Gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou.
— Machado de Assis.
— QUE EGOÍSTA.
— Egoísta? — Jimin estava confuso com as palavras dela, já que em sua mente ele havia dado o que Mor queria.
— Sim. Você não quer que eu fique com ninguém por conta do contrato, mas tenho certeza que essa regra não se aplica a você — Mor cruzou os braços em frente ao corpo, olhando para ele aborrecida. — Isso é injusto.
— Eu não vou me envolver com ninguém, obviamente se quero que alguém acredite nesse namoro, eu preciso ser... fiel — fez uma careta. — Desculpa, nunca estive em um relacionamento.
— Nunca? — Mor olhou para ele surpresa.
— Nunca. Há não ser alguns namoros que tive durante a infância, tirando isso, eu nunca namorei nem na adolescência. Meu trabalho sempre me manteve bastante ocupado — deu de ombros.
— Com o quê você trabalha?
— Você não sabe? — ergueu uma sobrancelha.
— Eu deveria saber? — revirou os olhos.
— Não, mas... você realmente não sabe?
— Não inferno, da pra falar logo ou vai ficar enrolando?! — bateu as mãos na mesa, chamando atenção indesejável pra si, a mesma se acalmou imediatamente.
— Eu sou um cantor... famoso.
Mor encarou ele por alguns segundos antes de começar a rir histérica. Jimin ficou olhando para os lados, tentando encontrar o motivo de ela estar rindo. Contudo, em algum momento ele se pegou a admirando de uma forma estranha. A garota ficava tanto tempo reclusa em uma bolha de ignorância e sarcasmo que chegava ser impossível saber quais eram suas intenções ou emoções, mas agora ela parecia leve.
Ela limpou as lágrimas inexistentes, parando de rir aos poucos.
— Admito que essa foi realmente boa.
Ele descansa o queixo na mão.
— Mas eu não estou brincando.
— Você não vai me fazer cair nessa, Jimin — abana a mão com desprezo.
— Por que você não acredita em mim?
Ela puxa o lóbulo da orelha, distraída.
— Por que um famoso teria interesse em mim? Meu ego é enorme, mas isso é demais até para a minha imaginação.
— Então você deveria imaginar muito mais alto — ele se ajusta na cadeira, pegando seu celular que estava no bolso da calça, ele escreve algo rápido na tela, mostrando logo em seguida o seu celular para ela.
Mor encarou o celular por vários minutos antes de finalmente ter uma reação pra isso.
— Só pode está de brincadeira com a minha cara — respira fundo, fechando os olhos. — Você é um idiota, Jimin. Sério, a porra de um idiota! — cerra os dentes, tentando não perder a postura, abrindo os olhos em seguida.
— Eu pensei que soubesse!
— Isso tudo é uma grande merda! Não acredito que o grande namoro fake é com uma celebridade — passou as mãos pela testa, inconformada.
— Ei, não é assim tão ruim.
— Eu diria isso se fosse com o Harry Styles, mas como é com você, não sei se vale a pena — morde a unha da mão.
— Eu queria me sentir ofendido, mas até eu ficaria feliz em namorar aquele cara.
Mor está distraída demais para rir da piada do outro.
— Por que diabos você me escolheu pra isso?
Ele encolhe os ombros.
— Eu li sobre você, soube que é uma mulher maravilhosa mas que não se apaixona.
— Agora eu tenho uma página no wikipedia? — indaga, irônica.
Ele revira os olhos.
— Você entendeu o que eu disse — diz. — Esse papel envolve muito contato físico, não quero que uma dessas garotas confundem as coisas e também não quero ter que lidar com alguém insuportável. Não tenho interesse em machucar ninguém.
— Não é como se pudesse evitar isso. As pessoas vivem machucando umas as outras, cedo ou tarde, querendo ou não — Mor bebericou seu champanhe.
— Sim, mas enquanto eu puder evitar isso, eu vou evitar.
— Sim sim, garanhão. Porque além de cantor você também é a porra de um vidente — zombou.
— Tenho muitas qualidades, de fato, mas infelizmente ser vidente não é uma delas. — pisca um olho para Mor. — Enfim, se você tiver alguma dúvida ou quiser cancelar isso, essa é a hora.
— Eu cancelaria se eu já não tivesse dito pra minha irmã mais nova que estamos juntos — sorriu falsamente para Jimin, pegando o contrato de volta e assinando e entregando pra ele em seguida.
— Você é uma cobrinha, hein?
Mor retribuiu a piscadela.
— Tenho que ir, daqui a pouco vou precisar buscar minha filha, porém tenho que passar na casa da minha irmã primeiro — se levantou.
— Poderia me dá uma carona? Meu carro acabou de ser levado pro concerto.
— Claro, vamos lá.
Park se levantou, parecendo ainda mais alto, fazendo Mor se sentir uma criança.
— Não me lembrava de você ser tão pequena, meu deus, aposto que meus pais vão me acusar de pedofilia!
— Acho melhor você calar a boca, tenho certeza que você não quer aparecer no jornal de amanhã por ter sido espancado pela namorada — ameaça, empurrando a porta de vidro do restaurante.
Jimin gargalhou alto, se retirando do estabelecimento. Ambos entraram no carro.
— Você é uma gracinha no volante — Jimin bateu seu ombro com o dela, empurrando-a levemente em direção a porta.
Ela prende a respiração.
— Ai deus, no que eu me meti?
Nesse momento uma música toca, se espalhando pelo carro. Seu rosto fica vermelho quase que de imediato quando ouve que é a música favorita de sua filha.
Park agora olhava para ela com a sobrancelha arqueada.
— Minha filha ama esse cara, eu sempre deixo nessa estação justamente por causa dela — ela aperta as mãos no volante, tentando fingir que não está envergonhada.
— Então quer dizer que sua filha me ama? Uau... já comecei bem — ele estufa o peito.
— O quê? Ah, que merda! — resmunga.
— Vai dizer que não sabia também?
— Agora você quer que eu vire adivinha de tudo?!
Mor bufou irritada, dando partida no carro, enquanto um Jimin se encontrava engasgado com a própria saliva, rindo o trajeto inteiro da face carrancuda da menor que não queria o encarar de jeito nenhum. Apenas com isso Jimin sentiu que havia feito a escolha certa, sabia que ele e Mor poderiam ter uma grande amizade e só isso bastava para que ele desse um jeito na sua carreira e depois pensaria sobre o que faria com os seus pais.
A garota pequena parou no estúdio que ele havia dito a localização, Park saiu triunfante do carro.
— Posta uma foto minha nas suas redes sociais dizendo o quanto você me ama e que sou linda — Mor grita na janela do carro pra ele.
— Por que eu faria isso? — estava confuso.
— Porque sou a sua namorada número um, lindo! Eu amo você, bebê. Depois venho te buscar do trabalho — ela diz alto suficiente para chamar atenção de algumas fãs que estavam do outro lado do portão.
Quando Jimin percebe o que ela fez, ele sai correndo para dentro com suas lunáticas logo atrás. Mor ficou rindo dentro do carro até que também notaram a presença dela e a mesma foi obrigada a se retirar.
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Atualizado até capítulo 37
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