Capítulo 06

Enquanto estávamos em silêncio, me perdi em pensamentos. Ainda não conseguia parar de pensar naquele cara tentando me beijar à força, o que me causava náusea. E tudo isso tinha que acontecer justamente hoje. Acho que devia marcar essa data como um desastre total na minha vida. Aquele tipo de dia em que você deseja ficar na cama, torcendo para que ele acabe logo. Ainda estava absorta em meus pensamentos quando senti uma mão em meu joelho, e involuntariamente, dei um pequeno sobressalto.

— Calma, Chloe, sou eu, Miguel. Desculpe por te assustar. Chegamos ao seu endereço. Você está bem?

Olhei para ele com um olhar ainda perdido. Bem, eu não estava, mas sei que depois que esse dia acabasse, iria melhorar. Minha amiga estava lá em cima, esperando por mim, e ela sabia o que este dia representa para mim. E depois de hoje, ele só piorou. No entanto, sei que precisava seguir com a minha vida e não permitir que o medo me dominasse agora.

— Desculpe, Miguel. Mal percebi que já tínhamos chegado. Muito obrigada por ter me acompanhado até aqui e por ter me protegido daqueles caras. Acho que nunca serei capaz de te agradecer o suficiente por isso.

— Não se preocupe com isso. Apenas tente superar tudo o que passou.

E assim nos despedimos. Ele seguiu o seu caminho, e eu entrei no conforto do meu apartamento. Nunca ansiei tanto por voltar ao meu humilde lar como naquele dia. Jamais me senti tão grata como naquele momento ao ouvir a voz desafinada da minha amiga cantando uma música em inglês, mesmo sem saber falar o idioma.

Foi somente ali que percebi o quanto estava tensa depois do que aconteceu naquela noite, e não consegui conter as lágrimas. Maya percebeu minha reação assim que me viu e correu rapidamente para me abraçar.

— Calma, amiga, não fique assim. Aquele canalha não merece mais uma lágrima sua. Tudo isso já é passado, Chloe.

— Eu quase fui violentada hoje, Maya.

— Como assim? Aquele canalha voltou a aparecer na sua vida? Ele voltou a te importunar?

— Não foi ele, amiga. Mas o terror que vivi foi ainda pior do que naquele dia. O que o Tomás fez foi me humilhar, e eu temi pelo meu futuro, não pela minha vida. Maya, hoje, eu realmente temi pela minha vida. Minha sorte foi um grupo de alunos da academia que passou naquele momento e me livrou daqueles cinco canalhas."

— Cinco, amiga? Misericórdia! Por que não me ligou?

— Até tentei, mas você não atendeu. — Ela foi até o celular e verificou minhas chamadas.

— Coloquei no silencioso durante a audiência de hoje e esqueci de retirar. Me perdoa, amiga! — Ela se aproximou de mim e me abraçou mais uma vez.

— Não se preocupe, o Miguel me trouxe até aqui.

— Quem é Miguel? — Maya perguntou curiosa.

— O aluno que me salvou daqueles caras. — Então, para amenizar o momento, ela começou a brincar comigo.

— Hum, então o Miguel, muito prestativo, veio trazê-la para casa? E como é esse Miguel?

— Nem comece com suas insinuações, Maya. ¬— Falei, passando por ela e indo até a geladeira pegar um copo de suco.

— Pelo menos você sabe o sobrenome dele?

— Aí, Maya, quando você quer ser chata, é mesmo! Acho que é Castro, não tenho certeza.

Ela pegou o celular e começou a digitar o nome dele em algum aplicativo de busca que ela possui. Maya parecia mais uma investigadora do que uma advogada. Minha amiga me olhou com um olhar surpreso, segurando seu telefone de última geração.

— Estamos falando desse Miguel Castro?

Ela me mostrou a foto que apareceu em seu celular, e realmente era ele, mas com um porte mais sofisticado e uma expressão mais séria de um homem de negócios. Apenas balancei a cabeça em confirmação.

— Miguel Castro Lira, CEO de uma grande rede de hotéis. O solteiro mais cobiçado da atualidade. Amiga, não acredito que você não o convidou para subir.

— Maya, ele foi apenas gentil em se oferecer para me trazer até aqui. Pelo que você leu aí, ele é um homem extremamente ocupado, que poderia ter qualquer mulher que desejasse, e hoje não é um bom dia para mim. Você realmente acredita que eu estaria com a cabeça para convidá-lo até aqui?

— Desculpa, amiga! Só fiquei empolgada.

E assim me despedi da minha amiga, que me aconselhou a descansar um pouco. Entrei no meu quarto, joguei-me na cama e fiquei olhando para o teto, perdida em pensamentos.

Eu realmente fui muito sortuda por Miguel ter aparecido naquele momento. E ainda mais sortuda por ele ter se oferecido para me levar para casa, mesmo sendo uma pessoa tão ocupada e importante. Eu me lembrei então de seus olhos lindos e do sorriso encantador que ele me dirigiu, totalmente diferente daquela foto que a Maya me mostrou.

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