Ciúmes

...Seja pelo que for, o desejo é excruciante. Seja por felicidade, dinheiro, bebida, comida, farra, drogas, sexo e rock n’ roll… Ele te consome quimicamente. Mas parece que quando o desejo é por alguém, ele transcende a química e os pensamentos para despertar os mais intensos sentimentos. Ele inflama uma saudade pungente que não te deixa sorrir naturalmente....

...— Fernanda Pimentel Sá....

Mor POV's

   FESTAS. HOUVE UM TEMPO QUE EU GOSTARIA DE ESTAR EM UMA.

Beber, dançar, beijar desconhecidos e beber mais. Porém eu não era mais uma adolescente de 17 anos, tinha responsabilidades e agora um noivo falso. Sinceramente, não sei o que passou pela minha cabeça em aceitar fazer isso com um desconhecido.

   Era tão... exaustivo. Tentar não fazer as coisas que provavelmente chamaria atenção da mídia, assim como era difícil evitar surtar para não pular em qualquer pessoa enjoada e mesquinha que eu visse me olhando torto. Viver dessa forma é sufocante, ter pessoas vigiando seus passos, embora eu não faça nada mesmo. Já perdi as contas de quantos comentários maldosos já ouvi e tive que me fazer de surda, sem contar a opinião da internet que muita das vezes não são nada inspiradoras.

   Doloroso. Eu aguento. Ou eu acho que aguento, não é fácil, mas é compreensível. Todos esperavam que ele se casasse com uma modelo, alta e bonita, inteligente e carismática. E bom, ainda bem que sou bonita, porque não tenho outra qualidade. Se isso não fosse completamente falso, eu me sentiria terrivelmente mal. Contudo eu estou recebendo dinheiro pra aguentar isso tudo e tenho que admitir que ele paga bem demais e estou satisfeita em poder fazer as vontades da minha filha sem precisar pensar no quanto eu gastei e se sentirei falta no futuro.

   Eu estava encostada em uma parede, bebida em uma mão e a outra atravessando a barriga. Observava o ambiente em que eu me encontrava. Pessoas tremendamente ricas e poderosas. Estava me sentindo um peixinho fora da água, com todo aquele vislumbre de pessoas que se quisesse, limparia a bunda todos os dias com o dinheiro e ainda sim teria mais. Não sei o que estou fazendo aqui, mas a bebida é boa demais, eles conseguiam ser mais exagerados no cardápio com álcool do que minha mãe que era uma verdadeira alcoólatra.

   Virei o copo de uma vez, sentindo o líquido quente queimar a minha garganta. A bebida era doce, mas não forte o suficiente. Eu precisava de algo forte, pelo menos pra aguentar essa noite. Dormir é tão bom, não sei porque aceitei vir com Jimin até aqui, eles vieram ver ele, não essa noiva falsa boboca que não sabe nem interagir com os outros sem ser grossa.

Suspirei, me sentindo triste.

   Minha família está tão feliz com esse noivado, porque acham que eu sosseguei. Fico me perguntando em como eles reagiriam se descobrisse que isso é uma farsa? Talvez não quisessem mais me olhar? Se bem que isso não seria uma ideia tão ruim.

   Andei até o bar e pedi algo mais forte, me virei de lado, esperando a minha bebida, foi quando sentir um braço se chocar com o meu corpo. Poderia ter sido um tombo acidental, mas eu sei que foi proposital, não seria a primeira vez que faziam isso. Tinha espaço suficiente para ela passar. Mas claro que ela fez isso. Era doentio a forma que as mulheres, em todas as festas, queriam discutir comigo por causa daquele homem. Era como se o mundo girasse entorno dele, geralmente eu ignorava elas e voltava a beber. Hoje eu não estou com paciência para tolerar isso.

— Só podem tá de brincadeira... — respiro fundo na esperança de que isso faça passar a minha raiva.

— Oh, me desculpa, eu realmente não vi você... aí — Fez cara de nojo, era óbvio que ela tinha me visto alí.

   Magnífica. A única palavra que eu poderia ter descrevido aquela mulher se eu a tivesse visto de longe na festa, mas depois de presenciar isso, ela se tornou a mulher mais horrível que já vi na vida.

Respirei fundo novamente. Eu não posso perder a paciência. Maldita hora que aceitei isso!

— Vá se foder — mostrei o meu melhor sorriso para ela, a mesma me olhou espantada, mas não disse nada. Virou-se, logo indo embora, rebolando em seu vestido vermelho brilhante, os cabelos loiros e longos batendo em sua bunda avantajada.

   Enquanto eu a observava andar só conseguir pensar em como deveria ser horrível se interessar pelo mesmo cara que ela. Não é preciso de muito esforço pra racionalizar que qualquer homem beijaria os seus pés. Embora eu não seja um cara, se ela não tivesse me tratado assim, com certeza eu estaria na fila.

   É difícil odiar mulheres bonitas quando se é bissexual.

...[...]...

   Minutos, talvez horas tenha se passado desde que tombrei com aquela loira alta e exageradamente bonita. Eu estou bêbada, estressada e com tesão. Eu não sei onde Jimin estar e eu sei que era para eu ter ficado ao lado dele, mas eu não consigo. É tão difícil demostrar sentimentos, mesmo que sejam falsos. A gente quase não conversa, só sei que temos intimidade ao ponto de ele não ligar mais para os meus insultos.

   Parece que de alguma forma, a gente vive afastando o outro sem perceber e isso é tão estranho, porque moramos na mesma casa, comemos da mesma comida e às vezes compartilhamos o mesmo sofá quando ambos adormece vendo um filme. E mesmo assim, a gente não conseguia ser totalmente sinceros um com o outro, sempre vai a ver uma barreira invisível entre nós.

   Saio do bar, meia tonta, mas ainda consigo me equilibrar nesses saltos de merda. Foi difícil tentar não me esbarrar com as pessoas, porém eu conseguir e pela cena que eu vi, preferia não ter conseguido, acho. Não sei decifrar o que sentir, porém é doloroso, vindo com uma súbita vontade de chorar.

Eu estou bêbada e sentimental.

— Mas que merda — resmunguei. — Isso aqui não é uma festa, me chamaram para um circo e pelo visto a palhaça sou eu — esfrego a palma da mão no rosto, dando leves batidinhas em seguida.

   Ao longe pude avistar Jimin, sentado em um sofá, super relaxado, os braços em cima da cabeça, as pernas separadas, deixando bem a mostra aqueles belos par de coxa, grossas e bem torneadas. E bem, na frente dele estava a loira de mais cedo... com a mão na sua coxa, mas ela continuava subindo com mesma, o provocando...

   Eu acho que já vi mais que o suficiente por uma noite.

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