Capítulo 20

Lulu e Pietro se animaram para ir ao parquinho, e Sarah olhou para mim, dando um piscar de olhos, como se dizendo que aquela era a oportunidade perfeita.

Chegando lá, as crianças logo correram para brincar. Chloe pediu a Maya para ficar de olho na Luísa e se despediu de nós, informando que precisava organizar a sala de aula. Assim que ela saiu, minha irmã se aproximou de mim.

— O que você está esperando para ir atrás dela e convidá-la para sair, Miguel? — Minha irmã me perguntou sem rodeios.

Me dei conta naquele momento de que ela estava coberta de razão. O que seria de mim sem a Sarah? Mas não faria o ego dela inflar com esse elogio. Corri para fora do parquinho e chamei pela Chloe.

— Chloe, espere só um minuto. — Falei, correndo até ela, confesso um pouco nervoso.

— Oi Miguel!

— Posso levar vocês para casa? — Mais uma vez fiz outra pergunta, em vez de fazer o convite. Por que será que me tornava tão idiota quando estava perto dela?

— Você está com sua irmã e seu sobrinho, Miguel. Como eles vão para casa?

— Viemos em carro separados, Chloe. Daqui eu voltaria para o trabalho, mas se você permitir, gostaria de levar vocês primeiro.

— Aí, Miguel, não sei se devo aceitar! O que você realmente quer de mim? Você está me deixando confusa com essas suas atitudes. — Fiquei surpreso com a franqueza dela ao me perguntar o que eu esperava dela, afirmando que minhas atitudes a deixavam confusa.

— Eu quero conversar com você sobre isso, Chloe. Mas este não é o melhor local para isso. Estou aguardando a oportunidade certa, mas parece que ela nunca aparece. — Resolvi também ser sincero.

— O segredo não está em esperar pela oportunidade certa, Miguel, mas em criá-la.

Não estava esperando por essa resposta dela, mas não consegui mais me conter. Eu a puxei em minha direção e beijei seus lábios, deixando transparecer todo o meu desejo naquele beijo que, infelizmente, não durou muito. Senti sua mão me empurrando suavemente, e foi nesse momento que percebi que estávamos em seu local de trabalho. Nossos lábios se separaram, mas permaneci com minha testa encostada na dela, enquanto uma de minhas mãos segurava sua cintura e a outra fazia um leve carinho no meu rosto.

— Me deixa te levar para casa? — Pedi novamente.

— Tudo bem! Mas sem beijo na frente da Luísa e vamos conversar sobre isso depois.

— Eu concordo com suas exigências. — Falei, abrindo um sorriso.

— Preciso ir agora, ainda tenho que deixar a Luísa na casa de meus pais!

Então dei mais um selinho nela e a soltei, dizendo que iria aguardá-la no parquinho com o pessoal. Eu saí dali, tentando me controlar, mas estava explodindo de felicidade por dentro. Quando cheguei lá, Sarah me olhava com um sorriso no rosto, e Maya tentava disfarçar o dela. Deduzi que ambas tinham presenciado o que aconteceu.

— Isso aí, docinho, homem de atitude! Gostei de ver! — Ela disse, zombando de mim.

Não deixei nem mesmo o apelido idiota da minha irmã estragar meu bom humor. Finalmente, eu tinha beijado a Chloe. Confesso que foi um beijo rápido, mas ela correspondeu, e não me afastou. Foi nesse momento que tive certeza de que poderia ter uma chance. Sarah se despediu de nós e seguiu para casa com Pietro.

CHLOE RODRIGUES

Quando dei as costas a Miguel, após nosso beijo, subi as escadas, já não conseguindo mais esconder meus sentimentos, e o maior sorriso estava estampado no meu rosto

A Rejane passou o tempo todo me questionando sobre o que aconteceu, já que eu estava exalando felicidade. Isso me fez rir ainda mais, e eu perguntei a ela o que isso significava.

— Significa que tenho vontade de sorrir só de olhar a alegria estampada no seu rosto. Estou curiosa para saber o motivo! — Ela disse, questionando-me com um olhar curioso.

— Não sei do que você está falando! Vamos acabar com isso logo, senão vou me atrasar para o próximo compromisso. — Disse a ela.

Saí da sala carregando os recipientes em uma caixa, direcionando-me ao depósito onde esses materiais deveriam ser guardados. Eu podia sentir o olhar dela nas minhas costas, acusando-me de fugir da conversa. Quando terminei de organizar tudo na sala de aula com a ajuda da Rejane, ansiosamente me dirigi ao parquinho para me encontrar com todos.

Quando cheguei lá, notei que a Sarah já tinha ido embora com o Pietro. A Maya estava sentada no banco, observando, enquanto o Miguel brincava com a Lulu no balanço.

— Amiga, vamos lá? — Perguntei a Maya.

— Antes, me explica aquele beijo que aquele Deus grego te deu! — Ela disse, falando baixo e rindo.

— A Luísa também viu? — Perguntei nervosa.

— Fica tranquila, ela estava mais interessada em brincar com o Pietro.

— Tudo bem, depois te falo, agora não dá. — Observei o Miguel caminhando até nós com a Lulu nos braços.

Minha amiga apenas sorriu para mim, e juntas seguimos o Miguel até o carro. Luísa estava muito animada, fazendo muitas perguntas ao Miguel sobre desenhos. Enquanto ele interagia com ela, fiquei perdida em meus próprios pensamentos. Quando percebi, estávamos em frente ao meu apartamento. Miguel colocou a mão em meu joelho, sinalizando que precisava falar comigo.

— Maya, por gentileza, você pode entrar na frente com a Lulu? Vou logo em seguida.

— Não tenha pressa! — Minha amiga desceu, piscando o olho para mim.

— Podemos sair mais tarde? Gostaria de conversar com você! — Miguel perguntou, ansioso.

— Não posso chegar tarde em casa devido ao meu trabalho no dia seguinte, Miguel. Você pode me pegar às 19hs? No entanto, preciso estar em casa às 23hs.

— Claro, passo aqui nesse horário. Estarei ansioso para que as horas passem logo para te ver!

Ele me puxou novamente para perto dele, nossos lábios se encontrando. O beijo começou suave, mas logo se aprofundou, embora tenha sido breve. Trocamos olhares e sorrisos. Eu saí daquele carro me sentindo nas nuvens. Como um beijo poderia causar tudo isso?

Porém, ao lembrar de quem ele era, meu coração acelerou e a ansiedade tomou conta de mim. Comecei a me fazer várias perguntas e fui invadida pelo medo. Desde o meu término com o Tomás, tenho evitado me envolver com qualquer pessoa. O que devo fazer agora? E se eu me envolver e acontecer o mesmo que ocorreu com o Tomás? E se ele quiser apenas brincar com meus sentimentos? Entrei em casa, carregando todas essas dúvidas.

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