Capítulo 05

Foi só nesse momento que o grupo de crossfit foi notado pelos caras mal-encarados, e eles perceberam que estavam em desvantagem. Eles soltaram meu braço e deram um passo para trás, erguendo as mãos em sinal de redenção. Meu defensor, a quem eu não havia identificado até então, colocou a mão em minha cintura, fazendo-me acompanhá-lo. Continuamos nossa caminhada em completo silêncio. Não sabia o que seu grupo pensava, mas eu estava ocupada remoendo o medo que senti naquele encontro inesperado.

— Nós vamos te levar até a academia. Lá, você decide o que quer fazer.

— Sou aluna da academia. — Disse ainda em choque.

Ao chegar à academia, informei que não desejava esperar pela viatura de polícia e fui diretamente para o vestiário. Precisava me livrar da sensação incômoda que aquele toque imundo havia provocado, do medo que se escondia por trás da minha fachada de garota forte, e nada parecia mais eficaz do que um banho de chuveiro. Além disso, minhas lágrimas, que teimavam em cair desde que chegamos à academia, finalmente encontraram seu caminho.

No meu armário, sempre mantive uma troca de roupas para qualquer eventualidade, o que facilitou me livrar daquele cheiro horrível que impregnou minhas roupas. Ao sair do vestiário feminino, sabia que precisava encontrar uma maneira de voltar para casa. A opção mais segura seria chamar um Uber, mas mesmo assim estava preocupada em ficar sozinha com o motorista. Peguei meu celular na bolsa, pensando em ligar para a Maya e pedir que ela me encontrasse na academia, para que pudéssemos voltar juntas para o nosso apartamento.

Para minha surpresa, o integrante que havia me defendido estava encostado na parede do vestiário feminino, aguardando por mim. Ele já estava de banho tomado e segurava uma mochila. Ao me ver, sua expressão se transformou em alívio, um leve sorriso brincou em seus lábios, e eu retribuí com um sorriso de gratidão. Foi nesse momento que percebi que ainda não tinha agradecido por ele ter me defendido.

— Você está bem? Percebi que você ficou em choque com aquela situação, apesar de ter conseguido chegar até aqui. — O aluno perguntou.

– Estou sim! Nem mesmo eu sei como consegui chegar até aqui. E não tive a oportunidade de agradecer a você por me salvar daquela situação. Tenho certeza de que, se não fosse por vocês, eu não estaria viva agora. — Ele estendeu a mão e, com um sorriso, se apresentou.

— Meu nome é Miguel Castro!

— Chloe Rodrigues. E obrigada por tudo!

— Alguém está vindo para buscá-la? — Ele perguntou, com uma expressão apreensiva.

— Estou tentando entrar em contato com uma amiga com quem divido o apartamento. — No momento, tinha o telefone no ouvido, mas após várias tentativas, a ligação foi para a caixa postal.

— Posso oferecer-lhe uma carona? Acredito que seria mais conveniente do que chamar um Uber, embora eu também seja um completo estranho para você.

Olhei para ele, analisando minhas opções. Na verdade, minhas alternativas eram limitadas: ele ou um Uber. Sabia que as câmeras registrariam minha saída com ele, e pelo que pude apurar, muitas pessoas o conheciam. O Uber, por outro lado, seria um completo estranho.

— Não vou te causar transtornos? Você deve ter algo importante para fazer ou até mesmo precisar de descanso depois desse treino exaustivo.

— Você não vai me atrapalhar em nada. Minha consciência ficará mais tranquila ao saber que você chegou em segurança em casa. Só preciso confirmar uma coisa com as meninas da secretaria. Eu sei que você não quis esperar pela viatura, mas precisamos alertar a todos sobre a necessidade de cuidar da segurança ao redor da academia. Para evitar que isso aconteça novamente. Aqueles caras acharam muito fácil escolher uma vítima nas proximidades, e eles não vão desistir de tentar novamente com outra pessoa. Portanto, é melhor prevenir uma tragédia, avisando a todos.

Concordei apenas com um aceno de cabeça. Não queria que aquilo se repetisse com ninguém. Tinha a certeza de que seria passada de mãos em mãos por eles, e se eles não tirassem minha vida, eu mesma o faria. Segui o Miguel até a secretaria, onde algumas pessoas estavam reunidas. Quando chegamos, todos pararam para me olhar, o que me deixou extremamente constrangida.

— Bem, pessoal, a Chloe está bem, como todos podem ver. Portanto, o que nos resta é divulgar as fotos desses canalhas e informar as autoridades que uma das alunas da academia esteve à beira de sofrer uma agressão. Dessa forma, eles poderão intensificar a vigilância nas proximidades. Tenho certeza de que esses sujeitos continuarão rondando o local em busca de outra vítima. — Miguel falou, atraindo a atenção de todos para si e me fazendo sentir um pouco mais relaxada.

— Já entramos em contato com o 190 e fornecemos detalhes sobre as características dos indivíduos.

— Tudo bem, então. Vou levar a Chloe até a sua residência para garantir que ela chegue em segurança. Até amanhã para todos vocês.

Caminhamos até o carro dele, e ele me passou o celular para que eu pudesse inserir meu endereço no GPS. Seguimos o caminho em silêncio, não era um silêncio constrangedor, mas reconfortante. Em alguns momentos, nossos olhares se encontravam, e um pequeno sorriso aparecia em nossos lábios. Eu estava muito grata por ele estar me acompanhando até em casa naquele momento.

NOTA DA AUTORA:

Olá, meus amores! Me digam... o que estão achando do livro até aqui? Espero que vocês curtam bastante e me sigam no Instagram: sandrinhadmx . Adoraria encontrá-los todos por lá, isso me deixaria mais feliz! Beijinhos a todos e uma ótima leitura!