Atraente

-Como eu dizia, precisamos conversar e eu vou explicar tudo à você. -Manter os olhos na estrada torna tudo mais fácil, pelo menos não vou ter que encarar aqueles olhos tristes. -Quando dei a idéia à Charles, sobre o leilão, haviam 3 leiloeiros interessados em dar seus lances, você teria que desfilar pra eles e coisas do tipo. -Lucy arregala os olhos com a informação. -Porém, o doutor nos informou que devido às condições que você vivia, você está doente.

-Doente como? -Ela pergunta assustada.

-Anêmica, desnutrida, com baixa imunidade e etc... Enfim, ninguém iria querer comprar uma esposa doente. Charles estava decidido em executar você... Eu insisti pra que mesmo assim, ele conversasse com os leiloeiros e apenas um se manteve interessado.

-E por que eu não fui vendida à ele?

-Porque eu te fiz acreditar que você seria feliz. E o tal leiloeiro é um crápula. Além disso, eu sou o Button da família Harrison, eu quem teria que matar você.

-Entendi. Fez isso pra não ter que conviver com a culpa...

-Em partes, sim. Não vou negar. Mas também fiz porque você não merece esse inferno todo, isso é culpa do seu pai, não sua.

-Obrigada, Tyler. De verdade. Mas não quero que tenha pena de mim, estou presa à você e realmente sou grata por estar viva. Mas eu vou te retribuir de alguma forma, eu vou te devolver o dinheiro que pagou por mim. Só não me olhe com pesar, porque isso é horrível.

-Eu não tenho pena de você, Lucy. Eu tive, tive muita pena quando te encontrei naquela jaula e quando achei que seria morta, mas depois que Charles confirmou o leilão tudo acabou. Só que eu havia lhe prometido que você ficaria bem e eu sempre cumpro uma promessa.

-Serei uma excelente esposa e se me deixar trabalhar, posso pagar o que lhe devo em parcelas.

-Você não me deve nada, Lucy. E eu não quero que você seja uma esposa, as responsabilidades do lar serão suas, mas dormiremos em quartos separados e eu não tocarei em você. -Paro o carro em frente da porteira do condomínio, aguardando que ela se abra e finalmente olho para o rosto da moça e ela parece triste. -O que foi?

-Nada, está tudo bem. -Ela sorri, mas seu sorriso não alcança os olhos.

Entro no condomínio e dirijo até minha casa, estaciono em frente a porta de entrada e saio, abro a porta de Lucy e a ajudo a descer, pego as sacolas no banco de trás e conduzo a moça até dentro da casa.

-Bem, você conhece algumas partes da casa, quando você estiver melhor, te levarei para conhecer os demais cômodos. Você vai morar aqui agora, então pode adaptar a casa ao seu estilo, só que nada muito extravagante.

-Posso mesmo? Tipo quadros, tapetes e essas coisas?

-Nada muito extravagante. Também vou te dar acesso à uma das minhas contas bancárias, você terá um cartão e dinheiro disponíveis para o que você precisar.

-Eu não ligo pro seu dinheiro, sei que vou usar pra algumas necessidades, mas fique tranquilo que não vou falir você. -Ela sorri, um pouco constrangida.

-Você teria que se esforçar muito pra me levar a falência. -Sorrio também. -Mas é bom saber que não preciso me preocupar com isso. Voltando ao assunto, amanhã mesmo vamos ao cartório, precisamos fazer a mudança de nome, você passará a ser Lucy Morgan. Tudo bem pra você, ou quer manter o sobrenome do seu pai?

-Eu não quero nada do meu pai. Gosto de como Lucy Morgan soa.

-Bem, vamos subir, vou te ajudar a se instalar no seu quarto.

Lucy começa a subir as escadas mas depois de três degraus percebo que ela está exausta. Me abaixo e pego a menina no colo, leve como uma pluma, mas isso vai mudar, vou cuidar da garota, ela está sob minha proteção agora e eu preciso parecer um bom esposo aos olhos da sociedade.

-Não precisa me pegar no colo, eu aguento andar. -Ela resmunga ofegante.

-Deixe de ser resmungona.

Chegamos ao andar de cima e coloco a menina no chão, sem soltar a mão dela, caminhamos pelo corredor e eu indico onde estão os demais quartos e banheiros do andar de cima, tem até uma biblioteca com estofados confortáveis e lareira.

-E eu posso usar a biblioteca? -Lucy parece entusiasmada.

-Sim, pode ir a qualquer cômodo desta casa, menos ao meu escritório. Lá é estritamente proibido.

-Entendi. E qual será o meu quarto? Posso escolher?

-Pode. -Na verdade eu já tinha escolhido, mas tudo bem, ela pode escolher.

-Eu quero este. -Ela caminha até a porta do meu quarto e apoia a mão no batente.

-Você sabe que este é meu. -Franzo o cenho, aí tem coisa.

-Sei, mas quero dormir aqui. -Ela sorri, tímida.

-Então eu vou pra outro e você pode ficar com esse. -Porra...

-Se você for pra outro, quero ir também. -O sorriso dela aumenta, está brincando comigo.

-Lucy, que ideia é essa? -Reviro os olhos.

-Eu não quero dormir sozinha, não quero ficar sozinha nunca mais e eu confio em você.

-Não somos casados de verdade, Lucy.

-Okay, você pode continuar não tocando em mim, mesmo que eu esteja no mesmo quarto que você. A gente pode trazer um colchão pra cá, eu não me importo de dormir no chão, só não quero ficar sozinha.

-Mais tarde a gente conversa sobre isso. -Aponto o dedo pra ela e ela sorri largamente, ela sabe que ganhou essa.

-Tem outra coisa...

-O que foi, Lucy? -Meu Deus, tinha esquecido de como ela é insistente.

-Você pode até não querer me tocar... -Ela começa a dar pequenos passos na minha direção e seus olhos parecem vivos como uma floresta. -Mas isso não quer dizer que eu vou facilitar pra você. -Ela para na minha frente, poucos centímetros afastada. E suas mãos pousam em meu peito. -Sabe Tyler, você mexe comigo, não só seu corpo e sua beleza, como também o fato de ter feito tudo o que fez por mim e eu tenho o direito de querer você, sou humana e você é muito atraente...

-Lucy, você não devia...

-Shhhh! -Ela pousa o dedo indicador sobre meus lábios, me calando. O sorriso que ela me oferece é sensual demais e meus olhos pousam em seus lábios cheios. -Tyler, eu vou beijar você!

Ela faz exatamente o que disse e eu retribuo o beijo como um bobo apaixonado, como se eu não pudesse resistir a ela, como se todo aquele corpo tivesse uma espécie de imã para mim. De súbito ela tira minha camisa, rasgando os botões de uma vez e dá dois passos para trás, para admirar a vista.

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