Capítulo 7 - Grávida

— Bem, se isso é tudo, Dean, acho que vou sair agora.

Ela deixou o copo de água sobre uma mesa antes de se levantar.

E ficou tonta no mesmo instante. Na verdade, sentia que estava prestes a vomitar.

— O que há de errado com você?

Dean deu um pas­so à frente para segurá-la pelo braço, de mau humor.

Maya olhou para ele com olhos desfocados.

— Já lhe disse, eu não comi nada hoje no almoço.

Ela tentou se afastar. Aquele simples toque no braço bastava para lhe causar calafrios. Ela o odiava tanto! E com razão.

Dean apenas a insultara. Não havia nada daquele amante carinhoso de seis semanas atrás. Mas, pelo menos no campo emocional, Maya

ainda reagia ao menor dos toques daquele homem.

— Você vai lá para cima comigo.

Ele afirmou.

— Lá para cima?

— Não fique preocupada. Não estou tão excitado assim a ponto de arrastá-la lá para abusar de você.

— Mais uma vez!

Retrucou Maya, impressionada com o gracejo de Dean.

— Mais uma vez..

Ele reconheceu, provocando-a e a segurando firme ao saírem.

— Você está fraca por não ter comido e eu tenho comida, em meu apartamento. A coisa mais racional a fazer é alimentá-la.

Explicou.

Racional? Quando é que o relacionamento deles foi ra­cional?

— Se você puder me dispensar mais cedo, posso ir para casa e preparar algo para comer.

Maya não queria subir para o apartamento de Dean.

O dia fora humilhante o suficiente sem ela precisar voltar ao local onde se rendera a uma ingenuidade estúpida, pen­sando que aquele homem realmente gostara dela!

Dean ficou sério.

— Não, não vou fazer isso. Primeiro porque você não parece em condições de descer as escadas, e menos ainda de ir para casa.

Argumentou.

— E segundo porque eu não terminei essa conversa ainda. Aquilo parecia perigoso...

— Já disse que não sei nada sobre Andre Souter!

Insistiu Maya.

— Nem onde ele está, nem como posso entrar em contato com ele. Eu queria saber!

Dean a olhou com a testa franzida. Ela realmente espe­rava que ele acreditasse?

Sim, percebeu ele, impaciente ao lhe vislumbrar a ex­pressão perdida. Isso era exatamente o que ela esperava dele.

Cabia a ele deixar claro que Maya não se daria bem ao tentar convencê-lo. De jeito nenhum!

— Conversaremos melhor depois que você comer

Disse Dean com firmeza, levando-a para fora do escritório.

Ela o fuzilou.

— Você nunca aceita um "não" como resposta?

Ele deu um sorriso malicioso.

— Você deveria saber muito bem que não.

Isso a deixou sem palavras, percebeu Dean, satisfeito. Aquela boca adorável ficou bem fechada enquanto ambos entravam no elevador para ir ao apartamento dele.

O que significava que Maya estava entrando no territó­rio de Dean mais segunda vez!

— Você aceitaria uma omelete?

Ele perguntou, sol­tando o braço de Maya para ir até a cozinha americana, toda decorada em branco e cromado.

Ela o seguiu, obviamente tão desconfortável quanto Dean por estar ali. Ele a alimentaria, obteria algumas respostas diretas dela e, então, Maya deveria ir embora... Onde estava ela?

Dean voltou para a sala de estar e levou um susto ao vê-la sentada, segurando uma fotografia que ficava na mesinha em frente à janela.

— O que você acha que está fazendo?

Maya quase deixou cair a fotografia que pegara para olhar melhor.

Ela apertou a imagem contra o peito, perce­bendo, pela expressão furiosa de Dean, que a pergunta não exigia uma resposta, e ela sabia muito bem o que estava fazendo.

A fotografia era de um menininho de três ou quatro anos. Um lindo menino sorrindo feliz para a lente da câmera. Um menininho com os cabelos castanhos e olhos azuis tais quais os de Dean...

Pisando firme, ele atravessou a sala para arrancar a fo­tografia das mãos dela, o olhar era frio.

Ela engoliu em seco.

— Desculpe... Ele é lindo.

— Sim, ele era.

Era. Então aquele era o filho de Dean. Maya sentiu um aperto no peito ao pensar que aquela vida e aquela meninice feliz não existiam mais. Como aquilo devia ser duro para Dean..!

— Desculpe!

Disse novamente.

Ele pôs a fotografia sobre a mesa com cuidado antes de olhar torto para Maya.

— Você sabe quem é ele?

— Eu... Sim!

Ela admitiu, relutante.

— Uma das me­ninas me contou que você tinha um filho.

— Luke.

Ele respondeu, com raiva.

— O nome dele era Luke.

Luke... Quatro anos. A morte dele foi demais para os pais, que se separaram, incapazes de lidar com o proble­ma juntos.

— Desculpe mesmo.

Repetiu.

— Eu não devia... Por favor acredite quando lhe digo que nunca quis...

— Quis o quê?

Perguntou ele, levantando o quei­xo de maneira arrogante.

— Intrometer-se? Meter o nariz onde não foi chamada?

Diante daquela fúria, Maya se encolheu.

— Não foi nada disso.

Protestou.

— Eu só vi a foto­grafia e...

— E o quê?

Ela não estava mesmo se introme­tendo? Bem... sim. Mas sem a menor intenção de irritá-lo. Só estava curiosa.

E por isso ela atraíra mais uma vez a raiva de Dean.

Nada de novo nisso. Mas certamente ele sabia que Maya não tinha a inten­ção de fazê-lo sofrer. Mesmo que parecesse o contrário.

— Desculpe de verdade.

Disse mais uma vez, firme, antes de passar por Dean para ir até a cozinha, sentindo que o melhor era deixá-lo um pouco sozinho.

Parecia que era uma tarde de irritações. Para Dean, no que dizia respeito ao filho, e para Maya, toda intrigada e curiosa sobre a mulher naquele quadro e sobre o homem que o pintou.

Mas ela ao menos era capaz de encontrar respostas para as próprias questões, enquanto Dean provavelmente ja­mais entenderia por que o filho, um menininho de quatro anos, teve de morrer.

Talvez fosse uma questão de fé. E a morte de uma criança certamente questionava a fé de qualquer pessoa!

Ela levantou o olhar, nervosa, alguns minutos mais tarde, quando Dean voltou para a cozinha.

Ficou satisfei­ta porque ele recuperara um pouco a cor e parecia menos mal-humorado.

— Tirei os ovos e o leite da geladeira.

Maya apontou para os ingredientes sobre a bancada.

— Não sei do que mais você precisa.

Ele tirou o paletó e o colocou sobre um balcão antes de pegar uma frigideira que ficava pendurada sobre um balcão no meio da cozinha.

— Queijos ou cogumelos?

Ele perguntou, ríspido, ao quebrar os ovos em uma vasilha.

Maya teve de engolir em seco por causa da náusea que estava sentindo.

— Sem nada, pode ser?

Ainda era estranho estar ali no apartamento dele de novo, e ainda mais deixando que ele cozinhasse para ela.

Kate, que a vira sair, ficaria mais do que curiosa quan­do Maya voltasse para a galeria!

Dean estava impaciente ao esquentar o óleo na frigidei­ra e bater os ovos, antes de acrescentar o leite. E estava ar­rependido por ter se oferecido para cozinhar para Maya.

Ele jamais conversara com alguém sobre Luke. Não conseguia.

Três anos depois, ainda sofria demais com a morte do filho para falar sobre o assunto. Era por causa desta dor que Dean e a ex-mulher, Sarah, deixaram de fa­lar um com o outro, nenhum dos dois parecia capaz de pensar em outra coisa quando estavam juntos e, sem con­seguir colocar a emoção em palavras, a coisa

toda era insuportável.

Por isso Dean certamente não pretendia conversar sobre Luke com Maya, uma mulher com a qual passara apenas uma noite!

Ele pôs os ovos batidos com leite na frigideira e os dei­xou cozinhar um pouco antes de virar-se para Maya.

— Garfo e faca estão... Ah, que droga!

Praguejou, ao ver que ela, pálida, saía correndo da cozinha com a mão na boca.

Maya mal conseguiu chegar ao banheiro da suíte, iro­nicamente o único cômodo que ela conhecia, e começou a passar mal.

Foi por causa do cheiro dos ovos na frigideira.

Aqui­lo lhe incomodara o estômago sensível e o enjôo foi incontrolável.

— Aqui.

Disse Dean, colocando uma toalha úmida sobre a testa de Maya. Aquilo era tão humilhante!

Mas não tanto quanto aquela manhã, há seis semanas, quando ele quase a expulsou.

Agachada e segurando a toalha sobre a testa, o enjôo parecia ter passado.

Agora, por que Maya estava se sentin­do enjoada sem ter comido nada, a não ser pela barra de chocolate que Dean lhe dera, ela não sabia!

— Esta se sentindo melhor?

Ele perguntou.

— Um pouco... Obrigada.

Ela não conseguiu olhar para Dean.

E só lhe causara problemas naquela manhã. Estava certa de que ele estava louco para se livrar dela.

— Vou só lavar meu rosto e então vou embora.

Maya provavelmente comeria feliz aquela omelete agora que se livrara do que quer que estivesse lhe causando aquele enjôo. Mas, diante das circunstâncias, era melhor não ficar.

— Acho que não, Maya.

Ela levantou o olhar e o encontrou encarando-a, frio e com as mãos na cintura.

— Como assim?

Perguntou Maya, intrigada.

— Acho que você não vai sair daqui tão cedo.

Ela arregalou os olhos.

— Mas estou lhe dizendo que me sinto melhor.

— Sim, eu sei disso.

Ele respondeu, ríspido.

— É curioso, mas mulheres na sua condição realmente se sen­tem melhor depois que vomitam.

Acrescentou.

Maya franziu a testa.

— Minha condição?

Dean respirou fundo, observa,ndo-a como se quisesse estrangulá-la.

— Maya, a não ser que eu esteja muito enganado, e Deus sabe que eu quero estar!

Ele murmurou, mal-humorado.

— A verdade é que você desmaiou há pouco sem motivo...

— Eu vi um retrato da mãe que jamais conheci!

De­fendeu-se, incrédula.

— O fato de você ter desmaiado, e mais a sua tontura matinal e o enjôo, tudo me faz chegar a uma única con­clusão.

— Faz...?

Um tremor percorreu-lhe todo o corpo e se deteve no estômago.

— Você está grávida, Maya!

Disse Dean, de repente.

— Na sexta semana de gestação, eu diria!

Acrescen­tou, mal conseguindo conter a fúria.

Grávida!

Mas não podia ser!

Podia...?

Dean se esquecera do quarto motivo pelo qual as mulhe­res desmaiavam. Sarah, quando estava esperando o Luke, desmaiara vá­rias vezes nos primeiros meses da gravidez.

Ela acordava enjoava todas as manhãs, durante os três primeiros meses, e geralmente se recuperava logo depois de vomitar.

Dean estava certo de que Maya estava grávida de um filho.

— Eu achei que você estivesse tomando pílula.

— O quê?

Maya parecia estar completamente perdida, com o rosto mais uma vez pálido, os olhos arregalados.

— Vamos pelo menos sair do banheiro.

Sugeriu, sabendo que seria bom para ela sair daquele ambiente onde vomitara. Segurando-a pelo braço, ele a levou para o quarto e a fez se sentar numa poltrona.

— Você estava tomando pílula?

Perguntou.

Maya parecia em estado de choque.

— Por que estaria?

Respondeu.

— Meu Deus! Recomponha-se, Maya.

Dean se afas­tou, percebendo que atacá-la não serviria para nada.

Se estivesse mesmo grávida, não havia nada que Dean pudesse fazer para ajudá-la.

— É simples: você estava ou não usando algum anticoncepcional quando dormimos juntos, há seis semanas?

Naquela ocasião, Dean precisava estar com alguém, precisava esquecer-se de si ao lado de alguém, a fim de não sentir mais aquela dor.

Mas se Maya realmente estivesse grávida, seguir a vida não era uma opção para Dean.

Para nenhum dos dois!

Ela respirou fundo, tentando conter o ataque de pânico. Claro que não estava grávida.

Maya não estava grávida! Era ridículo cogitar isso! Ela se endireitou na poltrona, determinada a assumir o controle da situação.

— Não, eu não estava tomando pílula. Mas isso não quer dizer...

— Por que não? Você tem o quê? Vinte e cinco, vinte e seis...?

— Vinte e seis.

Confirmou.

— Mas eu não estou na­morando. E eu não tomo anticoncepcionais para o caso de conhecer alguém e acabar na cama dele.

— Mas foi exatamente isso o que aconteceu!

Maya ficou pálida.

— Mas não foi algo planejado...

— Não foi? Acho que me lembro de você dando em cima de mim naquela noite...

— O que você quer dizer com isso?

Ela perguntou.

Dean balançava a cabeça.

— Você não seria a primeira mulher a tentar esse tipo de golpe. O que você estava esperando, Maya? Que eu lhe pagaria...

— Como você se atreve?!

— Pare com isso. Fingir-se de virgem ofendida não combina com você!

Não. Ela não era virgem quando foi para a cama com Dean. Mas tivera apenas um relacionamento antes dele.

Foi há cinco anos, com um amigo da faculdade, e desde então Maya jamais fora para a cama com outro homem.

— Por que você está colocando toda a culpa em mim? Você também não usou proteção alguma!

— Ninguém me disse que eu deveria usar!

— Porque eu não achei que engravidaria!

Respon­deu, levantando-se, impaciente.

— E eu não estou grávi­da! Essa conversa não tem sentido. Não estou grávida. Eu apenas comi algo que não me caiu bem...

— Você não come nada desde ontem.

Relembrou Dean.

Bem, era verdade. Mas isso não significava... Ela não podia estar grávida!

— Há um modo rápido e fácil de esclarecer as coisas.

Ele saiu do quarto de repente.

Maya o seguiu, perguntando-se o que Dean pretendia fazer. Ele estava na cozinha, vestindo o paletó.

— Aonde você vai?

— À farmácia. Comprar um teste de gravidez. Não vejo por que deveríamos continuar discutindo sem antes saber se você está ou não grávida.

Acrescentou, carrancudo, pegando as chaves do carro.

— Eu não estarei aqui quando você voltar.

Já à porta Dean virou-se para ela.

— É melhor que você esteja!

Ele advertiu.

Maya empinou o nariz, desafiadora.

— Você não tem medo de que eu "me intrometa" em outras coisas enquanto você estiver fora?

— Se você tocar em qualquer coisa, juro que se arrependerá.

Ela acreditou naquela ameaça.

Assim como acreditou na advertência de que não de­veria ir embora. Mas isso não a impediu. Assim que se viu sozinha no apartamento, desceu as escadas, parando apenas na sala dos funcionários para pegar o casaco antes de sair da galeria.

Dean podia mandá-la embora, se quisesse! E ela se recusava a sequer pensar no que ele dissera so­bre uma possível gravidez. Claro que não estava. Aquilo era ridículo.

Além do mais, Maya queria realizar alguns telefonemas que não poderiam ser dados do apartamento de Dean.

Vários amigos da época da universidade agora tra­balhavam em galerias e agências de arte. Um destes amigos lhe daria uma pista sobre o agente de Andre Souter.

Estava determinada a encontrá-lo, por mais que Dean dissesse que era impossível. Nada é impossível quando se está motivado. E Lua decididamente tinha motivação! Onde estava a mãe dela? Morando na Inglaterra? Com um marido e talvez ou­tros filhos?

Talvez. Ela não pretendia se intrometer na vida da mu­lher que a gerara. Mas agora que vira o retrato, precisava saber. Andre Souter era seu pai? Era o que ela esperava...

Dean bateu a porta do apartamento ao perceber que Maya realmente fora embora antes que ele voltasse. Com quem ela achava que estava brincando?

Dean lhe dissera para ficar ali. Ela não obedeceu. Ele lhe dissera que conversariam quando voltasse. Mas Maya não estava ali para conversar.

E Dean estava furioso. Com ela. Consigo. Com o fato de estar mais e mais convencido de que ela fora embora porque estava mesmo grávida.

Se era mesmo verdade que não tivera outros namora­dos, então significava que Dean seria pai novamente... De uma menininha parecida com Maya. Ou um menininho parecido com ele. E Luke...

Dean deu um soco na porta, o pulso doeu. Foi quando a porta se abriu de repente.

Maya o olhava de dentro do apartamento.

— Não é preciso derrubar a porta, Dean.

Ela dis­se.

— Eu estava comendo um sanduíche quando ouvi as batidas...

Ele respirou fundo, impaciente.

— Que tipo de sanduíche?

Ele perguntou.

- Você não sabe que não deve comer certas coisas quando se está grávida?

O apartamento onde Maya morava ocupava todo o se­gundo andar de um daqueles antigos prédios vitorianos típicos de Londres, com enormes janelas que davam para uma rua arborizada.

Maya parecia melhor agora do que quando Dean saíra. Estava mais corada e havia um brilho de raiva nos olhos dourados.

Também parecia em boa forma, naquele jeans desbotado e na camisa preta que vestira depois que volta­ra da casa dele. Bem, se Dean estiver certo, aquela forma em breve mudará!

Se bem que ele achava que Lua seria uma daquelas mulheres que engordam pouco na gravidez e que, mes­mo carregando um bebê, manteria aquele ar de delicadeza que tanto o atraíra.

Ele tirou um pacote do bolso do paletó.

— Para você.

Disse de modo seco.

Ela não fez menção de pegar o pacote. Sabia o que ha­via dentro dele e não tinha a menor vontade de satisfazer a curiosidade de Dean.

— Eu não me lembro de tê-lo convidado para entrar.

— Não convidou mesmo.

Ele disse, entrando assim mesmo e vendo o sanduíche pela metade sobre a mesa. Ele o abriu para examinar o recheio.

— Queijo. Você pre­cisará mesmo manter seu nível de cálcio.

— Dean...

— Maya?

— Você não acha que está indo longe demais? Você não acha que já me insultou demais? Já disse, eu des­maiei e tive tonturas porque estava sem comer, só isso.

Ele pôs o pacote ao lado do sanduíche, sobre a mesa.

— Vamos saber em poucos minutos, não?

Dis­se, dando um risinho.

— Você pode fazer esse teste a qualquer hora do dia e obter um resultado exato.

Asse­gurou-lhe.

— Um resultado negativo, você quer dizer.

— Maya, você não estava tomando pílula. E eu não usei nenhuma proteção. Você foi a um médico para tomar a pílula do dia seguinte?

— Claro que não!

Ela ficou apavorada diante da idéia.

— Achei mesmo que não.

Aceitou Dean.

— Você fi­cou menstruada depois que dormimos juntos?

Ela ficou toda vermelha.

— Veja bem...

— Ficou?

Insistiu Dean.

Ficou? A menstruação de Maya nunca fora regular, por isso ela não prestava muita atenção às datas; apenas li­dava com o assunto quando acontecia. Mas, não, Maya achava que não...

Ela agarrou o pacote da farmácia e saiu correndo da cozinha. Faria o teste para mostrar a Deande uma vez por todas, que não estava grávida. E então ele iria embora e a deixaria sozinha.

Azul. A pequena faixa no visor era azul. Azul significava positivo.

Maya se sentou no chão do banheiro, com a cabeça en­tre as pernas e respirando rápido, tentando não desmaiar outra vez. Sem acreditar no resultado, pegou o segundo pacote, Dean quisera ter certeza!, e fez o teste de novo.

E de novo a faixa no visor era azul. Maya estava grávida, com certeza. Grávida de Dean Maxwell.

Um bebê que ele não queria. E será que Maya o queria? Ela nunca pensara no assunto. Ou, se pensara, imagina­ra um filho como fruto de um casamento. E não como fruto de uma intensa noite de amor com Dean Maxwell! O que ela faria agora?

Estava grávida. Havia uma vida crescendo dentro da­quele corpo. Um filho ou uma filha. Mas não era só dela. Era o filho ou a filha de Dean também!

Aí é que estava o problema. Pelas acusações, ele acha­va que ela engravidara para se aproveitar dele de algum modo.

— Maya? Tudo bem?

Perguntou Dean, dando uma batidinha na porta do banheiro.

Ela podia muito bem mentir. Era uma idéia. Podia dizer que o teste dera negativo... Mas ele não acreditaria e insistiria em estar presente quando o teste fosse refeito!

Por que ele sabia, de algum modo, sabia que ela estava grávida.

— Maya?

Insistiu, apreensivo.

Ela respirou fundo e mordeu o lábio antes de gritar:

— Vá embora!

Fez-se um silêncio do lado de fora, e então Dean se pôs a tentar abrir a porta, muito impaciente.

— Abra a porta, Maya!

Ele mandou.

— Eu disse para você ir embora!

— De jeito nenhum!

Rspondeu, determinado.

— Ou você abre esta droga de porta ou então saia do caminho por que vou derrubá-la!

— Eu estou grávida!

Gritou Maya, com a porta ainda trancada.

— Você estava certo o tempo todo e eu estava errada. Porque eu estou grávida!

Ao dizer aqui­lo, Maya pareceu perceber o que realmente estava lhe acontecendo.

Não conseguiu pensar em mais nada, porque a porta caiu ao lado. Atordoada, ela ficou encarando Dean.

— Você realmente derrubou a porta.

Ela murmurou, incrédula, vendo o estrago.

— Eu disse que faria isso se você não a abrisse.

— Você não tinha o direito de fazer isso. Não era ne­cessário...

— Claro que era, droga! Você não abria a porta. Eu não sabia o que estava acontecendo.

— Eu estou no banheiro, Dean. O que eu poderia estar fazendo?

— Não tenho a menor idéia com aquela porta entre a gente. Por isso, vou logo avisando, nunca mais coloque uma porta entre a gente de novo!

Maya ficou só olhando para ele. O mundo enlouquece­ra? O mundo dela, ao menos. Ela não queria mais ouvi-lo.

Dean não tinha mais os olhos cheios de sofrimento; eles a estavam acusando. Uma acusação direcionada. Tudo porque ele acreditava que ela planejara ficar grávida naquela noite!

Ao sair do banheiro em direção à sala de estar, Maya sequer o olhou. Tudo parecia normal, do mesmo modo que ela deixara naquela manhã, com os móveis em cores autonais que ela e Gina escolheram.

Mas ela própria não era a mesma pessoa que saíra da­quele apartamento de manhã. Estava grávida. De Dean Maxwell. E isso significava que a vida nunca mais seria a mesma.

— Bem, quando é que você vai começar a me acusar de querer dar o golpe do baú? De ficar grávida de propósito só para colocar as mãos no seu dinheiro? Porque você acha mesmo que eu fiz isso, não é, Dean?

Sim, era o que ele achava. Só que nada disso importava. O que importava é que Maya estava

grávida do seu bebê. O bebê de Dean.

— Não precisa responder.

Disse ela.

— Eu sei o que você está pensando. Bem, quer saber o que eu acho?

Ele sentiu a raiva se esvaindo ao vê-la realmente in­dignada e ofendida.

Era mesmo uma bela mulher. Uma mulher que ficaria muito mais bela grávida.

— Sim.

Ele respondeu de forma brusca, sentando-se em uma poltrona.

— Estou muito interessado no que você pensa.

— Até agora você não parece muito interessado em es­cutar o que eu tenho a dizer.

Será que Maya não percebera que Dean também estava em choque? Afinal ele também não podia acreditar que ela estava carregando um filho dos dois!

Dean adorava ser pai de Luke e ficou arrasado quando o filho morreu de um modo tão trágico e repentino. Agora, a vida lhe daria uma segunda chance. Com Maya. Ele jamais pensara em ter outro filho, mas agora que a possibilidade surgira, percebeu que quisera isso mais do que tudo. Só demoraria um pouco para se acostumar à idéia.

— Estou ouvindo, Maya.

Ela achava que Dean estava esperando exigências e chantagem em troca de dinheiro. Bem, ele ficaria desapontado.

Maya respirou fundo.

— Esse filho é meu, Dean...

— E meu.

Ele interrompeu, calmo.

— Mas você não tem certeza disso, não é? Como você poderia ter certeza de que não dormi com outro homem nas últimas seis semanas?

Dean não se mexeu.

— Você dormiu?

— Não, droga! Mas você não pode ter certeza disso, não é?

Provocou Maya.

— Um médico vai poder dizer a quanto tempo você está grávida!

Afirmou.

Maya olhou para Dean, de cara feia. Mas ele estava tão sério que era impossível saber o que sentia.

— Você aceitaria isso?

— Se você insistir, nós podemos fazer exames também.

Ele murmurou.

— Se eu insistir...?

— Maya, assim que ficar certo de que este bebê é meu, é isso mesmo o que ele será, meu!

— Você está querendo dizer que vai tirar o bebê de mim?

— Não estou dizendo isso.

Ele deu de ombros.

— Se bem que esta é uma decisão sua.

— Não estou lhe entendendo.

Disse Maya, emotiva.

— É bem simples. Se você quiser pôr as mãos no meu dinheiro, vai ter de aceitar o que vem junto com ele.

— Mas eu não quero seu dinheiro!

Retrucou, incrédu­la.

— Não estou interessada nisso. Nem em você!

— Acho que você está reclamando demais.

— Não estou reclamando.

Retrucou, impressionada com o descaso dele.

— Estou afirmando.

— O fato é que eu sou responsável por você e pelo bebê.

Responsável? Teria Maya se tornado dependente? De­pois de anos vivendo por si só, ela seria reduzida a isso? Não, não seria dependente de ninguém.

Por mais difícil que fosse, ela não aceitaria...

— Não quero nem preciso da sua ajuda, obrigada.

— Você não entendeu, Maya?

Disse, firme.

— Não estou pedindo. Estou lhe dizendo como serão as coisas!

— Como assim?

— Eu vou me casar com você!

Ele disse, dando um risinho.

— Tão rápido quanto for possível.

Ele iria se casar com ela? Dean não podia estar falando sério!

Maya ficou horrorizada ao entender completamente o que Dean acabara de dizer.

Não era exatamente a reação que ele esperava após um pedido de casamento. A maioria das mulheres que Dean conhecia, se estives­sem no lugar de Maya, teriam pulado de felicidade diante da idéia de se casar com ele. Mas parecia que ela fora insultada! A não ser que estivesse se fingindo de surpresa com a sugestão.

Dean tentou afastar aquele pensamento. Se era para os dois se casarem e terem um filho, era preciso que tives­sem algo em comum, além do bebê. Se não, seria um desastre.

— Ora, Maya, não vai ser tão ruim assim. Você não precisará trabalhar. Pode gastar meu dinheiro redecorando meus apartamentos, se quiser.

Analisando o imóvel aconchegante, Dean teve a impressão de que aquele estilo cromado e em couro dos próprios móveis não agrada­riam a Maya.

— Ou podíamos comprar uma casa nova.

Sugeriu, como se aquilo tivesse acabado de lhe ocor­rer.

— Seria mesmo melhor para a criança se houvesse um jardim e...

— Pare, Dean!

Interrompeu Maya.

— Pare! Eu não vou me casar com você!

— Ah, vai sim.

Garantiu.

— Não, não vou.

— Vai, sim.

Ele repetiu, com uma raiva contida.

— Não! Eu não quero me casar com você. Eu não o conheço! E você também não me conhece!

Ela argu­mentou, frustrada.

— E você não gosta do pouco que conhece.

— Ah, eu achei que você aceitaria minha oferta

Ele disse, rindo.

Maya olhou para Dean frustrada, sabendo que ele es­tava fingindo não entendê-la.

O que os dois tiveram foi pura atração física. Sem dúvida combinaram perfeita­mente naquela noite, mas isso não tinha nada a ver com casamento, com o convívio diário com alguém.

Dean es­tava pensando apenas nas noites, e não nos dias, semanas e anos de convivência.

— Eu achei que você aceitaria a oferta, Maya.

Ele murmurou, colocando-se de pé e andando na direção dela.

— Gostaria que eu lhe mostrasse como você vai ser feliz?

— Não...

Ela deu um passo para trás, os olhos arre­galados ao perceber as intenções no ar.

Ele não prestou atenção à objeção e a beijou. Ah, meu Deus...!

Mya simplesmente fraquejou nos braços dele, incapaz de lutar contra a boca e mãos, sentindo-se e*cit*d*, os seios rijos de encontro ao peito dele.

Dean a beijava desejoso, saboreando-a, a língua fazen­do movimentos er*t*co*. Ela sentiu o desejo queimando e destruindo-lhe as de­fesas de uma só vez.

Maya o abraçou e se entregou ao calor da paixão.

Arthur abandonou-lhe a boca e começou a beijar-lhe o pescoço, enquanto as mãos lhe arrancavam a camisa.

Ele a beijou no seio, que acariciou com a língua, antes de morder de leve.

Depois, as mãos dele desceram para o meio das pernas de Maya, parando e tocando-a sobre a calça, fazendo-a tremer de prazer. Ela queria. Ela precisava.

Dean deu o que ela precisava, as mãos pressionando o lugar mágico entre as pernas enquanto a boca ia de um s*io a outro, sugando os ma*ilo*, beijando-os com a lín­gua e mordiscando no mesmo ritmo em que a mão a acariciava entre as pernas, levando-a à loucura.

Maya não agüentava mais. Ela sentia que chegava o momento de explosão. Sentiu o p*a*er se avolumando até não poder mais.

Então deixou que o prazer fluísse em lon­gas ondas, tão intenso que parecia indescritível.

Sem forças, ela deitou-se ao lado de Dean, que ainda a beijava.

O que estava fazendo?

Uma pergunta estúpida:

Maya sabia o que estava fa­zendo. Ela só não tinha idéia de como continuaria a briga depois daquele momento de luxúria.

Dean se endireitou para observá-la. O corpo dele estava tenso e febril de desejo, um desejo que ele não pretendia satisfazer.

O prazer de Maya é que importava, assim como mostrar a ela que eles se entenderiam depois de casados.

Ela olhou Dean como cenho franzido.

— Mas você não...

— Não preciso, Maya. Esta vez foi para você. Talvez o se*o não estivesse incluído no seu plano, mas eu a desafio a negar que me desejava.

Ele murmurou.

Era a coisa errada a se dizer, Dean. Totalmente errada, ele percebeu quando Maya ficou rígida, afastando-se. Mas ele precisava mostrar a ela o que eles teriam jun­tos, além do bebê crescendo dentro dela.

O filho dele. Dele. E ele faria qualquer coisa para que Maya percebesse que não seria dispensado caso se casassem.

Mesmo se aproveitar dela? Sim, se Dean conseguisse esse tipo de reação sempre!

Droga, ele a manteria nua sobre uma cama por um mês se fosse preciso para fazê-la entender.

Porque Maya se casaria com ele. Ela seria sua esposa. A mãe do seu filho. Ela precisava pensar. Tinha de fazê-lo entender que não se casariam. O que não seria fácil, trêmula de prazer daquele jeito!

— Isso é só se*o, Dean.

Ela disse, firme.

Ele deu de ombros.

— É um começo.

— Não, não é!

Gritou.

— O casamento é para pes­soas que se amam, que querem viver juntas pelo resto da vida.

— Ou para pessoas que fizeram um bebê.

— O que isso tem a ver com casamento?

Perguntou.

— Você preferia apenas morar comigo, sem se casar?

— Não! Quero dizer, claro que eu não moraria com você. Só não entendo por que você acha que tem de se casar comigo.

— Talvez seja uma questão de honra se casar com a mãe do meu filho.

Afirmou Dean.

— Eu entendo que ter perdido o Luke foi arrasador para você...

— Entende?

O humor negro desaparecera.

— Sim, foi... Arrasador. Foi há três anos. E nada nem ninguém pode mudar o que aconteceu.

— Exatamente.

Maya respirou fundo, aliviada porque Dean parecia ter lhe tirado as palavras da boca. Esse bebê...

— Ah, Deus! Esse bebê não vai substituí-lo...

— E você acha que é isso o que quero? Substituí-lo?

De repente Dean lhe pareceu maior e mais ameaçador. Maya o olhou assustada, sabendo que entrara em terre­no perigoso.

— Bem, eu...

— Você não pode substituir uma pessoa, assim como não pode ressuscitá-la!

Gritou, os olhos flamejantes.

— Maya, você tem alguma idéia do que significou para mim aquela noite que passamos juntos?

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Comments

Minha Opnião

Minha Opnião

Ela não tem amor próprio, depois de todas as acusações depois da humilhação aceitar isso

2023-12-14

0

Minha Opnião

Minha Opnião

Sério isso, o que deveriam ter feito eram se proteger agora sejam responsáveis e tenham o bebê que é o único inocente na história

2023-12-14

0

Minha Opnião

Minha Opnião

A respooe só dela não sua de não usar camisinha

2023-12-14

0

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