Internet

A internet é o unico lugar do mundo que poetas mortos continuam fazendo frases.

— Desconhecido.

— NÃO PRECISA ME DIZER, ACABEI DE VER NA INTERNET — Amanda, irmã de Mor, avisa no momento que a mesma atravessou para dentro de sua casa.

Amanda é a irmã mais velha. E, era a única que Mor amava de verdade, apesar que na maioria das vezes em que se encontravam, as duas brigavam. Amanda também era a única da família que gostava de ter cabelos longos, era realmente de dá inveja. Sempre foi a mais bonita e zelosa entre as três, embora não seja a mais inteligente. Sem contar que as duas eram quase do mesmo tamanho, então ambas entendia o que a outra passava quando se tratava de piadinhas sobre a altura.

— Não sei do que você está falando — se jogou no sofá, ao lado da mais velha que olhava para a tela do notebook.

— Do seu namoro ou qualquer outra coisa que isso seja — fez uma careta. — Você estar em toda internet, pra falar a verdade. Tá um saco entrar em alguns site e ter que me deparar com a sua cara.

Mor choramingou. Era justamente isso que ela não queria que acontecesse. Ela não queria nem ver o que as pessoas falavam dela na internet, muito menos imaginar as fotos que eles deviam estar usando para isso.

— "Nosso talentoso e brilhante cantor, Park Jimin, apareceu hoje com uma jovem ainda desconhecida, em um restaurante famoso..."

— Já entendi, Amanda! - Mor fechou o notebook. — Você não parece surpresa com isso.

— Eu sempre imaginei que uma hora ou outra você apareceria namorando uma celebridade, sabendo do seu histórico infinito de homens — deu de ombros. — Você é uma piranha, sabia disso?

Mor revirou os olhos.

— Por que todo mundo pensa isso de mim?

— Talvez o seu "espírito" de mulher independente tenha ido longe demais — Amanda se levantou, botando o notebook de lado.

— Não vejo mal nenhum em ser uma mulher solteira e querer se divertir... — resmungou.

— Aí é que está o problema, Mor! Eu te conheço, apesar de você ser uma puta, tenho certeza que você não tem saido trepando por aí igual coelho só por prazer, você quer sentir algo — A mais velha levantou os braços pra cima, se alongando. — Embora se for verdade o que dizem sobre as mulheres, você já deve ter um buraco negro entre as pernas.

— Ei! — Mor riu, jogando um travesseiro nela. — Mas também não é assim, sempre me envolvi com pessoas específicas, não com várias e sempre uso proteção.

— Eu sei, porém não é isso que os outros pensam — suspirou.

Mor estava preparada para dizer algo, quando seu celular tocou.

Atendeu:

— Olá, bombom — Park cumprimentou-a sedutoramente.

— "bombom"? Que tipo de merda você tá fumando?

— Ah, sempre tão fofa e agradável...

— Diga logo o que você quer, Jimin, estou no meio de um debate aqui — Amanda arqueou a sobrancelha para Mor.

— Calma, ratinha. Só vir lhe lembrar que você pode levar suas coisas amanhã pra minha casa.

Mor soltou uma risadinha.

— Essa sua piada foi muito ruim, só tô rindo por consideração.

— Mas não foi piada.

— Eu não me lembro de ter lido sobre ir na sua casa! — a boca da menor se abriu em um O perfeito.

Ir morar com ele seria brincar com fogo e ela já havia se queimado o suficiente por uma vida inteira, sabia que no momento que terminassem as coisas só ficariam pior, sua vida se tornaria pública sem o seu consentimento, gostando ou não. Só não sabia dizer como se sentia sobre isso, mas até agora a sensação não tem sido boa.

— Problema seu — desligou.

— Mas que filha da puta! — se levantou, virando-se pro sofá e chutando-o.

— Se quer destruir algo, vá para sua casa — a mais velha deu um tapa na cabeça da outra.

— Aí!

— Eu sei que não sou a mais inteligente da família, mas você é adulta, tem tudo, menos vergonha na cara. Parece que você soca a noção no cu — reclamou.

— Por que você tá falando assim comigo? — choramingou, com a mão na cabeça, se sentando no sofá.

— Porque ele é famoso, imagina se você trata ele da forma que tratou agora no meio das câmeras? As fãs dele vão encima de você, sua idiota! — outro tapa.

— Mas eu fui fofa com ele — se afastou da outra.

— Ai ai, sinceramente estou ansiosa pra descobrir de que forma você vai destruir o psicológico do coitado.

Amanda saiu da sala, indo para o quarto, deixando uma Mor pensativa. De fato ela tinha um histórico grande de namoros fracassados com homens que precisavam urgentemente de um terapeuta, contudo eles já precisavam de um muito antes de conhecer ela, então sua consciência sobre ter estragado a vida de alguém estava tranquila. Mor seguiu em direção ao cômodo que sua irmã estava, jogando-se na cama dela enquanto a outra trocava de roupa.

— Você sempre foi tão sábia assim? — brinca com o anel do seu dedo indicador.

— Eu não fiz nada, só te xinguei e te chamei de puta — Amanda estava se olhando no espelho enquanto experimentava um vestido vermelho.

— Acho que puta já é um xingamento.

— Não para você — diz, virando-se de costa para o espelho vendo como era atrás. — Que tal esse? Gostou?

— Você vai pra onde?

— Em um encontro com o meu namorado — respondeu, escondendo um pouco a animação.

— Vista um preto e mais curto — Mor apontou para o guarda roupa, onde viu uma peça minúscula pendurada no cabide.

Amanda a encarou como se ela fosse tapada.

— Encontro, Mor. Não balada ou algum tipo de puteiro — ela se volta pro espelho.

— Há quanto tempo você não transa, hein? — a menor zoa ela.

— Haha engraçadinha.

Mor riu, tentando não pensar no que faria mais tarde e esquecendo-se de toda reviravolta que sua vida havia dado durante esses dias, só esperava que isso não se voltasse contra ela no futuro.

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