O baile de aniversário

 Frank conversava com seus aliados, revezava sua atenção indo de um em um, mas sempre com o olhar direcionado a entrada do salão de sua propriedade. Todos ali usavam roupas de gala, os homens em seus ternos e smoking, as mulheres em seus belos vestidos, todos usando máscaras, incluindo Gold. Sua impaciência já chegava ao limite quando fez um sinal para Luiz, que estava a suas costas a uma certa distância, ele se aproximou rapidamente parando ao seu lado.

— Onde ele está? Porque essa demora toda?

— Vou verificar senhor Gold.

 Luiz se afasta e Gold volta sua atenção ao casal que se aproximava. Ele os cumprimentou e iniciaram uma conversa sobre os negócios, a mulher apenas olhava em volta e assim como as outras, estava entediada com o assunto entre os homens.

 De repente uma presença surgiu na porta, fazendo Frank parar seu olhar, ele reconheceu Leonardo, que parou, olhando para o salão cheio. Não o reconheceu apenas pelo físico, mas por ter Roberto logo atrás o escoltando.

— Com licença Senhor Moretti.

 Ele disse se distanciando do homem que o olhou confuso. Frank andou até Leonardo que andava entre as pessoas. Leonardo estava admirado com tudo a sua volta, a decoração, as pessoas, a música que apesar de parecer um tanto deprimente soava alta. Frank parou a sua frente e Leonardo olhou confuso para ele, Gold estava em seu terno preto de sempre, mas a máscara escondia parte de seu rosto, deixando a mostra assim como a dele apenas a boca.

— Porque demorou tanto? Está me provocando Leonardo?

 Ele diz segurando o braço de Leonardo e o puxando para uma porta, onde entraram e Leonardo viu ser um banheiro. Frank tirou a máscara demonstrando a Leonardo sua face sombria, ele sabia que Frank estava furioso. Mas não ia deixar isso assim, não era sua culpa ter se atrasado, ele nem ao menos estava sabendo daquele evento.

— Primeiro, eu não sabia desse baile, segundo a culpa não é minha. Eu estava sendo tratado por um ser egocêntrico e perfeccionista que me fez experimentar doze, doze malditos ternos, do qual eu não vi diferença em nenhum.

 Frank respirou fundo tentando controlar seu nervosismo, mas sabia que se estivessem sozinhos, se não fosse essa maldita festa, a resposta de Leonardo teria consequências, por mais que a culpa não fosse dele, Frank Gold odiava que o respondessem desta forma.

— Será que posso sair daqui? Estou com fome.

— Vamos, mas se mantenha ao meu lado. Não diga nada se eu não permitir, entendido?

 Leonardo revira os olhos deixando Frank ainda mais furioso, ele o encara mais de perto deixando suas bocas quase se tocarem e Leonardo se sentiu estranhamente desconfortável com isso. Não sentiu nojo, repulsa ou algo do tipo, apenas um estranho desconforto. Ele encarou Frank como se o desafiasse.

— Você entendeu Leonardo?

— Aí, que seja, vamos.

 Leonardo se afastou abrindo a porta do banheiro e saiu, Frank colocou a máscara novamente em sua face e saiu em seguida.

 Gold pegou a mão de Leonardo o guiando para onde estava antes, deixando Leonardo em choque com esse contato repentino. Ele ainda não sabia ao certo o que Frank pretendia com ele, mas esse gesto o fez gelar, imaginando coisas e de certa forma entendendo um pouco suas intenções.

— Sr. Gold, Parabéns - disse um homem o cumprimentando com um aceno de mãos - Que venham muitos anos à frente, estou feliz pelo convite.

— Que bom que veio senhor Lebanon, mas não vejo sua esposa, está tudo bem?

— Ah meu caro, está acamada. Infelizmente. Espero que em um próximo convite ela possa me acompanhar.

— Sinto muito, que ela se recupere logo.

 Frank disse seco, Leonardo reparou que Gold tentava ser gentil, mas suas palavras saiam grosseiramente de sua boca. Leonardo soltou uma leve risada que não passou despercebida por Frank, muito menos pelo senhor Lebanon.

— E este rapaz? — Lebanon perguntou interessado e curioso.

— Este é Guerrero, estou tratando de umas coisas com ele.

Frank disse com um sorriso sarcástico em seus lábios e Lebanon que o conhecia bem, entendeu de cara que se tratava de um pretendente.

 Lebanon estendeu a mão para Leonardo que o cumprimentou com simpatia.

— Bom, já tomei muito do seu tempo. — Ele acena com a cabeça e se afasta.

— É seu aniversário?

Frank virou a cabeça o olhando e assentiu. E logo mais um casal veio lhe desejar felicidades.

Gold já cansado acenou para Luiz que parou a suas costas.

— Peça para iniciarem o jantar.

Luiz se afastou falando algo pelo pequeno microfone preso em seu terno.

— Eu não sabia que hoje era seu aniversário. Meus parabéns, mas não entendo ainda minha função nisso tudo.

 Frank o olhou e ignorando a pergunta de Leonardo, novamente pegou em sua mão, seguindo com ele para a grande mesa do outro lado do salão. Leonardo reparou que em cada lugar havia um nome, indicando onde cada um deveria se sentar. Alguns já estavam de pé em frente a cadeira enquanto outros se aproximavam aparentemente procurando onde se sentariam.

 Frank puxou sua cadeira se sentando e os demais copiaram seu gesto. Ao olhar para a mesa os pratos brancos eram contornados com fios dourados em sua borda. Os vários talheres na mesa também eram dourados e Leonardo não conteve um sorriso, que deixou Frank que o observava irritado.

— Sabe usar os talheres?

 Leonardo entendeu a pergunta, não sabia para que servia aquela quantidade de talheres a sua frente. Mas não ficaria por baixo, ele assentiu. Seu plano era observar e copiar os demais, não deveria ser tão difícil.

 Ao ver que todos tiravam suas máscaras e conversavam entre si, agora mais descontraídos, fez o mesmo.

 Uma senhora elegante, com seus cabelos prateados de tão brancos, sentou-se a sua frente e retirou sua máscara, olhando para Frank, ela levou a mão ao rosto dele, o deixando nitidamente desconcertado.

— Mamãe, já estava preocupado.

 Leonardo ficou surpreso ao ver Frank chamar a senhora de Mamãe. Ele olhava fixo para ambos, procurando as semelhanças entre eles.

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