14 - Tentação

            Fazia uma hora que ela tinha dormido e seu interfone começou a tocar, ela atendeu e perguntou ao puxar o telefone do gancho:

- Quem é?

- Oi filha! Ainda dormindo?

- M-Mãe? – gaguejou\, sentou apressada no sofá e permitiu – Entra – ela apertou o botão para liberar a entrada.

            A mãe entrou no prédio, subiu as escadas, sorriu para Catherine que já a esperava na porta do apartamento, ela mostrou a sacola de café da manhã e a ouviu dizer:

- Que delícia! Estou faminta!

- Querida que cara de sono!

- Eu dormi há pouco tempo.

- É um novo amor?

- Ah não...

- Que bom porque o último\, foi um desastre – disse sua mãe colocando as coisas sobre a mesa – Quantos cadernos – ela reparou perto da mesa de apoio que fica ao lado do sofá – O seu telefone está quase caindo.

- Eu tenho estudado demais – mentiu Catherine pegando a pilha de caderno.

            As duas comeram pão, rosquinhas doces e tomaram café, Catherine arrumou a mesa e perguntou:

- Então por que você está aqui?

- Porque eu quero te fazer um convite.

- Um convite? – perguntou Catherine sentando na cadeira\, sabia que algo vindo de seus pais não era uma boa coisa.

- Eu liguei para seu pai e está tudo certo.

- Ligou para o meu pai... – repediu Catherine pensando que poderia ser pior do que imaginava.

- Sim\, ele acha que vai te fazer bem e eu acho que pode ser de fato o recomeço que você queria\, lembra daquela conversa?

- Sim\, mas não queria lembrar – respondeu Catherine sentindo seu coração começar a disparar.

- Bem... Angelo conseguiu que ações da empresa expandissem para Portugal\, nós estamos nos mudando para lá e você é muito mais que bem -vinda... Lá tem ótimas faculdades...

- Mãe isso é incrível!

- Temos pouco tempo\, o que está esperando?

- Mãe – Catherine segurou sua mão – Eu sei que para você parece que eu tenho um emprego ridículo\, sou irresponsável e solitária nesse lugar\, que fica muito preocupada comigo\, mas...  Eu quero ficar...

- Filha... Me diz que não se trata do Sandro...

- Claro que não! Isso se trata de mim!

- Você só tem 20 anos\, seu pai vai ter um recém-nascido para cuidar e...

- Eu sei cuidar de mim...

- Então me promete uma coisa?

- Ok...

- Se tiver problemas\, vai me ligar e me pedir uma viagem sem volta para a casa de Angelo?

- Sim... Eu prometo.

            O interfone começou a tocar e Catherine comentou:

- Hoje é dia de visita?

- Vai em frente\, atende.

- Quem é?

- Oi... O Kaio me passou seu enderenço...

- Quem é?

- Ah sim... O André.

- Ok... Sobe – ela apertou o botão para destravar a entrada.

            Ele subiu, ela o recebeu, tímido olhou para a mulher mais velha que se parecia muito com Catherine, deduziu que seria sua mãe, entrando perguntou:

- É uma má hora?

- Não...

- Eu sou Berenice\, mãe de Cat.

- Ele é o André – apresentou Catherine sem jeito.

- Prazer...

- Me deixa te servir um suco – pediu Catherine o chamando para a cozinha.

- Então André\, dá onde conhece Catherine?

- Da biblioteca\, ela me ajudou achar um livro.

- Ah sim... E você estuda lá?

- Isso – ele mentiu percebendo que Catherine estava um pouco tensa e coloco o copo de suco a sua frente.

- E você trabalha?

- Sim\, eu sou produtor de música...

- Legal... Eu preciso atender – Berenice disse se afastando para atender o celular.

            Catherine deu um sorriso para André como se o agradecesse, ele segurou sua mão, sua mãe viu e pensou que ele poderia ser um bom partido para ela, coçou a garganta antes de entrar na cozinha, Catherine puxou levemente sua mão e ouviu Berenice:

- Eu vou acabar me atrasando se ficar mais\, me leva até porta querida?

- Claro.

- Foi um prazer André\, uma pena termos conversado tão breve.

- Digo o mesmo\, é encantadora – ele disse gentil trocando aperto de mão.

            Catherine a levou até a porta, a abraçou e disse:

- Eu te amo mãe.

- Eu também te amo... Eu te ligo assim que chegar em Portugal.

- Claro... Boa viagem.

            Ao fechar porta, Catherine suspirou parecendo um alivio sua mãe ter ido embora, André segurando o copo caminhou até ela, mostrou fotos do seu carro pichado, era o desenho do curupira, cabelos de fogo e pés para trás, ele tirou um bilhete do bolso que foi deixado em eu para-brisa “Se continuar procurando por Clarice, algo pior do que aconteceu com Peterson acontecerá com você” e comentou:

- Roberta disse no grupo que você acha que alguém bateu no carro de proposito de Peterson.

- Sim\, ele não tinha bebido muito.

- Eu entreguei meu carro para a polícia\, se você sabe de algo\, por favor\, me diz...

- André se eu soubesse de algo juro que te falaria.

- Me desculpe minha cabeça está a mil.

- A minha também.

- Desculpe ter atrapalhado a visita da sua mãe.

- Não se preocupe.

- Parece chateada.

- Na verdade estou pensando como eu tive coragem de deixar de ir morar em Portugal\, porque quero muito descobrir esse caso\, quero muito que Clarice apareça... Mesmo sem a conhecer.

- Espere... Está dizendo que sua mãe está indo embora e você vai ficar por nós\, por mim?

- É...

- Sabe – ele disse segurando sua mão com tanto carinho – Você me lembra bastante Clara\, espirituosa\, corajosa\, linda...

- Linda? – ela perguntou com um sorriso tímido.

- É... – ele respondeu se inclinando.

            André confuso, carente e se sentindo sozinho, ao lado de Catherine era como se seus problemas tivessem ido embora, deitou seu corpo contra o dela no sofá e a beijou.

            Ela o correspondeu, foi um beijo longo, até que ele apertou sua bunda, ela virou o rosto o sentindo beijar seu pescoço e sussurrou:

- Eu não sou Clarice.

- Eu sei – ele disse passando a mão por seu corpo querendo continuar no clima.

- Quando ela voltar\, não quero que me faça desaparecer da sua vida\, quero continuar sendo sua amiga – ela disse colocando a mão em seu ombro.

- Ela me traiu e isso pode ficar entre nós – o desejo o incendiava todo seu corpo.

- Se fosse diferente\, eu aceitaria te conhecer melhor\, parece um cara legal... – ela disse sentando saindo totalmente dos seus braços – Eu não gosto de ser a outra\, gosto sempre de ser a primeira e acredite parar isso agora será melhor para você.

- Eu não deveria ter feito isso.

- É...

- Eu voltei ao apartamento de Clarice e encontrei isso no fundo do armário\, ela realmente tinha um amante\, são as mesmas iniciais da pulseira – ele disse mostrando a foto.

            Era uma caixa branca, dentro tinha uma lingerie vermelha com um cartão escrito “Use quando for me encontrar, com amor R. S.”. Catherine usou do seu charme, mexeu no cabelo, segurou sua mão, olhou bem em seus olhos e pediu:

- Me diz uma coisa...

- O que Cat?

- A chave da casa de Clarice\, não é sua\, certo?

- C-Como você sabe? – ele perguntou confuso.

- Se tivesse mesmo a chave\, acho que teria dado essa caixa para a polícia como deu seu carro\, não é mesmo?

- Você é bem observadora\, Iasmin contou para a polícia que terminamos e que eu entreguei a chave para Clarice.

- Ninguém mais do grupo sabe?

- Não.

- Será que pode me mandar essa foto?

- O que pensa em fazer com isso?

- Se as coisas piorarem\, eu posso entregar essa foto como anônima para a polícia\, se te deixar melhor – ela respondeu agora segurando sua mão com mais precisão\, queria passar confiança.

- Ok... Me desculpe por esse jeito louco\, eu precisava desabafar com alguém que não me julgasse\, sem ser o psicólogo e psiquiatra tenho sessões todas as semanas.

- Como você está se virando com tudo isso?

- Estou melhorando aos poucos\, mesmo que a última vez eu tenha falado com Clarice tenha sido quando terminamos\, eu a amo.

- Entendo...

- Já amou alguém assim?

- Sim...

- E quem é o louco que te perdeu?

- Eu o deixei mais por ele\, do que por eu mesma... – ela respondeu um pouco para si – E isso já faz tempo\, ele não está desaparecido e é passado.

            Os dois conversaram por um bom tempo, ele até mesmo cozinhou para ela e só foi embora quando precisava ir para o estúdio, foi quando ela finalmente pode conversar com o hacker, ele ligou com sua voz assustadora:

- Eu vi aquela foto que você me mandou e tenho algumas teorias.

- Eu quero falar uma coisa que estou quase gritando!

- Fala!

- O André me beijou.

- Hm... – ele começou a pensar – Loira\, bonita\, atraente... Deve lembrar Clarice.

- Obrigada se eu tivesse baixo astral\, você teria me dado uma rasteira.

- Te comparar com Clarice é mais que um elogio e saberia disso se conhecesse.

- Saberia? Então tudo isso que estamos achando\, você já sabia?

- Ah cala boca – ele perdeu a cabeça.

- Ok... Voltando para a lingerie.

- Não... Não... André pode ser um louco maníaco por loiras\, por que não sai com eles?

- Eu sou sua investigadora e não escrava\, não vou ficar com ele!

- Pode nos ajudar a colocar ele na cadeia.

- Ou eu posso desaparecer como Clarice\, mas o carro dele foi ameaçado\, não sei se ele entra mesmo como um suspeito.

- Sei... Bom\, essas iniciais eu tenho uma pista e preciso ir\, me fale tudo que André te disse antes dele estiver ocupado com sua boca.

- Ok...

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Comments

Luh Alves

Luh Alves

Eu realmente gostaria que ela conhecesse o Hacker e sei lá tivesse um romance com ele .

2020-08-17

6

Thayza Santana

Thayza Santana

Pensei que iria rolar algo mais ☹

2020-06-25

1

humilhada por umaautora favori

humilhada por umaautora favori

mais

2020-06-21

1

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