estava certa. Era só se*o.

Maya engoliu em seco, esticando-se para pegar a caixi­nha, sabendo o que havia dentro. Ficou paralisada.

Dean dissera que eles se casariam. Mas, se o próprio instinto estivesse certo, dentro daquela caixa havia um anel de noivado. Aquilo sim era totalmente inesperado.

Por fim, Maya abriu a caixinha, arregalando os olhos e respirando com dificuldade. Era o maior diamante que vira, cercado por dezenas de diamantes menores, e a marca estampada na caixa indicava que o anel custara uma fortuna.

Uma pequena parte dos milhões dos Maxwell, mas ainda assim uma fortuna.

— Você está me dando isso?

Ela perguntou.

— O que você acha?

— Você está tentando me ofender?

Maya franziu a testa e empurrou a caixinha na direção de Dean.

Depois, pôs as mãos sob a mesa, como que para se impedir de aceitar algo que não queria. Nem precisava.

Ele não se mexeu.

— Você preferia uma safira? Ou talvez uma esmeral­da? Podemos ir à joalheria amanhã...

— Não me lembro de ter dito que queria um anel de noivado.

Disse.

— E isso... Você está mesmo tentando me ofender, não?

Os olhos brilhavam e ela estava ver­melha de raiva.

— O que há de errado com o anel? Não é grande o suficiente?

— Grande o suficiente! Se o diamante fosse um pouco maior, teria cegado as pessoas ao nosso lado.

Maya tinha certeza de que, com aquele anel, Arthur esta­va tentando comprá-la.

— Pode falar baixo, Maya?

Ele murmurou, ao perce­ber que os outros clientes estavam olhando.

— Diga-me o que há de errado com o anel e eu o trocarei.

— Se o diamante fosse menor, ele seria aceitável. Mas isso, isso não é um anel! Isso é uma coleira!

Respirava com dificuldade, nervosa.

— Acho que gostaria de ir em­bora agora.

Ela pôs o guardanapo sobre a mesa.

— Se é o que você quer... Dean pôs o guardanapo sobre a mesa também, pedindo a conta.

Ele sabia que Maya não queria se casar, mas ela não precisava jogar isso na cara dele com tanta veemência. Por que ela não aceitava o fato de que não havia outro modo de colocar as mãos no dinheiro dele, a não ser tor­nando-se sua esposa? O que havia de errado com aquela mulher?

Maya podia sentir a raiva que Dean exalava assim que deixaram o restaurante.

Mas o que ele esperava, ao presenteá-la com um anel daqueles? Que ela se jogasse sobre o anel com mãos ambiciosas, isso sim.

Mas Maya odiava o anel e tudo o que ele representava. Será que ele não conseguia perceber?

— Você vai conseguir devolver o anel e receber seu dinheiro de volta?

Perguntou ao se aproximarem do carro de Dean.

— Não se preocupe com isso.

Ele disse, abrindo a porta do carro.

Era um belo carro esporte vermelho, do tipo que Maya só vira em revistas de fofocas.

O tipo de carro que ela esperava que um homem como ele dirigisse.

E este era apenas o carro que ele dirigia por Londres. Imagine os carros que tinha em Paris e Nova York!

— É um belo carro.

Ela elogiou, já dentro do veícu­lo e sabendo que precisava conversar sobre a visita que fariam aos pais no dia seguinte.

Maya ainda tinha de pedir a ajuda dele para conven­cer aos pais de que o casamento era por amor, e não por conveniência.

— Eu lhe compro um carro igual, se você quiser.

Ela respirou fundo.

— E por que eu quereria?

— Ah, pare de fingir. Você não está conseguindo me convencer.

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Comments

Karoline Fontana

Karoline Fontana

o livro está maravilhoso, parem de julgar a autora, que pessoal chato, parabéns autora
o livro está perfeito 🥰🥰

2023-11-06

0

classic woman

classic woman

O livro não tem outros personagens, nem outros ambientes, eles nao tem amigos, colegas de trabalho,nada alem deles dois conversando ou pensando. Ta ficando chato.

2023-03-28

3

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