Preocupação

 Leonardo olhou confuso para Frank que o carregava em seus braços. Ele queria sair dali, mas estava realmente se sentindo mal, então apenas relaxou seu corpo naqueles braços fortes, enquanto era levado para o quarto.

— Se não está bem deveria ficar deitado, podia

ter caído, deixe de ser tão imprudente.

— Você fala como se isso te importasse.

Frank o colocou na cama e o encarou irritado. Porque Leonardo o tirava do sério desse jeito? Porque ele não podia apenas colaborar?

— Realmente não me importo, mas você ainda tem uma dívida comigo.

— Dívida essa que poderia muito bem ser esquecida quando levei um tiro por você, não é?

— Não misture as coisas Guerrero.

Leonardo se levantou para confronta-lo, mas logo se sentou novamente, por ainda estar com fraqueza e tontura. E só então Frank notou suas roupas no corpo dele. Estavam divertidamente enormes naquele corpo magro. Ele sorriu achando engraçado e Leonardo o olhava irritado.

— Qual é a graça douradinho?

Frank percebe a camiseta de Leonardo manchada de sangue, o ferimento estava novamente sangrando, isso o preocupou e ele respirou fundo.

— Não é nada, fique quieto aí, vou mandar chamar o médico para ver seu ferimento, ele voltou a sangrar.

 Leonardo olhou para baixo em seu peito vendo que realmente havia sangue ali. Levou a mão por cima da camiseta, sentindo uma dor leve e viu Frank saindo do quarto. Ele deita na cama encarando o teto. Sua mente viajou pensando em seu pai, como ele estaria? Ele não tinha como não se preocupar, se algo acontecesse ele não estaria lá para ajudá-lo.

 Ele respirou fundo decidindo que assim que Gold voltasse pediria para ao menos saber notícias de seu pai, já que ir embora dali por hora estava fora de cogitação.

 Leonardo acorda com uma ardência em seu peito e ao abrir os olhos, havia alguém inclinado sobre ele, uma mulher loira de óculos mexia em machucado e logo ao lado Frank observava de braços cruzados.

— Está muito ruim?

 A médica assusta ao ouvir Leonardo falar e o olha com um leve sorriso em seu rosto.

— Poderia estar melhor, quando saiu do hospital o Dr. lhe prescreveu algumas medicações para tomar e para cuidar disso, mas pelo que estou vendo você nem ao menos passou os remédios aqui.

 Leonardo ia responder, mas Gold tomou a frente impedindo que Leonardo falasse demais.

— Essa imprudência será corrigida Dra. Calarri. Não se preocupe. Já mandei buscarem esses remédios.

 Leonardo olha para Frank como se o fuzilasse com os olhos, mas decidiu ficar quieto. Não iria provocar novamente a ira da fera dourada, ainda mais na frente da médica. Vai que ele a machucasse também, não podia colocar ela em risco.

 Assim que a médica saiu Leonardo se sentou na cama já pronto para confronta-lo.

— Imprudência? Ah sim, concordo com você, total Imprudência da sua parte em me tratar como um lixo me deixando naquele porão nojento.

Frank o olha irritado por Leonardo novamente falar daquele jeito com ele, como podia ter audácia de enfrentá-lo novamente?

— É melhor tomar cuidado com o que fala se não quiser voltar para lá.

 Ele se deitou novamente, não queria testar aquele homem, não queria voltar para aquele porão frio e fedorento. E ele precisava saber de seu pai. Mas será que Frank se importaria?

— Posso te pedir uma coisa?

 Leonardo falou baixo e calmo querendo que seu tom de voz causasse um efeito positivo e Frank, que ia saindo do quarto. Gold se virou, o olhando, aguardando Leonardo prosseguir com suas palavras.

—Eu gostaria de saber sobre o meu pai. Estou preocupado com ele.

 Leonardo mediu as palavras para falar, precisava convencê-lo a dar-lhe notícias. Já Frank nada disse, apenas saiu do quarto deixando o silêncio tomar conta do cômodo, deixando Leonardo frustrado com aquilo.

— Douradinho arrogante.

 Ele revirou os olhos e puxou a coberta cobrindo seu peito nu. Após alguns minutos praguejando Frank em seus pensamentos, Ella entra no quarto com uma bandeja em suas mãos, fazendo Leonardo se sentar e sorrir em vê-la.

— Olá Leonardo, vim trazer seu jantar, fiz uma sopa bem forte para que você se recupere, e aqui também tem seus remédios.

 Ela colocou a bandeja sobre as pernas dele, que olhava para a comida, que possuía um aroma maravilhoso e ao lado do prato viu os comprimidos e um copo de água.

— Obrigado Ella, com esses mimos vou melhorar logo e vou sair dessa casa.

— Posso lhe dar um conselho?

 Leonardo que já estava comendo a olhou curioso fazendo que sim com a cabeça.

— Entre no jogo dele, assim conseguirá tudo o que quiser.

— Não sei se consigo, ele é arrogante, egoísta e ele... ele me tira do sério. Eu o odeio.

Ella sorri e respira fundo.

— Quem sabe um dia você o enxergue com outros olhos rapaz.

Ella passou a mão nos cabelos bagunçados de Leonardo e saiu do quarto, o deixando com sua refeição e com as palavras ditas ecoando em sua mente. Como enxergar Frank com outros olhos? O cara é um ogro nojento e desprezível.

 Ele se concentrou em comer e tomou os comprimidos. Após deixar a bandeja na mesa ao lado da cama, ele se deitou novamente, estava sonolento devido a febre que ainda persistia e o remédio que já fazia efeito.

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