6 - A melhor amiga de Clarice

            Em sua pausa do trabalho para sua surpresa seu pai ligou:

- Oi pai.

- Oi\, quero saber se recebeu o convite?

- Recebi – ela mentiu abrindo rapidamente sua caixa de e-mails\, era a festa de 15 anos da enteada do seu pai – Estarei lá.

- Amanhã chegará a roupa que Betânia comprou para você\, sabemos que não deve ter dinheiro para gastar com sua irmã de coração.

- Obrigada pela gentiliza – agradeceu sarcásticas.

- Seja pontual e nada de levar namorado.

- Está bem.

            Quando chegou em casa, pontualmente o hacker ligou e ela atendeu com mais uma de suas piadas:

- Está me ligando mais que um namorado.

- Sinto muito que fique com péssimos homens – ele foi sarcástico.

- Acho que o canto da sua boca está sujo\, deve ser seu veneno escorrendo.

- Chega de gracinhas\, estou esperando que me envie algo.

- Não achei nada...

- Só não desanime\, sei da sua competência.

- Não é com isso que estou desanimada... Será que você pode pagar maquiagem\, unha e cabelo para o próximo sábado de manhã?

- É mais uma das suas piadas?

- Bem que eu queria\, mas tenho um compromisso sábado e eu preciso estar perfeita.

- Que tipo de compromisso? É seu chefe?

- Eu esqueço que tem acesso a minhas mensagens\, mas não tem acesso a um outro e-mail\, por isso não sabe onde vou... É o aniversário da enteada do meu pai...

- Depois do aniversário ainda vai ver o Tom\, estou vendo as mensagens que trocam.

- Só responde se pode ou não me dar esse dinheiro\, já é horrível eu ter que ir para essa festa.

- Certo\, mas já que sai com o chefe deveria pedir um aumento.

- Você também é meu chefe.

- Sou seu cliente e paguei três meses de alugueis\, mas olhe sua conta.

- Cacete como pode ter minha conta? – ela respondeu checando que ele deu mais dinheiro do que ela precisava.

- Suas dívidas vão para aquele e-mail.

- Obrigada.

- Agora foque nos arquivos – e desligou.

            Ela sentou no sofá e quando era duas horas da madrugada, mandou um arquivo, eram fotos de Clarice abraçada com um homem, parecido com André, mas um pouco mais bonito e mais velho e fotos dos setes lugares que estiveram, embora não se beijassem dava para perceber a proximidade dos dois.

            Para a surpresa dela, o hacker estava acordado parecia intenso:

- Você já sabe quem é esse cara?

- Não.

- Ele é Denis\, o irmão mais velho de Roberta.

- Será que ele não é cara do poema “Quando te conheci”.

- Acho que não.

- Eu me entupi de café estou cansada\, me ligou só para saber se eu o conhecia?

- Ele é o dono do bar que Peterson trabalha. Dê um jeito de conhecê-lo.

- Vou tentar.

- Ele sim parece um suspeito.

- Entendi\, até posso conhecê-lo\, mas se ele fazer algo comigo juro que te espanco.

- O medo não combina com você\, até depois – e desligou.

            Na manhã seguinte, ela recebeu o pacote e descobriu que odiou o vestido cor-de-rosa claro, de renda, curto e alça fina, parecia lindo, mas em seu corpo, sabia que deixaria seu busto e bunda volumosos, claro que sua madrasta a atacaria indiretamente.

           Sexta-feira, antes do trabalho, Louise de manhã ligou para Catherine:

- Oi.

- Louise? Está tudo bem? São 6h da manhã...

- Eu sei\, é que eu tive um sonho que eu ia para o apartamento de Clarice\, eu sei onde fica a chave de emergência\, eu quero ir... Sinto que posso encontrar alguma coisa.

- A polícia já deve ter revirado o apartamento dela.

- Sim... Mas eu vou\, só queria que alguém soubesse e aproveito para te dar um voto de confiança.

- Então me dê um voto maior\, me deixa ir com você.

- Eu vou deixar\, mas só porque estou com medo de ir sozinha\, me encontra no terminal de ônibus é uma quadra de lá.

- Em trinta minutos eu chego.

            Catherine pegou a primeira roupa que viu, amarrou o cabelo, mandou um e-mail para si mesma, sabia que o hacker veria “Estou indo com Louise para o apartamento de Clarice”, escovou os dentes, pegou alguns biscoitos e água, colocou em sua bolsa, saiu de casa, pegou o primeiro ônibus que ia para o terminal e encontrou Louise que há esperava por cinco minutos.

- Tudo bem? – perguntou Louise.

- Estou um pouco com medo.

- Vamos entrar no apartamento e não veremos nada\, assim você vai ficar mais calma e vamos contar isso para o grupo.

- Nem pensar\, não vamos contar isso para o grupo.

- Você comeu? Eu acordo faminta – ela disse oferecendo o biscoito.

- Obrigada\, mas estou tão nervosa que estou sem fome.

            As duas andaram apressadas, Louise se apresentou ao porteiro, ele era velho e conhecia bem a mulher, ela era a filha da pastora, as deixou entrar, elas pegaram a chave na entrada que estava de baixo de um vaso que tinha planta morta. Louise abriu a porta devagar, as duas entraram e Catherine perguntou:

- Tem ideia do que estamos procurando?

- Qualquer coisa que nos leve a ela\, vamos começar pelos fundos.

            Era onde tinha dois quartos, o quarto de hospedes onde Louise entrou e o quarto de Clarice foi onde Catherine entrou, ela curiosamente vasculhou cada item, abriu uma gaveta, reparou em uma fita preta que parecia estar no vão da gaveta, ao puxar a fita, achou o fundo falso, dentro dele tinha um diário, uma carta e uma foto cortada, ela colocou tudo dentro da sua bolsa, escutou alguém abrir a porta, ela apagou a luz por instinto, Louise já tinha visto que no quarto de hospedes não tinha nada, por isso foi vasculhar o banheiro onde teve a ideia igual a de Catherine e apagou a luz sentindo o medo dominar toda sua mente.

            A pessoa que entrou estranhou a luz acesa do corredor, tentou dar passos silenciosos, mas o tênis não permitiu, Catherine pegou o estilete de dentro do copo de canetas tentou espiar, não conseguiu ver nada, foi quando a pessoa entrou no banheiro segurando uma arma que ela conseguiu ver, preocupada com Louise tirou as sapatilhas, descalça foi até lá, pode ver o reflexo do espelho, era André, isso a deu coragem, ela entrou no banheiro o vendo apontar para a cortina do chuveiro, era onde Louise estava escondida, Catherine bateu no pulso

de André com as duas mãos tentando o impedir de atirar e gritou:

- André espere!

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