12 - Não olhar para trás

            O dia passou, ela sentia que estava mais forte e mais calma, principalmente quando o hacker avisou por mensagem “fique tranquila esse Murilo nunca mais vai te perturbar”, sorridente chegou ao trabalho, até Tom a chamar para dentro da sala de estoque, ela sentou sobre uma caixa e perguntou:

- Você está sério demais\, está tudo bem?

- Estou sério porque está difícil te dizer o que planejei – ele respondeu respirando fundo – Uma coisa é me dar perdidos\, querer me ver quando você quer\, outra coisa é fazer isso com o seu trabalho sem um atestado médico\, as pessoas que trabalham aqui que são poucas\, já repararam sobre nossa aproximação e eu não posso nos comprometer\, então isso se chama advertência verbal a próxima será por escrito.

- Para os problemas que eu tive ontem não existem atestados\, mas entendo seu papel de chefe – ela disse sentindo toda sua energia desaparecer do seu corpo.

- Me lembro de quando te contratei\, você disse que queria um recomeço\, não jogue isso fora – ele pediu se levantando.

- Ok...

- Tem alguma coisa para dizer?

            Ela não conseguiu, somente negou com a cabeça e Tom foi embora. Aquele dia foi intenso, fez suas atividades direitinho no trabalho, em seu celular trocou algumas mensagens com o grupo, hacker e depois de ter ressuscitado a chama de Sandro, tiveram longa conversa e só pararam quando ela chegou em casa e ele mandou um áudio:

- Confesso que tive esperança que uma hora você retornaria\, que mudaria de ideia\, até por que quantas vezes já terminamos? Pensando friamente percebo que só veio ontem a pedido do seu pai... Quando nos conhecemos você disse que precisava de ajuda\, eu tentei te ajudar\, mas acho que realmente devia procurar uma ajuda profissional\, como seus pais já te disseram milhares de vezes... Você faz uma bagunça na vida das pessoas\, você deixou nossos amigos de lado\, sem piedade partiu meu coração e diversas vezes desrespeitou sua família\, eu pensava que te entendia também nunca tive boa relação com meus pais\, mas você não tem boas relações com ninguém\, como minha última prova de amor\, tudo que era sobre você em minhas redes sociais estão apagadas... Sabe a recepcionista\, a garota que uma vez você jogou vodca na cabeça\, o nome dela é Veronica\, estamos ficamos desde quando você me deu um pé na bunda\, acho ela legal e não quero fazer como você\, ficar usando os sentimentos dela para fugir dos meus\, acho que vou dar um passo à frente e para isso vou ter que te tirar da minha vida de uma vez... Catlove cuide-se! Acho que agora está sozinha nessa! Se não for para me amar não me procure mais.

            Ela não respondeu, cinco minutos depois da mensagem, seu telefone tocou, era o hacker:

- Catherine?

- Eu estou trabalhando – ela o interrompeu.

- Só te liguei\, porque ouvi o áudio do seu ex\, quero saber como você está.

- Eu queria um amigo... Alguém que eu pudesse conversar... Acho que realmente preciso de um psicólogo.

- Todos precisam de um psicólogo – ele concordou achando engraçado – Como Murilo ter te achado foi culpa minha\, pode falar comigo.

- É ótimo falar com um robô... Estou sem opções... Quando eu tinha 17 para 18 anos entrei para a faculdade\, foi ao mesmo tempo que conheci Sandro porque tinha batido meu carro e meus pais se separaram... Eu despejei nele todos meus problemas\, ele me ajudou a sair da casa da minha mãe\, eu estudei um ano e bem... Você sabe o que

fiz com o coordenador do curso, depois de ter rackeado o computador foi exposto para todos da faculdade que ele traia a mulher dele com três mulheres diferentes, eu fiz com tanto orgulho, como se tivesse desmarcado meu próprio pai, mas ferrei com a minha carreira, fui expulsa da faculdade e demitida de uma multinacional, enquanto eu estragava minha vida, estragava a de Sandro junto e o roubo que ele foi pego era para pagar minhas dividas, porque além de não conseguir me organizar em pagar um aluguel, estourei quatro cartões de créditos, fiquei devendo para alguns jogos, algumas apostas e sem contar o que eu devia ao meu pai... Depois de ter jogado meu lindo nome na lama, Sandro queria resolver tudo isso, só que ele é um ferrado assim como eu, seu dinheiro

vem de roubo de carros e esse era por minha causa, eu pedi para o meu pai o tirar da cadeia e prometi que mudaria minha vida, começando a terminar com o “marginal”, teria um trabalho honesto e daria um jeito para pagar minha própria faculdade que eu ainda não iniciei... Eu sou um lixo humano tentando ajudar achar uma garota desaparecida, talvez seja uma forma que a vida achou para eu me redimir dos meus pecados... Robô você está aí?

- Eu não sei bem lidar com situações tão complexas que não sejam algoritmos\, códigos e coisas não humanas... Você ainda o ama?

- Não sei robô... Não sei se um dia o amei ou se só queria uma companhia para arrastar para o fundo do poço.

- O que está sentindo com aquele áudio?

- Bom robô se você não existisse\, acho que eu nunca teria ido ver Sandro\, acho que também teria ido morar com a minha mãe\, continuaria com o meu emprego idiota\, mas teria uma chance em me dedicar a Tom que por sinal me deu um esculacho de responsabilidade por eu ter faltado ontem...

- Se quiser parar com tudo isso\, pode parar... Já fez muito por Clarice.

- Acho que posso aguentar mais um pouco\, inclusive acabei de te mandar uma coisa\, enquanto estava desabafando acho que achei algo.

- Você é um gênio\, uma versão minha com muitos hormônios – ele disse alegre por ter achado uma árvore de pessoas relacionadas ao curupira\, o nome do Murilo constava por último – Eu sei porque Murilo se envolveu com o nosso criminoso que tem o pseudônimo de Curupira o demônio da floresta\, ele se apaixonou por Clarice\, foi rejeitado\, ela o tratou muito mal e o criminoso que observava bem Clarice o recrutou\, mas ele é só um bostinha que faz pequenos favores\, o maior que ele fez foi achar você.

- E o que faremos com isso?

- Murilo me prometeu que caiu fora da jogada com o curupira ou eu o coloco na cadeia com a quantidade de provas que tenho\, só enviar para a polícia e ele será colocado como suspeito número um pelo desaparecimento de Clarice.

- E por que não faz isso?

- Infelizmente a polícia é preguiçosa demais\, se pegar o Murilo vai colocar como caso solucionado e não vão mais atrás o verdadeiro criminoso... Meu plano é pegar todos esses dezenove nomes envolvidos e por último do curupira e entregar tudo para a polícia\, mas mais do que isso\, quero achar Clarice viva!

- A polícia teria sorte se você fosse um deles.

- Ah não... Eu não gosto de violência...

- Você é engraçado.

- Até mais Cat... Catherine – ele rápido corrigiu não queria criar vinculo a chamando pelo apelido.

- Tchau robô.

            Sexta-feira à noite.

            Catherine se deu uma folga, saiu para o cinema com Tom, dessa vez agiu com mais interesse, andou de mãos dados, ficou abraçada vendo o filme, aceitou o jantar e quando chegaram a porta do seu apartamento ela o convidou:

- Quer tomar um vinho antes de ir embora?

- Eu estou dirigindo.

- Pode passar a noite até o efeito do álcool passar – ela propôs sussurrando em seu ouvido.

- Eu amaria Cat\, mas hoje combinei que ficaria com meu sobrinho meu irmão e cunhada são enfermeiros\, pegaram plantão no mesmo dia.

- Que sorte tem seu sobrinho de ter um tio tão legal.

- Não vou cuidar dele de graça – ele disse rindo.

- Malandro – ela disse soltando o cinto – Até depois.

            Sentada em seu sofá começou a subir

milhares de mensagens de Roberta:

- Você já saiu com um cara mais velho?

- Mais velho quanto? Meu máximo foi três anos mais velho.

- Hm... O que você acha de alguém que tem 30 anos.

- Jovem\, mas 10 anos mais velho.

- Você só tem 20 anos?

- Sim...

- Sou três anos mais velha... Bem isso\, não vem ao caso...

- Vai ter um encontro com um cara de 30?

- É..

- Que legal.

- Eu estou um pouco nervosa com isso.

- Eu conheço a pessoa?

- Digamos que sim...

- Essa pessoa não seria o Peterson\, ou seria?

- Ah meu Deus\, ele te disse algo?

- Não\, mas eu pensei na idade e pensei nele.

- Me acha idiota saindo com alguém do grupo?

- Claro que não\, vocês são amigos e se der errado ainda podem ser amigos.

- Você é muito legal Catherine\, não sei como Iasmin te acha uma ameaça.

- Talvez com o tempo ela mude de ideia.

- Bom... Com qual roupa você acha que eu devo ir? – e enviou três modelos.

- Acho que o vestido preto... Não sei direito\, não achei nenhum look bom para um encontro.

- Eu nunca vou a encontros...

- Uma outra hora podemos fazer compras juntas.

- Só se for quando Kaio me der um aumento...

- Eu posso te emprestar uma roupa\, quando é o encontro?

- Agora.

- Agora? Agora?

- É.

- Está atrasada!

- Eu sei\, estou de toalha e ainda nem sequei o meu cabelo.

- Acho que Peterson vai entender\, eu entenderia.

- Entenderia?

- Sim, você só se atrasou para ficar bonita para ele.

- HAHAHAHAHAHA Mas não é verdade\, eu acho que não quero ir – ela disse escovando o cabelo.

- Então não vai.

- Ele vai me odiar para sempre.

- Não vai... Só vai ficar chateado.

- Eu me meti nessa\, vou me arrumar.

            Passou 1 hora, quando Catherine estava trabalhando em passar alguns dados para um pen drive Peterson ligou:

- Olá Cat gatinha.

- Cat gatinha? Dá onde surgiu esse apelido?

- Eu já bebi três doses e levei um pé na bunda.

- Está falando da Roberta?

- Uou... Então você sabe... Bem que Beta disse que se você for inocente será a melhor amiga dela.

- Conversa estranha.

- Desculpe\, estou com tanta vergonha de pedir a conta\, ela me mandou mensagem há quase vinte minutos atrás desmarcando\, eu também não tive coragem de responder.

- Para de beber Peterson\, aposto que está dirigindo!

- Sim\, mas não o suficiente para perder a noção das coisas ou de alguém me expulsar desse restaurante caro e ridículo.

- Vai ficar tudo bem e ninguém precisa te expulsar.

- Queria que você estivesse aqui\, você é tão legal.

- Me passa o endereço que eu vou.

- Sério?

- Por que não?

- Ok...

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***