-Por quê?
-Não sei, Tyler. Tem alguma coisa em você... Talvez eu me sinta segura ao seu lado.
-Ao lado do homem que te tirou de uma jaula e te trouxe direto pra um líder mafioso?
-Bem, você me libertou da jaula, matou meu pai e deu um jeito de não me matarem depois desse inferno todo.
-Não fale demais, okay? Você ainda está fraca, vou te lavar para um quarto, onde estará melhor instalada. -Mudo de assunto.
-Sabe quando será o leilão?
-Não deve se preocupar com isso agora, vamos.
Pego a garota no colo e não deixo de reparar o quanto ela é leve e frágil, espero um dia poder reencontra-la, em forma, forte e muito mais bonita...
Chegamos ao quarto de hóspedes, o mesmo de antes, coloco a moça na cama e ajeito os travesseiros e lençóis, cubro-a com os edredons vermelhos da cama king size e ligo a tv, entrego o controle pra ela e me sento ao pé da cama.
-Será que eu posso comer alguma coisa? -pergunta encabulada.
-Não sei, Pavlovic não disse nada a você?
-Não.
-Vou conferir.
-Pavlovic? -O encontro na sala de operações recolhendo seu material de trabalho.
-Sim?
-Lucy quer saber se já pode comer.
-Vocês vão manter a garota viva? -Pergunta embasbacado.
-Sim, ela será vendida em leilão.
-Então vocês vão ter que cuidar muito bem dela antes da venda. A moça está fraca e anêmica, precisar tomar algumas bolsas de ferro intravenosas, eu só fiz essa cirurgia porque achei que matariam a garota. Mas em condições normais, ela nunca poderia ser operada. Está desnutrida e com a saúde frágil.
-Porra, mais essa agora... Diga isso tudo a Charles e veremos o que ele vai decidir.
-Está bem, deixe a menina comer, mas apenas líquidos ou mingau, purê, coisas que ela não precise mastigar. Muita água e muito alimento rico em ferro, vai por mim, ela vai precisar.
-Está bem. Obrigado doutor.
Peço para as cozinheiras prepararem alguma coisa dentro dos limites que o doutor impôs e levarem ao andar de cima para Lucy, não sei de verdade o que Charles vai decidir. Ele nunca vai colocar as necessidades da garota acima do dinheiro, ou vai matá-la, ou vendê-la doente e entregue a própria sorte.
Ao invés de voltar para o quarto da menina eu decido ir até a varanda da casa, tomo a liberdade de acender um dos charutos caros de Charles, sei que ele não se importaria. Olho para a nevasca se formando e a fumaça do charuto aceso se misturando a névoa fria e cinzenta. Que inferno! Estou tão envolvido nessa história, tão envolvido com essa garota... Eu não queria de verdade que ela morresse, mas que leiloeiro compraria uma esposa doente? No meu relógio de pulso está marcando 22:44pm, será mais uma longa noite de sono interrompido.
-Sim? -Atendo o telefone no primeiro toque.
-Me encontre na sala de estar. -Charles diz e desliga.
Pelo tom de voz, sei que Charles já recebeu as instruções de Pavlovic quanto a menina. Ele certamente está furioso, mas o que tenho a ver com isso?
Atravesso os cômodos em direção a sala de estar. O cômodo é gigante, mas aconchegante, os sofás são de veludo carmesim, com uma manta felpuda branca jogada sobre alguns deles, no centro da sala uma mesa de vidro em estilo mini adega, a lareira é de pedras claras assim como a do saguão. Acima da cornija de madeira escura, uma tv grande e tecnológica. Um tapete persa escuro decora a maior parte do ambiente.
-Pavlovic falou com você, certo? -Charles diz assim que entro no cômodo.
-Sim.
-Sabe que não vou custear nenhum tratamento para aquela garota, não é?
-Eu tinha certeza disso.
-Infelizmente nós vamos executá-la. Não tem outra opção.
-Está certo de que nenhum leiloeiro gostaria de comprá-la mesmo assim?
-Ernest conseguiu apenas 3 compradores. Duvido que algum deles queira uma esposa doente.
-E o senhor não prefere verificar antes? Afinal, é sangue inocente.
-Vou mandar Ernest ligar para eles imediatamente, mas já aviso que se não houver leiloeiro, você mesmo ficará responsável em executar a putinha. Estou farto desse seu desespero em manter a garota viva.
-Desculpe Capo, eu prometi a Lucy que tentaria ajudá-la. Não é pessoal.
-Talvez seja pessoal, mas isso não é da minha conta. -Charles pega o celular e digita alguma coisa, alguns segundos depois uma notificação chega em resposta. -Ernest já está entrando em contato com os rapazes. Em breve teremos um veredito.
Aguardo na sala junto a Charles por poucos minutos que pareceram intermináveis, logo saberemos se a menina continuará ou não viva. Que porra, e se eu tiver mesmo que executá-la? Aí sim eu serei um monstro. Um monstro do pior tipo, aquele que dá esperança para a vítima antes de abatê-la...
-Tyler. -Charles chama assim que lê a nova notificação no telefone. -Ainda há um comprador interessado.
-Que bom. Uma boa notícia, por fim.
-Não sei se tão boa. O comprador é o Henry Stanford.
*Henry Stanford*
-Porra, logo ele?
-Você sabe como Henry é, Ty. Pra ele não importa se ela está doente. Nas mãos dele, ela morre de qualquer jeito...
-Isso já tá virando um circo e eu sou o palhaço. Só pode!
-Eu não gostaria de estar na sua situação. -Charles ri. -Agora vou subir e me deitar com minha senhora. É bom começar a se despedir da mocinha. Boa noite.
-Boa noite, Capo.
Eu não poderia estar mais encurralado numa situação do que estou agora. Henry é um desgraçadø, sádico e cruel ele vive comprando mulheres para satisfazer seus desejos sombrios e malucos e depois elas aparecem mortas misteriosamente e nunca se descobre a causa, embora todos saibam platonicamente. Neste momento vem a minha mente as palavras da senhora Harrison, me questionando se farei um lance pela moça... É isso, é o único jeito de mantê-la viva!
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Atualizado até capítulo 110
Comments
teti andrade
Tyler faz esse lance logo e deixa Lucy laçar seu coração kkkkkk
2025-03-22
5
Arlete Fernandes
Sei vc não está preocupado né Tyler me engana que eu gosto e depois me bate e me chama de meu bem! Kkkkkk
2025-03-26
0
Maria Ines Santos Ferreira
coisa chata esse Charles só quer a garota morta, devia dar pra ele
2025-03-31
0