16 - Do oculto a paixão

        Os dois ficaram com seus corpos tão próximos, para ela relaxar e não sentir medo, o abraçou e ele deixou.

            Na porta estava Denis resmungando:

- Mas que porra\, o que aconteceu com a chave? Que se foda! – chutou a porta.

            Natanael sentiu o pequeno salto de susto de Catherine, ela estava assustada, como não podiam ser vistos, ele a confortou em seus braços e assim a manteve em silencio. Após alguns chutes a maçaneta fraca se abriu. Denis entrou, andou ao redor e comentou:

- Ainda bem que não tem mais nada de Clarice aqui... Sou idiota demais para pensar que ela voltaria...

            Ele colocou uma caixa no chão, bufou e saiu batendo a porta e a deixou semiaberta já que tinha quebrado a maçaneta, Natanael esperou um pouco para ter a certeza que Denis não estava mais por perto, devagar ele saiu primeiro segurando suavemente a mão de Catherine. Natanael foi direto para a caixa, mas só tinha mais bebidas, Catherine pegou seu celular, ligou a lanterna dele e ficou vendo um caderno de controle de compras, ele pertencia a Roberta e assinatura dele era “R.S”, ele estava apressado e sussurrou:

- O que está esperando? Precisamos ir embora!

- Veja isso.

            Natanael se aproximou, ficou surpreso e ela sussurrou:

- Acho que elas tiveram algo.

- Ou será que alguém poderia estar imitando a assinatura de Roberta?

- Pode ser...

- Pegue o caderno e vamos!

            Ela o obedeceu, eles apressaram os passos ao notar que de longe uma pessoa caminhava do outro lado da calçada, quando chegaram no carro, relaxaram a respiração, estavam a salvos, Catherine sorrindo comentou:

- Isso foi bem legal.

- Foi a coisa mais louca que fiz!

- Sério?

- Sério\, por que não foi a coisa mais louca que você fez?

- Acho que expor o coordenador da faculdade foi pior.

- Mais um caso estranho com sucesso em sua vida.

            Ele a levou para a frente do prédio e ela perguntou:

- Não está curioso para ver o pendrive?

- Estou.

- Que tal vermos juntos?

- Pode ser... – ele respondeu girando a chave do carro.

            Os dois subiram, eles foram para o quarto dela, onde tinha a escrivaninha, ela pegou um puff para ele sentar, finalmente ele tirou o capuz e revelou seu rosto por completo, Natanael tirou seus óculos do bolso, ficou um pouco mais sério, os dois abriram os arquivos dos pendrive e viram um vídeo de Clarice em que ela estava se maquiando em frente a sua penteadeira, era uma câmera escondida que pegava exatamente o reflexo do espelho, fotos dela completamente nua com marca de biquíni, fotos de um quarto de hotel e o recibo de reserva do mesmo, uma foto dela com o pai de Louise, pareceu ter sido tirada escondida e ele estava com o braço em sua cintura, um

vídeo dela desfilando de lingerie, tinha sido na época que ela saiu do ensino médio, algumas fotos dela com Denis e com os amigos.

            Assim que Catherine começou a compartilhar por e-mail os dados do pen-drive comentou:

- Tenho dúvida se o pendrive estava com Denis ou Roberta.

- Logo vamos descobrir e você é bem incrível\, fico feliz por ter me ajudado nessa!

- Quer beber alguma coisa?

- Sendo sincero\, eu quero usar o banheiro.

- É a última porta.

            Depois de quase dez minutos ele saiu, ela estava com uma taça de vinho na mão, a achando tão bonita se enrolou para falar algo:

- Eu tenho que ir... Me desculpa por ter te beijado.

- Tudo bem\, geralmente só me beijam daquele jeito na cama... – ela disse rindo.

- Isso quer dizer que gostou?

- Depende\, vai fazer isso de novo?

- Se eu tiver que me esconder\, sim.

- Hm... Então nesse caso não...

- O que quer dizer “nesse caso não”?

- Eu não gosto de ser beijada somente por planos\, eu gosto de ser beijada por desejo.

- Eu não disse que não te desejava.

- Então deseja?

- Por que está deixando isso embaraçoso?

- Agora que eu sei quem você é\, quero saber mais\, podíamos ser amigos...

- Muito embaraçoso\, beijo e amigo em um contexto só não combina... Mas eu sempre sou só um consolo para mulheres.

- Eu não disse que é um consolo para mim.

- Então o que sou?

- Um mistério... E o que eu sou para você?

- Eu... Eu não... Preciso ir – ele desconversou.

            Natanael virou tão rápido de costas como se fosse fugir, Catherine o seguiu para destrancar a porta, quando ela tocou na maçaneta, ele segurou sua mão a impedindo de abrir, eles se olharam, confuso, ele se aproximou a encostou na parede e a beijou intensamente, quando ele perdeu o folego sussurrou:

- Acho que vou te levar para cama.

- Eu tenho certeza – ela disse tirando os óculos dele que ficaram embaçados por causa do beijo.

            Do corredor foram se despindo até a sala, tiveram alguns preliminares ali mesmo e depois ela o levou para cama. Uma hora depois, ele ficou sentado a olhando nua, coçou o cabelo liso e comentou:

- Eu... Vou embora...

- Passe a noite comigo – ela pediu segurando sua mão.

- Ah... Está bem... – ele aceitou sentindo seu corpo todo tremer\, nunca dormiu com uma mulher\, suas relações sempre foram casuais.

            Ficou surpreso ao vê-la se aninha em seu peito e rapidamente adormecer, enquanto a mente vagava em várias coisas ao mesmo tempo.

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