Quente ou frio?

Estava sentada à meia hora no bar, conversando pouco entre um. drink e outro. Lian notara minha quietude, lembrava ‐me da conversa com a Jessi, estava puta da vida com ela. Então ele tentou me animar, levantando com sua garrafa de cerveja estendeu a mão para mim, que segurei meio xoxa.

— Vamos dar uma volta!

O segui

Caminhamos de mãos dadas pela avenida principal já movimentada, ele ia apontado as coisas e falando sobre os lugares, os pontos históricos, e seu lugar favorito. Estava ainda desligada e me esforcei para dar lhe atenção.

Já estava até familiarizada com o lugar, de tanto ele detalhar a cidade. passei admirada pela praça cheia de barracas e mini restaurantes sobre rodas, as ruas muito bem iluminada e colorida, sorria encantada, sentia esta no verdadeiro paraíso.

— Gosta de fazer trilhas? – ele perguntou de repente, após passar por um pequeno grupo de músicos artistas que tocava e dançavam lambada.

— Acho que não! Na verdade nunca fiz! — disse sem mostrar qualquer interesse, minha atenção estava agora no trio de jovens se equilibrando em uma corda bamba. Um pouco mais a frente outros praticavam skate com suas manobras soltas no ar, nunca avia visto tanta gente reunida no mesmo lugar, cada grupo curtia sua vibe, e olha que vinha de uma cidade maior.

— Então que tal um acarajé bem baiano? — diz a parar em frente a uma pequena barraca — Um acarajé quente por favor — ele pediu a senhora com roupa branca que veio atender imediatamente.

— Obrigada! — digo para a senhora quando acaba de preparar entregando o pedido, ela me olha esperando pelo meu pedido, — E você vai nessa? — diz dando uma grande mordida saboreando. Ele mastigava com muito gosto comendo rápido, " Hummm, isso parece gostoso" pensei babando.

Balanço a cabeça que sim, antes da vendedora começar rechear o prato ela indaga:

— Prefere quente ou frio?

Sorrir

— Quente, bem quentinho, claro!

Lian também sorriu franzindo a sombracelhas grossas e curtas. Pensei que iria me dizer algo, mais ele estava com a boca cheia demais.

— Aqui está moça!

Mordi com gosto, mastiguando, antes que sentisse o verdadeiro sabor do alimento, gemi, cuspindo fora o bocado, minha boca toda entrara num estado de dormência, tinha a certeza se eu iria cuspir chamas flamejante. olhei em agonia para meu amigo que me olhava confuso.

— Não estou sentindo minha lingua a boca esta pegando fogo! — falei embolado com a língua para fora tentando aliviar o ardor, assoprava sem parar quase babando como cachorro raivoso.

— Você pediu bem quente,… Coloquei bastante pimenta! — vendedora baiana tentou se desculpar, percebendo que à turista nunca comerá aquilo.

— A culpa não é da senhora, fique tranquila! — o meu amigo acalmou‐a. Estendeu ‐me a sua bebida para aliviar as caretas, bebi todo o líquido gelado, o que não adiantou muita coisa, a pimenta era das brabas.

— Eu, não pedir com pimenta! Essa é das piores do mundo, odeio pimenta! — tentei limpar a língua com o papel toalha que a senhora entregou-me preo culpada. — Qual foi? — não via a graça, mais Lian estava segurando o riso, notei na sua expressão os olhos pequeninos brilhando descontraídos. Ele estava divertindo‐se com a miséria.

— Acreditei que já avia comido antes! Desculpe! Quente quer dizer apimentado, no seu caso você pediu super quentinho...

— Não fazia ideia! Te vi comer com tanto gosto, jamais imaginei tanta pimenta. Que horror. Quer me traumatizar?

Descartei o resto fora e caminhei de volta para o bar, deixando Lian para trás, precisava de algo mais forte que a pimenta para aliviar o gosto.

— Vamos à sorveteira! Com certeza eles têm leite lá!– diz me acompanhando com seu passos curtos e rápido.

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