7 - Diário

            Ele atirou, espatifou o espelho que ficava preso a parede sobre o lavatório, André com os olhos arregalados e tremendo perguntou reconhecendo Catherine:

- O que você faz aqui?

- A culpa é minha – respondeu Louise saindo detrás da cortina – Por favor, guarda essa arma.

- Por que você tem uma arma? – perguntou Catherine o vendo guardar a arma na cintura e a esconder com sua camisa.

- Meu pai é do exército.

- O que faz aqui André? – perguntou Louise tentando parar de tremer.

- Vamos conversar na sala, esse lugar pequeno está me deixando tenso – ele respondeu saindo do banheiro.

            As duas saíram o seguindo, ele sentou no meio das duas e contou:

- Estou agoniado com a demora para acharem algo da Lari, eu vim procurar.

- Nós também – revelou Louise prendendo seus cabelos negros, longos e caracolados.

- Acharam alguma cosia?

- Nada – respondeu Catherine rapidamente.

- Eu achei essa pulseira, tem algumas iniciais gravadas.

            André tirou a pulseira das mãos de Louise, olhou bem, na parte interna estava escrito “com amor R.S.” ele começou a chorar e comentou:

- Será que ela me traía?

- Ah que horror, não pense isso! – pediu Catherine, ela nunca tinha visto um homem tão sensível, não sabia como reagir, mesmo sabendo que naqueles arquivos indicavam que possivelmente Clarice teria o traído.

- Sei que vocês brigaram, ela me contou, foi a última coisa que ela me falou – revelou Louise o deixando bem surpreso – Mas ela te ama muito, impossível que tivesse coragem em te trair.

- Então de quem são essas iniciais?

- Pode ser da Roberta, o nome dela é Roberta Silva – respondeu Catherine.

- Não... Roberta odeia pulseiras – avisou Louise tentando não colocar palha na fogueira.

- Eu preciso me arrumar para o trabalho, não achamos nada além dessa pulseira, melhor vocês tentarem vir em outro momento – avisou Catherine tentando diminuir a tensão e pronta para se retirar.

- Eu estou de carro, vou levar vocês e hoje eu também retorno ao trabalho – avisou André.

- Que ótima notícia – disse Catherine o abraçando.

- Do que você trabalha André?

- Em um estúdio de música, cuido das mixagens – ele respondeu seguindo Louise e ela para saída do apartamento.

- Que legal.

- Eu também costumava a achar legal, eu vou levar vocês meninas.

- Me leve para a igreja combinei de ajudar minha mãe.

- Certo.

- Minha casa é aqui perto, posso pegar um ônibus, não se preocupe – disse Catherine caminhando com eles na portaria.

- De jeito nenhum, aceite a carona – pediu Louise indo para o banco detrás.

- Por que não vai na frente?

- Era o lugar da Lari – respondeu Louise ficando corada.

            Catherine entrou no carro, ela reparou bem na igreja em que Louise foi deixada, André dirigindo com bastante cuidado perguntou:

- Louise te contou alguma coisa?

- Não, por quê?

- É que ela é a melhor amiga da Lari, eu queria saber se ela não esconde algo mais só para me poupar por ser o namorado.

- Acha mesmo que ela te pouparia? Acabou de te mostrar uma pulseira suspeita e te deixou com ela.

- Tem razão.

- Pode estacionar aqui – pediu Catherine o vendo parar de frente ao prédio que mora.

- Desculpe pela arma, não queria ter assustado vocês.

- Tudo bem, mas te aconselho a não sair armado – disse Catherine tirando os cintos.

- Até depois.

- Até depois e bom retorno ao trabalho.

            Assim que ela entrou em casa, ficou olhando para o e-mail e tinha uma resposta assim “disque em seu telefone quando chegar 2020”, ela discou e deu direto na linha do hacker:

- Você está bem?

- Sim, eu achei algumas coisas no apartamento e peguei, achei dentro de uma gaveta com fundo falso, uma carta, um diário e uma foto cortada.

- Já leu?

- Não, André apareceu do nada no apartamento, ele estava uma arma quase matou Louise porque ele pensou que o apartamento tinha sido invadido, foi um susto e tanto.

- O que ele fazia lá?

- Ele tinha ido buscar por mais repostas como Louise.

- Que coincidência.

- Louise achou uma pulseira com a frase gravada “com amor R. S.”.

- Roberta não gosta de pulseiras, quem poderia ser...

- André discutiu com Clarice antes dela sumir e acha que ela o traiu.

- Bom isso também achamos... Quero foto de cada página do diário.

- Certo, eu preciso me arrumar para o trabalho.

- Vá e fico no aguardo de notícias.

            Catherine levou o diário para o trabalho, deixou sua colega de trabalho Fernanda no balcão, enquanto ela ficou na área de recebimento de novos livros para os cadastrar antes de colocar na prateleira, sentada atrás das caixas e tirou fotos do diário, ele tinha apenas 21 páginas escritas, ele era relativamente novo, era do início do mês passado. Catherine enviou as fotos par seu e-mail, depois sua atenção foi chamada para a última página artística, era de um dia antes do seu desaparecimento:

 

São 16h, estou aqui na minha

escrivaninha olhando a árvore que fica em frente à minha janela, o céu está

claro e está relativamente calor.

O tempo não está tão quente como o

meu coração, eu sempre fui de ter grandes decisões, mas essa é uma das que mais

me assusta, toda hora meu coração está disparado, minhas mãos soam, parece até

que sinto medo, mas não é isso, eu estou com raiva, estou ansiosa e por sorte

tenho alguém para me ajudar.

Depois que eu descobrir quem está

seguindo a mim e aos meus amigos, juro que vou decidir sobre o meu futuro, acho

que não pertenço mais aqui, sinto que não quero mais aquela faculdade, minha

vida é distante daqui e acho que vou fugir ou criar uma boa história.

Querido diário, amanhã eu volto

como uma nova mulher.

             O tempo tinha passado tão rápido para Catherine, já era metade do seu expediente e não tinha feito nada,

Fernanda entrou perguntando:

- Pode cobrir a frente, eu vou tomar um lanche e depois é a sua vez.

- Claro.

- Nossa os livros ainda estão na caixa?

- Ah sim, Tom me pediu para verificar outras coisas sobre os livros – mentiu Catherine colocando o diário discretamente no bolso do avental.

- Tom confia muito em você.

- E isso é bom ou ruim?

- Acho que é bom.

            Uma pessoa com foto de Urso que parecia furioso, mandou uma mensagem para ela e tinha o nome de Urso:

- Você está me mandando as fotos do seu trabalho?

- Não sabia que Ursos tinham celular.

- É o hacker.

- Não conheço você – ela bloqueou o número, se fosse realmente o hacker ligaria para ela ao noitecer.

             Ao chegar em casa, pontualmente o telefone ligou e ela atendeu o rude hacker:

- Sua idiota me desbloqueia.

- Eu vou puxar seu CPF do número e descobrir quem você é.

- Quanta dedicação, até parece que faz isso de graça.

- Você é irônico, sarcástico e um pé no saco sem senso de humor.

- Está descontando a raiva do seu trabalho idiota na biblioteca em mim?

- O único xingamento que conhece é “idiota”?

- Eu quero só que trabalhe e nunca mais leve algo de Clarice para fora da sua casa.

- Vou pensar se te obedeço.

- Sabe que isso é perigoso e se um dos amigos dela ver, você vai ficar ainda mais suspeita.

- Tá, tá, tá, tá, por que ligou?

- Quero falar sobre o que você leu.

- Eu não li nada, somente o último dia, porque era o trecho mais curto...

- Leia dois dias antes.

- Por favor, eu tenho que limpar minha casa, eu não limpo desde quando falo com você, resume.

- Ok – ele respirou fundo parecia irritado – É o dia da suposta briga com André, ela conta das coisas que começaram a irritar, dos ciúmes dele e do tempo que ela pediu, o quanto ela sofreu por ele ter chorado...

- André me parece ter os sentimentos a flor da pele, eu o vejo muito triste e desconfiado, sabe lá como ele é com raiva e com uma arma na mão.

- Ficou com medo dele?

- Eu o impedi de atirar em Louise, eu tive mais medo de presenciar um assassinato do que ter medo dele.

- Você é corajosa, gosto disso.

- Eu as vezes não gosto muito, posso desligar?

- Pode – e ele a ouviu rapidamente bater o telefone.

            Ela realmente precisava arrumar sua casa, tinha um balde de roupas para serem lavadas a esperando, sua casa pedia pelo aspirador de pó, o lixo estava transbordando e a louça quase não cabia mais na pia. Clarice depois que cuidou da casa, estava muito cansada, mas estava curiosa para ler o diário, o pegou da bolsa do trabalho e leu, estava quase dormindo quando achou uma pista chamada “Curupira”, ela digitou em um arquivo que tinha a dica “casa amaldiçoada”, ela abriu 11246 fotos da casa mal-assombrada, da lenda do curupira e tipos de notícias sobre ele.

            Catherine desbloqueou o número em seu celular e mandou uma mensagem:

- Acho que Clarice era supersticiosa.

- Quem não seria ao ser perseguido?

- Em um minuto vai chegar o e-mail para você com muitas fotos, depois dessa vou ter pesadelos.

- Não seja supersticiosa também.

- Vou tentar.

- Descanse e só deixe que eu te chame, não mostre esse número para ninguém, ok?

- Está confiando em mim até agora, não vou te desapontar revelando seu número.

- Ótimo.

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Comments

Flora 🌹

Flora 🌹

Nunca pensei no Curupira de uma forma assustadora

2023-12-23

1

Só sei que nada sei

Só sei que nada sei

autora me desculpa, não é reclamação nas só algo que me lembrei. Já joguei esse jogo 2 vezes e quando estava lendo tua história me lembrou muito o tal jogo. parece que foi baseado no jogo. Nada contra, amei jogar o jogo e estou amando ler a história. Em certos momentos prece uma história diferente e em outros coincide, não tem problema. E tem o lado bom que a sua história parece ser mais completa que o jogo. Enfim, obrigada pela história

2023-11-28

3

Cecilia geralda Geralda ramos

Cecilia geralda Geralda ramos

na verdade todos são suspeitos .

2023-09-25

1

Ver todos

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