Como imã

Sentido muito incómodo ao começar a soluçar, sentei-me envergonhada em uma das mesas da calçada fora da sorveteria. O meu amigo sacana já não achava mais engraçado, por não conseguir falar, ele entrou rapidinho para comprar algo que pudesse aliviar meu estado.

Por estar cabisbaixa, não percebi quando alguém parou ao meu lado

— Toma um pouco disso, e vai te ajudar a melhorar, antes mesmo que o seu amigo solte.

Levantei a cabeça, mais já sabia quem era, aquele timbre de voz ficara gravado no lugar acessível da memória, e nem fazia tanto tempo assim que avia estado com ele.

Levantei a mão para aceitar o milk-shake que me oferecia, e agradeci com um menear de cabeça.

Dessa vez nem me perguntei o que ele fazia ali, a presença não mais incomodava, e se aquela bebida gelada ajudasse mesmo a parar aqueles soluços terríveis, estaria grata novamente ao meu salvador.

— Uau! — conseguir falar sem um único espasmo, nem precisou tomar muito, já sentir os meus fluxos voltar ao normal rápido, parecia ter sido retirado com a mão. — Obrigada, você novamente me salvou! — sorri.

— Não foi nada... e antes que pergunte. Não estou te seguindo, vi o que aconteceu, eu estava ali ao lado esperando o meu pedido no food truck chinês.

Ele não precisaria se explicar, apontei uma das cadeiras para ele sentar, dizendo divertida:

— Sei... isso explica essa bebida...

lancei um olhar fingido está desconfiada

— Fiquei preocupado, e vim pegar algo para você...sabia que pessoas morrem com soluços tão intenso e repetitivos?

Sim, já ouvira falar a respeito, afirmei

— Relaxa! Estou zoando mais...– olhei para o copo de relance — … aqui não tem só o milk-shake não é?

Por mais gostoso que fosse a bebida de creme de leite gelada, não agiria como mágica, lembrava bem do tal elixir que ele dizia carregar para todo lugar. Aquilo fez-me perceber que não sabia onde avia enfiado o meu, e caso estivesse comigo também não lembraria de usar, ao menos agora sabia funcionar para alguma coisa, era realmente útil.

— Não, não tem...

disse com um leve formar de sorriso dos lábios bonito, confirmando.

— Ah! Já está bem?

Lian voltou trazendo um copo de leite numa mão e na outra sorvetes, pareceu desapontado por me ver conversando tão espontânea com o homem, estendeu o sorvete oferecendo. — Ainda vai querer?

Balançando a cabeça assenti está bem, também aceitei o sorvete de cupuacu com pedaços de chocolates, e os apresentei.

O Edhward e o Lian se cumprimentaram com aperto de mãos firmes

— Parece-me ser engraçado a forma como estão sempre nos mesmos lugares, parece a ver um imã que os atrai. — Lian diz parecendo não está a vontade com a outra presença masculina.

A forma que foi dita, pareceu‐me deixar um clima desagradável no ar.

— Te garanto que não sou um maníaco psicopata que está seguindo sua amiga! — o homem de traços tropicais passou a mão nos cabelos soltos, os levando para o outro lado, deixando óbvio ter se incomodado com a ideia de perseguição.

Com o olhar rápido vi a tatuagem bem discreta perto da nuca, ri em pensamento, lembrava de ter sonhado com ela.

— Lian! — ralhei com ele, por esta sendo tão desconfiado.

— Tá, mais isso é estranho, você não acha? — insistia

No começo sim, mais agora estava grata por ter um anjo da guarda, e ele não parecia ser um louco que quisesse me fazer mal, caso contrario já teria feito e nunca ninguém saberia. Confiava no homem e ele era bem vindo ao meu círculo de amizade.

— Tenho que te agradecer, – disse para mostrar que pensava ao contrário do Lian —Edhward, gostaria de combinar algo comigo? Um jantar... — lembro não saber cozinhar, então era bom deixar claro que não seria em casa, falei de repente— Podemos pedir comida chinesa — olhei para o amigo Lian — Ele cozinha e faz entregas, também pode ser um passeio... sei lá qualquer coisa.

— Adoraria, se não aver discórdia entre vocês.

— Como assim? — olhei para meu amigo chinês que desviara o olhar, mostrando que não gostava da ideia — Não se preocupe, não haverá!

— Você gosta de fazer trilhas?

— Am...— fiquei um pouco confusa, nuca avia feito.

— Você disse qualquer coisa! — o homem lembrou

— Será um prazer, Edhward! – estava gostando do som daquele nome na minha voz.

Não me atrevi olhar para o chinês, mais sentir o olhar dele fixar em mim por um longo tempo, ele tinha razão de não entender, pouco atrás eu avia rejeitado seu convite, mais agora era diferente, avia dito qualquer coisa, e eram outras circunstâncias... precisava agradecer ao rapaz.

Voltei o olhar para ele com um meio sorriso sem graça como pedido de desculpas

— Combinados então, passo na sua casa para te pegar as 5 da manhã, ok!

Assenti, ele despediu-se, o que foi um alívio, não tinha clima ficar os três juntos.

— Ótimo! Trilha né?

Lian bufou, virando o copo de leite na boca e o bebeu num único gole.

Que bom que no copo só tinha leite. pensei percebendo que o clima da ideia de passeio agradável ali, avia acabado.

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