18 - Anjo da Guarda

            Passou quase um mês de quando Catherine ficou com Natanael, cada vez menos conversavam, praticamente ficavam “trocando figurinhas” sobre os arquivos de Clarice e nada de relevante acontecia. Catherine voltou a sair com Tom, mas somente quando ela queria, nos outros dias ela ficava mais próxima do grupo e visitava Peterson que ainda estava em coma junto a Roberta.

            Era um dia tranquilo, Catherine estava prestes a ir trabalhar, mas ao sair do prédio foi abordada pela polícia, o policial com uma ficha na mão perguntou:

- Srta. Catherine Reis Lima?

- Eu mesma\, o que posso ajudar?

- Está sendo convocada imediatamente para depor sobre o caso do desaparecimento de Clarice – respondeu mostrando a intimação – Espero que seja colaborativa – avisou abrindo a porta detrás da viatura.

- Claro – ela aceitou entrando no carro.

            Foi levada para delegacia.

            Depois de pegarem suas digitais, ficou em uma sala de interrogatório, respondeu algumas perguntas básicas sobre ela e depois precisou explicar a conversa com Clarice tirada do aplicativo, o policial parecia cansado, apoiou a mão na cabeça e perguntou:

- Está me dizendo que só tinha arquivos sobre ela nesse trabalho?

- Sim.

- E que não se viram e que não eram amigas.

- Isso.

- Por que agora é amiga do grupo de amigos dela?

- Não sou bem amiga deles\, eles me procuraram pelo mesmo motivo que vocês policial\, acham que eu posso ter algo com o desaparecimento de Clarice e desde então estou junto a eles.

- Está me dizendo que meia dúzia de jovens despreparados te acharam primeiro que os nossos investigadores?

- Isso mesmo.

- Eu sou o chefe dessa operação e estou ficando decepcionado com esse trabalho\, parece que todas as pistas que achamos não nos levam a lugar algum.

- Entendo.

- Não pode ser culpada por nada\, mas a invasão de arquivos são crimes não se esqueça disso e Clarice utilizou de falsidade ideológica com você\, estou começando a pensar que devemos te contratar.

- Ah não... Eu prefiro ficar longe de confusões.

- Não acha que ficando com esse grupo pode encontrar confusões? Estamos de olho em cada um deles.

- Tomarei cuidado.

- Quer que eu peça para te levarem de volta para casa.

- Eu prefiro ficar sozinha\, acabei de ser tratada como criminosa.

- Só estou fazendo o meu trabalho.

- Compreendo.

- Até mais Catherine e agora teremos olhos em você.

- Está bem.

            Ele a acompanhou até a saída, quando ficou sozinha na calçada recebeu uma ligação de um numero desconhecido, pensou em ignorar, mas seus dedos curiosos foram mais rápidos e atendeu:

- Catherine você tem exatamente 20 minutos para chegar até o hospital ou em 21 minutos Peterson estará morto.

            A voz era assustadora, parecia o sobro de um fantasma e era travessa ao mesmo tempo, sem pensar direito que deveria voltar para a delegacia e avisar sobre ameaça, ao invés disso pegou o primeiro taxi e chegou em 18 minutos no hospital, correu até o quarto de Peterson pulando totalmente a recepção, ao chegar no quarto o enfermeiro estava conversando com Peterson e estava prestes a lhe dar uma injeção, Catherine impulsiva bateu na mão do enfermeiro, a injeção caiu e levemente fez um rachado deixando o liquido sujar o chão.

            Os seguranças por ela ter pulado a recepção foram atrás e ouviram o enfermeiro irritado perguntando:

- Quem é você? Por que fez isso?

- É veneno! – ela gritou sentindo os seguranças segurarem ela pelos braços.

- Ela é minha amiga não a expulsem do quarto! – Peterson tentou os impedir.

- Veneno garota? Isso é um hospital\, nós salvamos vidas não a tiramos! – esbravejou o enfermeiro.

- Bob! – gritou a chefe de enfermagem entrando no quarto – Você deu aquela injeção? – e agora tinha passado exatamente 21 minutos.

- Não essa maluca tirou a injeção da minha mão.

- Eu não sei o que

está acontecendo, os medicamentos foram alterados, podemos matar um paciente,

reúna todos enfermeiros imediatamente na minha sala!

- Sim\, senhora!

- Eu avisei – disse Catherine cruzando os braços sendo solta pelos seguranças e um deles a avisou:

- Senhora precisa preencher seus dados na recepção.

- Eu já vou.

- Como sabia dessa alteração? – perguntou Peterson vendo os homens saírem da sala.

- Eu fui avisada por um número desconhecido\, não quero assustar você\, mas acho que todos nós corremos perigo quanto mais tentamos achar Clarice mais algo pode acontecer com a gente.

- Eu não achei nada de Clarice... Por que quase tentaram me matar duas vezes?

- Talvez seja o ponto mais fraco do grupo.

- Eu sou o velho do grupo\, agora me senti um banana – ele deu risada.

            O médico entrou e perguntou:

- É a namorada dele imagino – entregou uma receita de medicamentos e a alta para ele – Não vamos medicar Peterson\, tem algo de errado com o nosso estoque\, sinto muito – estava apressado querendo sair.

- Está tudo bem\, tudo que eu quero é sair desse lugar – avisou Peterson assustado.

- Ótimo\, espero não te ver tão cedo\, tome cuidado – disse o médico um tanto misterioso e se retirou quase correndo.

- Agora que ganhou uma namorada nova podemos sair daqui ou você prefere aguardar seu irmão?

- Vamos.

- Peterson quando foi que você acordou?

- Há dois dias\, somente meu irmão sabia\, ele me trouxe algumas roupas.

- Por que não contou para o grupo?

- Porque estou começando a achar que foi um de nós que sequestrou Clarice e tentou me matar – ele respondeu sério saindo da maca.

- Vai se sentir seguro comigo?

- Você não é do grupo – ele respondeu sério\, pegou sua mochila e a seguiu.

            Os dois foram para o táxi, quando chegaram, Pedro atendeu a porta perguntando:

- O que faz aqui cara? Disse que ia me ligar para quando fosse ter alta.

- Cat foi me visitar na mesma hora da alta\, preferi não te atrapalhar – avisou Peterson inventado rápido uma desculpa.

- E quais são os cuidados médicos? – perguntou Pedro preocupado.

- Aqui está a receita – respondeu Catherine o entregando o papel.

- Que saudades senti de casa – comentou Peterson indo em direção ao seu quarto.

- Peterson pode ser um idiota\, mas tem sorte com os amigos\, obrigado por ter o buscado – agradeceu o irmão.

- Não se preocupe\, eu preciso ir.

- Pet vai ficar bem sozinho? Eu tenho que comprar seus remédios e acho que é bom levar sua amiga – perguntou Pedro encarando o irmão.

- Eu ainda tenho muito medicamento no corpo\, acho que vou dormir e traz alguma coisa decente para eu comer.

- Se cuida – pediu Catherine dando um beijo em seu rosto.

- Obrigado\, por tudo Cat – ele agradeceu seu anjo da guarda.

            Ela sorriu e seguiu Pedro, os dois entraram no velho carro amarelo de pintura desgastada, o carro demorou um pouco para ligar e o motor fez um rangido horrível, tímido Pedro saindo da garagem comentou:

- Preciso de um carro novo com urgência.

- Essas coisas vêm com o tempo.

- Deve ser\, meu irmão me falou de você\, tem ajudado o grupo a procurar por Clarice\, certo?

- É...

- Clarice tinha uma relação meio paternal com Peterson\, meio que todos do grupo têm\, mas ela tinha bem mais\, diversas vezes ela vinha aqui em casa chorando e saia sorrindo com os conselhos dele\, era como se confessar para um padre e ele te perdoar por seus pecados.

- Peterson é muito legal\, é fácil o imaginar fazendo essas coisas.

- Mais ou menos\, ele sempre cuidou dos seis\, mas parecia esquecer um pouco dele mesmo\, de mim... Nem

se fale...

- Sente raiva?

- Não... Só um pouco de solidão\, depois que minha mãe nos abandonou e nosso pai ficou internado por causa do alcoolismo\, Peterson ficou responsável por mim\, cuidou da casa\, não deixou faltar nada\, mas meio que me deixou largado e eu nunca fui bom com amigos.

- Deveria falar isso para ele.

- É\, mas tem algo muito pior para contar.

- O que?

- Eu fui aprovado na federal do Rio para finanças e economia.

- Puxa vida que legal!

- Legal? Eu vou deixar meu irmão em dois meses e pode ter alguém querendo o matar.

- Pedro nada vai acontecer com seu irmão.

- Como pode prometer isso?

- Não posso prometer\, mas sei que Peterson sabe se cuidar e o acidente não vai se repetir\, ele vai tomar mais cuidado... Deve seguir sua vida.

- Ele é tudo que eu tenho.

- Pedro essa é uma oportunidade única e independente do que for escolher deve falar com Peterson\, se ele é tudo que você tem\, não tenha medo de contar o que sente\, o que pensa\, o que planeja para ele... Vocês são uma família.

- Você realmente é legal\, obrigado.

- Relaxa\, por favor\, me deixa na cafeteria\, eu preciso fazer uma ligação e tomar café\, minha cabeça está uma pilha... Depois pega meu número com seu irmão\, se precisar conversar com alguém\, eu vou ficar disponível.

- Valeu – ele disse a vendo sair do carro.

            Ela entrou na cafeteria, pediu um café puro sem açúcar, parou no balcão para ver a mensagens do Tom que perguntou vinte vezes que horas ela chegava, ela tentou ligar, mas ele recusou atender, assim ela teve que mandar a mensagem:

“Você tem todo o direito de estar furioso, eu tive problemas pessoais sérios, fique à vontade para descontar o dia, ou seja, qual for medida de chefe que queira tomar, vou entender, espero que me desculpe Tom”

            Ela pediu mais um café para viagem, foi caminhando para sua casa, ficou surpresa ao ver três homens parados na sua porta, seu coração acelerou junto aos seus passos ao reconhecê-los, tentando não parecer chateada ou assustada brincou:

- Isso é um protesto?

- Catlove preciso falar com você – respondeu primeiro Sandro indo em sua direção com seu sorriso torto charmoso e olhando diretamente para seus olhos.

- O que tenho para dizer é mais urgente! – interrompeu Natanael encarando Sandro.

- Você é só alguém que ela conheceu ontem\, se toca e cai fora! – disse Sandro colocando a mão nos bolsos da jaqueta.

- Eu acho que ela precisa falar com o advogado dela\, senhores – disse Kaio com toda sua formalidade e com seu sorriso amigável.

- Eu decido com quem quero falar\, por que vocês querem falar comigo?

- Chegou uma men... – os três falaram juntos e pararam ao repararem que se tratava da mesma coisa.

- Eu deveria ter cobrado mais café pra mim – comentou Catherine olhando para seu copo – Vamos entrar.

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Comments

Thayza Santana

Thayza Santana

Pensei que ia ter disputa por ela kkkkkkkkkk

2020-06-25

5

Ro

Ro

preocupada com Peterson, na ao quero que aconteça nada de mal a ele.

2020-06-25

2

Samuel

Samuel

mais mais mais não para

2020-06-25

3

Ver todos

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