Capítulo 13

...MIGUEL CASTRO...

Minha única vontade era destituir Antonella de sua função na minha empresa. No entanto, havia um contrato que eu precisava honrar, uma vez que ela era uma associada. Os erros que cometia eram inaceitáveis, sem mencionar os riscos de potenciais problemas de indenização, caso não fossem abordados com extrema cautela.

Antonella causou um verdadeiro caos na filial de Portugal. Tudo começou com um problema de comunicação entre ela e o engenheiro da obra em um de nossos hotéis, resultando em uma grande infiltração que nos obrigou a fazer upgrades para acomodar alguns hóspedes. Além disso, ela fez alterações indevidas na planilha de horários dos nossos colaboradores, fazendo com que trabalhassem mais do que suas cargas horárias regulares. Fui obrigado a passar quase uma semana na filial de lá, trabalhando para solucionar esses problemas e evitar ações de indenização.

Além de toda essa dor de cabeça, tive que conviver com ela durante toda aquela semana para entender onde ela havia cometido os erros. Tinha absoluta certeza de que qualquer outro colaborador teria sido demitido em uma situação tão grave como a que ocorreu. Antonella podia demonstrar inteligência em algumas circunstâncias, mas claramente não era habilidosa em interagir com pessoas, algo essencial na área em que atuava.

— Antonella, você tem noção de toda a confusão e do gasto financeiro que seu erro acarretou? — Perguntei com irritação.

— Miguel, foi apenas um erro. Troquei apenas uma planilha, e o engenheiro interpretou erroneamente o que eu disse. As pessoas estão exagerando. Já identificamos onde estava o erro. Por que você continua me repreendendo? — Respondeu a insensível Antonella.

— Antonella, pelo amor de Deus, o que você considera drama poderia ter nos custado milhões em indenizações. — Disse, sem acreditar que ela não estava ciente das consequências financeiras graves envolvidas.

Ela encarava o trabalho como se fosse apenas um passatempo. Minha única consolação era que estaríamos voltando amanhã, e na segunda-feira finalmente encontraria Chloe. Estava sentindo falta do tempo que passávamos juntos e ainda aguardava ansiosamente o convite de sua amiga, torcendo para que isso acontecesse em breve.

Quando finalmente chegou a segunda-feira, estava ansioso para terminar o expediente e finalmente encontrar Chloe na academia. No entanto, a reunião com os acionistas se estendeu mais do que eu imaginava. Era crucial tentar afastar Antonella da parte administrativa do hotel. Eu precisava convencer outros acionistas de que erros como o que ela havia causado poderiam ter nos custado muito.

A demora da reunião acabou valendo a pena, pois a maioria dos acionistas concordou com o afastamento de Antonella de suas funções. Como ela reagiria a isso já não era problema meu, mas sim do departamento de Recursos Humanos da empresa, para onde foi enviada a nota de desligamento assinada pela grande maioria dos acionistas, uma vez que ela não estava presente na reunião, mesmo quando deveria estar.

Cheguei atrasado à academia, mas não foi tão ruim assim. Era fascinante observar Chloe fazendo os exercícios de aeróbica, e também notei que não era o único a observar a aula. Havia alguns outros caras fazendo o mesmo, claramente impressionados com as garotas ali presentes. Fui para a aula de crossfit, embora me sentisse um tanto frustrado por causa disso.

Após a minha aula finalmente terminar, tomei uma ducha rápida e percebi que Chloe também já deveria ter terminado suas aulas. Ficaria arriscado esperar por ela na frente do vestiário, já que não tinha certeza se ela ainda estaria ali. Decidi então ir para a recepção, afinal, ela teria que passar por lá. Normalmente, ela não demorava muito para sair, mas hoje tive a sensação de que ou ela havia saído antes de mim, ou estava muito atrasada. Optei por obter informações, visto que tínhamos que registrar nossa entrada e saída na academia.

— Olá, boa noite! Você sabe me informar se a Chloe Rodrigues já saiu? — Perguntei a uma das moças da recepção, que deu uma olhada no sistema e respondeu que a Chloe ainda não tinha saído.

Esperei mais 10 minutos e então a vi indo em direção ao mesmo balcão onde havia pedido informações, mas estava acompanhada de outro cara, o que me deixou um pouco enciumado. Eles pareciam estar conversando animadamente, pois ela não parava de sorrir. Decidi então me aproximar e cumprimentá-la.

— Oi, Chloe! Como você está? — Ela me olhou com uma expressão surpresa, o que me fez pensar que talvez não estivesse esperando me ver ali. Embora não acreditasse que muita coisa tivesse mudado em uma semana, estava determinado a descobrir, principalmente, qual era a intenção desse idiota que estava conversando com ela.

— Oi, Miguel, que surpresa! Estou bem, e você? — Chloe respondeu com um sorriso amigável.

— Estou bem também, senti saudades das nossas conversas, por isso decidi te esperar.

Ela me olhou com uma expressão de surpresa, parecendo incerta sobre o que dizer. O rapaz ao lado dela olhou de Chloe para mim, depois de mim para ela novamente.

— Atrapalho algo? — Perguntei, tentando entender a situação.

— De forma alguma, Miguel. Deixa eu te apresentar... esse é o Rafael, ele faz musculação comigo. Rafael, esse é o Miguel, um amigo.

Nos cumprimentamos, mas admito que apliquei um pouco mais de força do que o necessário no aperto de mãos. Percebi a expressão de surpresa no rosto do idiota, e então ficamos ambos em silêncio, criando um clima constrangedor. Não tinha a intenção de abrir mão de levar Chloe para casa e definitivamente não pretendia dar abertura para que esse cara continuasse a cortejá-la.

— Posso te levar para casa, Chloe? — Perguntei de forma direta.

— Não quero te incomodar, Miguel! Vou chamar um Uber, chego em casa rapidinho. — Chloe respondeu, aparentemente relutante em aceitar a oferta.

— Posso te levar, Chloe! — O idiota disse, antes que eu pudesse responder.

— Não é incômodo algum, Chloe. É praticamente caminho para minha casa, e como mencionei, estava ansioso pelo convite da sua amiga. Estou ansioso para conhecer mais sobre você. — Respondi, ignorando a fala daquele sujeito.

O cara me olhou surpreso, como se achasse que podia competir comigo de quem mijava mais longe. Chloe olhou surpresa para nós dois. Não tinha a menor intenção de abrir mão dela, e estava claro que ela teria que fazer uma escolha. Se ela aceitasse que ele a levasse, seria um sinal de que estava disposta a permitir que ele a cortejasse. Por outro lado, se optasse por que eu a levasse, esse sujeito não deveria se meter em nossos assuntos.

— Gente, agradeço de coração a ambos, mas juro que não será necessário nenhum dos dois se incomodar. Posso pegar um Uber, chego em casa rapidinho.

— Eu insisto, Chloe, e estive te esperando até agora. Há algo que preciso conversar contigo. — Falei, olhando diretamente para ela, sem dar espaço para uma negativa.

— Tudo bem, Miguel. Rafael, vou indo. Obrigada pela ajuda. Nos vemos amanhã! — Ela se despediu, cumprimentando o idiota com dois beijinhos no rosto.

Fiquei extremamente enciumado, mas, ao mesmo tempo, satisfeito por ela ter aceitado minha oferta. Não sabia ao certo qual era o interesse dela naquele cara, mas esperava esclarecer isso durante o trajeto de carro. Quando chegamos em frente ao meu carro, Chloe me olhou e abriu um sorriso encantador, o que me deixou radiante.

Estava profundamente apaixonado por ela, mas também temeroso em relação à forma como abordar meus sentimentos, com receio de que ela não corresponder. Se meus amigos me vissem nessa situação, certamente seria motivo de piada para eles. Um homem de negócios que mata um leão por dia, agora preocupado com o medo da rejeição de uma garota.

— Pensei que você tinha desistido da academia. Uma semana inteira sem aparecer. — Ela comentou.

— Viajei a trabalho e retornei ontem. Fico contente em saber que sentiu minha falta. — Disse sorrindo.

— Aí, Miguel, para de ser bobo, só notei que você não estava vindo... — Ela disse, parecendo um pouco constrangida.

— Isso quer dizer que você não sentiu minha falta? — Perguntei, brincando com ela.

— Para, Miguel, você está me deixando constrangida. — Ela respondeu, rindo.

— Então me responde, você sentiu minha falta? — Perguntei, olhando para ela. — Porque eu senti muito a sua.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***