Permissão suspeita

 Após passar um pouco mais de uma hora Leonardo desce do coreto, caminhando até Roberto e o olha pensativo sobre a pergunta que queria fazer. Mas sabia que não seria respondida por ninguém a não ser Frank.

— Gold está em casa?

— Sim

— Sabe me dizer onde ele está?

 Roberto não respondeu, apenas pegou seu celular e ligou para alguém.

— Irmão, Sr. Gold ainda está no escritório?

 Ele pausa olhando para Leonardo enquanto escuta Luiz ao responder.

— Ok, não por nada. Leonardo está perguntando.

 Ele desliga e se vira caminhando enquanto fala com Leonardo.

— Vai ficar aí parado? Ou quer vê-lo?

 Leonardo sorriu seguindo Roberto. De início o achou estranho, sério e reservado assim como seu irmão Luiz, mas tinha algo em Roberto que ele gostava, não sabia ao certo o que, mas simpatizava.

Ele seguiu Roberto para os fundos da mansão e entraram por uma porta, Leonardo ainda não havia explorado os cômodos por ali, até porque a maioria das portas viviam trancadas. Eles subiram um lance de escada e Leonardo reparou que ali não era tão luxuoso como o resto da mansão.

 Não havia corrimão dourado e sim preto, nada de lustres e sim lâmpadas mais simples. Eles entram por uma das portas do pequeno corredor e Leonardo o vê, Frank estava vestindo uma bermuda preta e estava sem camisa, exibindo todo aquele corpo forte, ele subia e descia o corpo enquanto suas mãos o sustentavam em uma barra, fazia isso em uma velocidade impressionante. Leonardo pensou que ao menos tinha força para se segurar ali.

 Roberto se afasta ficando próximo a escada e Leonardo entra quieto, mas hipnotizado com a performance de Gold. Ele esbarra em um dos aparelhos da academia particular derrubando um pesinho de mão do qual  fez um estrondo e fez Gold se soltar da barra, parando em pé e olhando para Leonardo.

— O que faz aqui? Gold pergunta irritado pela falta de cuidado de Leonardo.

— Eu quero falar com você.

— Estou ocupado.

Gold caminha até o tatame e se joga no chão, ficando em posição de prancha, apoiando suas mãos, os braços perfeitamente alinhados. Ele começa a subir e descer o corpo, fazendo que seus músculos e sua escápula dancem em sincronia durante o exercício.

— Seu ouvido não está ocupado.

 Leonardo se aproximou e se distraiu por um instante curioso com um dos instrumentos ali. Ele nunca frequentou uma academia, tanto por não ter condições para tal, como por pura falta de interesse.

 Ele começa a mexer com uma das mãos no aparelho enquanto olha distraído para Frank.

— Hoje acaba o prazo do banco. Não posso deixar meu pai sozinho na rua. Eu aceitei seu acordo de sei lá o que quer que eu faça, mas e meu pai, como fica nisso tudo?

 Frank continua a fazer a flexão concentrado, ouvindo o que Leonardo dizia, mas não o respondeu.

— Devia se espelhar mais na sua mãe em quesito educação, sei que não é educado deixar alguém falando sozinho.

 Ao dizer isso Frank levanta o olhar a Leonardo que sente um gelo percorrer seu corpo. Era aquele olhar irritado novamente, mas Leonardo não abaixou a cabeça, ainda o olhava enquanto sua mão percorria pelo aparelho ao seu lado.

— Se eu fosse você não me provocava hoje. Não estou em um bom dia.

— E tem algum dia que você não está azedo? Aaaaaaiii

 Ao mesmo tempo que Leonardo o respondeu o aparelho deu uma leve prendida em sua mão fazendo ele recolher a mesma em direção ao seu corpo, sentindo a mão latejar contra seu peito, Frank se levantou rapidamente indo até Leonardo.

— Mas que merdä Leonardo.

 Frank puxa o braço de Leonardo vendo sua mão vermelha e com a marca do aparelho o puxou pela academia, o fazendo sentar no banco ao um canto.

— Porque tem que ser tão desastrado?

 Ele vai até um pequeno freezer e pega uma bolsa de gel congelada e volta rapidamente até Leonardo que segurava sua própria mão.

 Gold pega a mão de Leonardo e preciosa a bolsa de gelo, Leonardo por conta do reflexo da dor tenta puxar a mão, mas Gold a prende segurando em seu pulso.

— Quieto

 Leonardo olha se sua mão com a bolsa de gel, ele sobe seu olhar para o rosto de Frank que estava concentrado com a tarefa de cuidar de sua mão, o suor pingava pelo seu rosto e ele estava vermelho, Leonardo desceu um pouco o olhar vendo que seus ombros e peitoral também estavam molhados.

— Que foi?

 Frank perguntou notando que Leonardo o observava.

— Nada, vai me responder sobre o meu pai.

— Você não desiste, não é?

— Não, eu preciso ir para casa, preciso ver se algum conhecido o acolhe.

 Frank dá um sorriso de lado e seu olhar muda de bravo para divertido.

— Faça isso, tem minha permissão. Peça a Roberto o acompanhar.

 Leonardo estranha Frank ter concordado assim tão rápido. Ele puxa sua mão que ainda doía e se levanta. Gold também se levanta passa a mão pela testa suada. Se estava irritado, agora não estava mais, pelo contrário, saiu pela porta da academia sorrindo, imaginando a reação de Leonardo ao não encontrar seu pai.

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